Se é para ser assim, têm de distribuir comprimidos (crónica)
Confesso que no passado o jeito não era muito, mas certo é que na atualidade a idade (e especialmente a condição física...) já não me permitiria ser jogador de futebol. Mas, coisas da vida, sou jornalista. E tenho a felicidade de fazer o que mais gosto: trabalhar num diário desportivo, ainda para mais da magnitude de A BOLA. Mas não se pode falar em trabalho (ou em obrigações profissionais) quando temos o gosto de assistir a partidas desta qualidade e delas sermos os olhos dos leitores.
Após o preâmbulo, vamos... à bola. Que jogatana! Houve de tudo. Intensidade nos limites, parada e resposta constante, oportunidades em catadupa, golos e emoção a rodos. E num relvado a meio gás...
Estrategicamente, o Estoril assumiu, numa fase inicial, as despesas do encontro, mas as aproximações à baliza contrária - quase sempre através de remates de meia distância - raramente incomodaram Bernardo Fontes. Por esta altura, o Tondela tentava estar organizado no terreno de jogo e explorar, sempre que possível, as transições. Já depois de Kévin Boma (13'), André Lacximicant (19') e João Carvalho (21') tentarem a sua sorte, Miro introduziu mesmo a bola na baliza dos canarinhos (24'), mas o ponta de lança dos auriverdes estava em posição irregular e o lance foi (bem) invalidado.
João Carvalho fez brilhar Bernardo Fontes (36') e Bebeto tirou tinta à barra (38'). Era uma pena ainda não haver golos...
Mas apareceram e em força. Ainda antes do descanso, André Lacximicant fugiu pela direita, deixou Brayan Medina pelo caminho e o ofereceu a felicidade a Yanis Begraoui, que agradeceu. Pedro Maranhão e Maviram ainda tentaram o empate, sem sucesso.
Na etapa complementar manteve-se o espetáculo, mas houve (ainda) mais Tondela. E Tiago Manso fez o 1-1, na conversão de um penálti a castigar falta de Kévin Boma sobre Brayan Medina.
Mas o melhor ainda estava por vir. Xabi Huarte atirou à barra e, já nos descontos, Ivan Cavaleiro (em estreia absoluta pelos tondelenses) encostou para o 2-1, na recarga a um remate de Yefrei Rodríguez ao poste.
No lance seguinte, Rafik Guitane acreditou e resgatou um ponto para o emblema da Linha.
Todos agradecemos a jogatana, mas se é para ser assim têm de distribuir daqueles comprimidos que se colocam debaixo da língua...
Reação dos treinadores:
Ivo Vieira (Tondela):
Julgo que a nossa equipa trabalhou muito, os jogadores entregaram-se ao jogo e merecíamos mais do que um ponto. Defrontámos uma equipa difícil, mas os jogadores perceberam o plano de jogo. Infelizmente, já na compensação, sofremos um golo de saída de bola, algo que não deveria acontecer. Mas o resultado acabou por ser este e temos de aceitá-lo. O caminho é fazer sempre melhor do que temos feito e potenciar ainda mais os jogadores. Hoje tivemos um grande apoio à equipa e quero agradecer, em nome do grupo, a todos os nossos adeptos. Ajudaram a que tivéssemos virado para 2-1, mas, infelizmente, acabámos por sofrer o empate. Mas é óbvio que jogar em casa é muito melhor. Disse aos jogadores para continuarem a acreditar, eles seguem o processo e vamos ser felizes no futuro. Relvado? É verdade que não estando no melhor estado não beneficia equipa nenhuma nem o futebol, mas já vi jogos com relvados idênticos ou até piores. Uma palavra para quem trabalhou para que este jogo pudesse ser em nossa casa.
Ian Cathro (Estoril):
«Não gosto de falar de justiça, isso não é para mim. Sinto que tivemos êxito, mesmo sem ganhar o jogo, porque fazer 90 minutos neste relvado e não termos nenhuma lesão é um grande sucesso. Se vamos permitir jogos da Liga num relvado assim, vamos ter jogos com muitos erros técnicos. Hoje parecia um jogo de futebol escocês. Não percebo como é que este jogo foi disputado neste relvado. E também percebi na reunião que eles vão agora trocar o relvado. Sem entrar em questões políticas, se fosse contra outra equipa qualquer não sei se o jogo ia acontecer neste estádio. Vou ser muito claro, se fosse com o FC Porto, com o Sporting ou com o Benfica o jogo não era aqui.
As notas dos jogadores do Tondela:
Bernardo Fontes (6), Bebeto (6), Christian Marques (5), Brayan Medina (5), Maviram (6), Juan Rodríguez (7), Yaya Sithole (6), Tiago Manso (7), Yarlen (6), Pedro Maranhão (6), Miro (5), Ivan Cavaleiro (7), Yefrei Rodríguez (6), Xabi Huarte (6), Ouattara Moudjatovic (5) e Hélder Tavares (-).
As notas dos jogadores do Estoril:
Joel Robles (6), Kévin Boma (5), Felix Bacher (5), Pedro Amaral (6), Pedro Carvalho (5), Lominadze (6), Jordan Holsgrove (6), Tiago Parente (5), Yanis Begraoui (7), André Lacximicant (7), João Carvalho (6), Ricard Sánchez (5), Ferro (5), Patrick de Paula (6), Alejandro Marqués (5) e Rafik Guitane (7).
Notícia atualizada às 19h08