Rui Borges, treinador de 44 anos, assumiu o comando técnico do Sporting há precisamente um ano - Foto: IMAGO
Rui Borges, treinador de 44 anos, assumiu o comando técnico do Sporting há precisamente um ano - Foto: IMAGO

Sporting: Rui Borges 365 dias depois

Após ter recebido a melhor prenda de Natal, treinador conquistou dois títulos históricos no reino do leão. Convenceu jogadores, adeptos e alcançou a renovação

A 26 de dezembro de 2024, no Auditório Artur Agostinho, no Estádio José Alvalade, que Rui Borges, tal como A BOLA noticiara em primeira mão, era oficializado como treinador do Sporting, o terceiro técnico que orientava a equipa depois de Ruben Amorim e João Pereira, o melhor «presente de Natal» que podia ter recebido, revelou na altura. Uma decisão que surgiu no encadeamento de vários episódios: o Manchester United perdeu na visita ao West Ham, em 27 de outubro de 2024, Ten Hag foi demitido, Ruben Amorim foi confrontado com a escolha da vida a nível de treinador e João Pereira não conseguiu segurar os resultados… e se nada disto tivesse acontecido? Ninguém sabe.

Certo é que 365 depois chegamos a estas linhas, nas quais se pretende relatar o que Rui Borges conseguiu de leão ao peito. A dificuldade inicial que teve pela frente foi gigante. Pegou numa equipa destroçada a nível anímico, teve, num curto espaço de tempo, de jogar duas vezes contra o Benfica, uma com o FC Porto e ainda foi defrontar o Vitória a Guimarães (a casa que tinha deixado para assumir o projeto do Sporting), ao que se acrescenta uma anormal quantidade de lesões que assolou o plantel (por exemplo, Nuno Santos ainda não se treinou com Rui Borges), uma tempestade que conseguiu cingir a um… copo de água.

Conseguiu terminar a época invicto nas competições nacionais, sagrou-se campeão nacional e não só cumpriu o sonho de subir a escadaria do Jamor como levantou a Taça de Portugal, dando ao Sporting a dobradinha, algo que não se vivia em Alvalade há 23 anos.

Gyokeres e novo sistema

A época 2025/2026 tem total cunho de Rui Borges. Desde o trabalho de pré-época, passando pela construção do plantel — com o fantasma de Gyokeres a pairar depois da saída do sueco para o Arsenal — à implementação do novo sistema de jogo, que tanta controvérsia gerou, mas que o treinador nunca abandonou. Acima de tudo, pretendia uma equipa que fosse mais capaz em ataque continuado, que tivesse maior variabilidade ofensiva, mas que, também, no capítulo defensivo, pudesse defender mais alto no terreno, procurando pressão elevada no portador da bola.

O tempo, ou melhor, os jogos e o entrosamento/adaptação dos jogadores aos 4x2x3x1, deram-lhe razão. O balanço tem sido positivo. Vejamos: esta época foi a primeira vez que os verdes e brancos venceram três jogos em casa para a Liga dos Campeões (Kairat, Marselha e Club Brugge); melhor registo de golos em casa desde 1973 (23 golos marcados); terceira melhor média de golos dos principais campeonatos europeus (3,6 por jogo); em jogos da Liga soma 17 jogos sem derrotas fora de portas, superando recorde do argentino Alejandro Scopelli (1956); no século XXI é o treinador do Sporting com menor percentagem de derrotas (11,3); comparativamente à época passada na era Rui Borges, o Sporting tem média de golos marcados superior (2,54 – 1,97) e, em menor número de jogos, já superou os golos registados na época transata (61 golos em 24 jogos e 57 golos em 29 jogos — 2024/2025) e nos golos sofridos, também em comparação aos registos do ano anterior, já com Rui Borges no comando, a equipa leonina sofre menos golos (0,79 por jogo – 0,90).

A lógica do número 37
Em 55 jogos no comando técnico dos leões, precisamente faz hoje um ano, Rui Borges regista 37 vitórias, 11 empates e sete derrotas, tendo sido marcados 121 golos e sofridos 48.

De negativo, o treinador assumiu publicamente que o jogo com o SC Braga, referente à 4.ª jornada, em Alvalade, que terminou empatado a um golo (com os leões a sofrerem um penálti aos 90+7’) foi o pior em termos exibicionais desde que assumiu o cargo.

Ascensão e prémios

Em sete anos a ascensão de Rui Borges tem sido surpreendente: Mirandela, Académico de Viseu, Académica, Nacional, Vilafranquense, Mafra, Moreirense, V. Guimarães e Sporting. Por todos os clubes por onde passou foi-lhe reconhecido mérito, atribuídas distinções e entregues vários prémios. De há um ano a esta parte, o treinador tem sido agraciado com vários prémios no universo leonino e, no passado dia 15, foi distinguido com o mais prestigiado, um Stromp, na categoria treinador do ano, numa cerimónia em que brilhou ao lado da mulher Ana Luísa, namorada desde o secundário, com quem é casado há 24 anos, um dos pilares, a par do filho Mário, que é jogador do Alpendorada.

«Uma honra fazer parte destes prémios, acredito perpetuar valores do Sporting e destes anos todos. Este prémio não é meu é destes rapazes que estão aqui e outros tantos, é da equipa. Fazem de mim melhor treinador todos os dias. Fazem-nos evoluir a nós e se estou a receber este prémio é culpa deles», afirmou, na cerimónia.

Frases Marcantes

Quando faltar a inspiração que nao falte a atitude

Frase que utilizou no discurso de apresentação e foi usada como lema, até serviu para decorar o balneário.

Se não ganhámos é porque há algo melhor guardado para nós

Afirmou depois da derrota com o Benfica na final da Taça Liga (6-7 no desempate por penáltis após 1-1 no tempo regulamentar)

O Ruben marcou uma era no Sporting, não fugimos a isso. Sou um fã do Ruben, mas não vai voltar…

Afirmação revelada num documentário do clube aquando das primeiras vezes que se dirigiu os jogadores

Os campeões não aumentam, não questionam, porque estão ocupados a ser melhores. É esse o slogan que quero para esta época

Após vitória com o Casa Pia (2-0).

Sou o homem certo na missão. Quero ficar na história do Sporting. Sinto-me realizado e feliz

Afirmação na sequência do anúncio de recandidatura de Frederico Varandas.