Os primeiros reforços de inverno
Durante a pré-temporada, os treinos e os jogos amigáveis permitem aos treinadores avaliar o desempenho individual e coletivo, mas é num contexto competitivo que as fragilidades coletivas ficam mais evidentes.
Os primeiros jogos oficiais normalmente revelam padrões de jogo, lacunas táticas e desequilíbrios nas posições que, muitas vezes, não eram visíveis em treino ou jogos de preparação. Uma defesa pode mostrar dificuldades frente a adversários com maior aceleração ou com equipas de transição rápida ou o meio-campo pode ter problemas na transição entre defesa e ataque. Estes sinais tornam-se fundamentais para orientar decisões estratégicas, seja na adaptação de esquemas táticos, seja na necessidade de reforços durante o mercado de transferências.
Por outro lado, no decorrer da época e com o acumular de jogos, há lesões e jogadores que não correm ou jogam aquilo que o treinador esperava deles. Só com o decorrer da época é possível identificar com clareza onde a equipa precisa de reforços e onde é possível otimizar a performance coletiva, garantindo que as soluções adotadas correspondam às exigências reais do campeonato e restantes competições.
O mercado de reforços de inverno no futebol só abre no início de janeiro, mas há quem pense numa fase zero dessa janela de oportunidade para melhorar a equipa: o regresso dos lesionados. Nessa base, vou elaborar o meu top-10 de reforços de inverno com esse critério: jogadores praticamente recuperados e que perderam a maioria ou a totalidade dos jogos da primeira metade da época.
Este ranking de jogadores que regressam de lesão é baseado em diversos fatores como o nível do jogador e a sua importância para o clube, sendo que tem de haver uma probabilidade real de impacto após o regresso.
1.º Debast (Sporting).
A recuperar de lesão desde o final de outubro, está neste momento perto do regresso. Será uma grande ajuda para a equipa de Rui Borges, já que não pode contar com Diomande nas próximas semanas, por estar presente na CAN.
2.º Manu (Benfica).
O médio já teve alguns minutos de jogo, mais de 10 meses depois de ter sido submetido a cirurgia de reparação do ligamento cruzado anterior e pode ser um reforço de peso para José Mourinho. Contratado para ser um elemento importante do meio-campo do Benfica, pode provar agora que tem um futuro brilhante.
3.º Daniel Bragança (Sporting).
Em fevereiro de 2025 teve uma rotura total do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo, sendo que já tinha tido a mesma lesão no joelho direito, em 2022. Após um processo exigente de fisioterapia e reintegração aos padrões normais de movimento, está de regresso para confirmar o seu talento em campo.
4.º Gustavo Silva (Vitória Sport Clube).
O extremo brasileiro era um dos indiscutíveis do Vitória, uma vez que foi titular nos seis primeiros jogos da Liga. Lesionou-se no dérbi do Minho. Foi submetido a uma intervenção cirúrgica e iniciou um processo de recuperação longo, estando previsto estar pronto para jogar no início de 2026. Será importante para ajudar o Vitória a aproximar-se dos lugares europeus.
O extremo foi operado ao joelho direito quando estava ainda no Dallas, no final da época passada. Contratado para dar velocidade aos alverquenses, procura ainda regressar à melhor forma física.
Finalmente, o Benfica tem um lateral direito que pegou de estaca, mas Bah assim que estiver apto conseguirá ser um possível substituto à altura. No dia 8 de fevereiro de 2025, sofreu uma rotura do ligamento cruzado anterior, no mesmo jogo que o seu companheiro Manu Silva. Após a lesão, iniciou um longo processo de recuperação e regressa no início de 2026. O dinamarquês traz equilíbrio defensivo e largura ofensiva, algo essencial no modelo dos encarnados.
O médio conquistou a titularidade no final da primeira volta da época 2024/2025 e manteve esse estatuto até contrair uma lesão ligamentar no joelho direito, da qual ainda recupera. Pode ser um excelente reforço para a segunda metade do campeonato.
8.º Mateo Flores (Arouca).
O médio está lesionado e fora da competição desde o início da época devido a uma lesão meniscal e estará apto para voltar a jogar em breve. É um jogador de equilíbrio com boa leitura de jogo e será um elemento importante para o Arouca garantir a manutenção na liga portuguesa.
9.º Nuno Santos (Sporting).
Depois de mais de 400 dias após a rotura do tendão rotuliano do joelho direito, o esquerdino continua em recuperação. Apesar da ausência prolongada, tem hipóteses reais de voltar a jogar no Sporting e ser opção ao longo da segunda metade da época.
10.º Jónatas Noro (SC Braga).
O defesa-central português sofreu uma rotura total do tendão de Aquiles direito ainda no decorrer da época passada, numa altura em que estava a ser chamado várias vezes aos trabalhos da equipa principal, pela qual chegou a jogar para o campeonato e taças. Continua a ser uma promessa do futebol português e estará em breve a jogar.
Há outros jogadores que poderão ser considerados reforços, mas apenas para a próxima época. Casos como Luuk de Jong, Bruma ou Vasco Sousa têm uma recuperação longa pela frente e não devem jogar mais esta temporada. Um jogador em processo de recuperação deve ser lembrado. Sem minutos de jogo, o jogador acaba por desaparecer do radar emocional do adepto, mesmo continuando a fazer parte da equipa, mas acredito que todas as equipas técnicas percebem a importância do lado silencioso da recuperação de lesão e da importância que estes jogadores ainda podem ter nas suas equipas.