Schmeichel critica Amorim: «Não gostei, colocou-se acima do clube...»
O antigo guarda-redes dinamarquês Peter Schmeichel, teceu críticas a Ruben Amorim após declarações do treinador português em conferência de imprensa, em que sugeriu, após a derrota do Manchester United por 0-3 com o Manchester City, o clube teria de o despedir caso quisesse mudanças.
«Não gostei do que ele disse outro dia — ‘Se quiserem mudança, têm de mudar o treinador’. Gosto muito dele, das suas qualidades de liderança, e chegou ao clube numa fase muito difícil, com jogadores indesejados, e lidou bem com isso. Mas, como alguém que sente o Manchester United, não gostei da frase. Isso é colocar-se acima do clube, e eu não gosto disso», afirmou Schmeichel à SkyBet.
Schmeichel entendeu a frase como uma intransigência de Amorim e uma quebra com os valores passados por Alex Ferguson.
«É preciso olhar sempre para qual é o trabalho de um treinador; és contratado para ganhar jogos. No Manchester United, isso significa também conquistar troféus, e neste momento ele não está a conseguir fazê-lo. Estive no United durante uma fase de reconstrução, quando estávamos a caminhar para conquistar troféus e a Premier League. Certos padrões estavam sempre presentes. O principal era simples – ninguém é maior do que o clube. Isso aplicava-se do treinador até aos jogadores e ao restante staff. Isso era-nos incutido todos os dias. Sir Alex Ferguson deu-nos uma estrutura que era muito simples e fácil de entender. Tudo começava por não sofrer golos, depois contratar jogadores que soubessem defender sob pressão e, ao mesmo tempo, assumir riscos no ataque», notou.
O antigo internacional dinamarquês também comentou o momento da equipa, referindo-se especificamente à exibição frente ao Manchester City, no dérbi de domingo, em que o United foi derrotado por 0-3.
«A sua percentagem de vitórias ronda os 36%, o que faz dele o treinador com pior desempenho no desde a Segunda Guerra Mundial. Manter-se fiel às suas ideias claramente não está a resultar. Até o Bruno Fernandes disse que é muito difícil jogar no meio-campo quando se está constantemente em inferioridade numérica, porque não se consegue cobrir todo o terreno. O sistema até pode parecer bom quando funciona, mas ainda não funcionou. E eu não acho que o sistema em si deva ser o mais importante. Para mim, a arte de treinar está em tirar o máximo rendimento dos jogadores que tens à disposição. Neste momento, é evidente que nem todos estão a jogar ao seu melhor nível. A equipa parece confusa, por vezes desorganizada — especialmente na defesa. É aí que o treinador tem de olhar para a situação e mudar alguma coisa», defendeu.
E voltou a Bruno Fernandes como espelho da insatisfação dos jogadores: «Deu para perceber o quão insatisfeito estava o Bruno Fernandes. Ele já costuma parecer frustrado, mesmo nos bons momentos, mas desta vez foi diferente – ele estava mesmo descontente. O Bruno está na equipa porque é um jogador de classe mundial com bola. Mas se não tem apoio, não consegue render.»
Estas declarações surgem num momento de enorme pressão sobre Ruben Amorim, cuja filosofia e estrutura tática têm sido alvo de críticas, especialmente após os resultados dececionantes e a crescente frustração dos adeptos e jogadores. A equipa volta a entrar em campo no sábado, frente ao Chelsea.
«Sei que as pessoas às vezes reclamam quando os ex-jogadores são críticos, e eu admito – eu sou um deles. Mas eu já passei por isso. Eu sei o que é preciso. Ninguém gosta de críticas, mas isto não é pessoal. Quando falamos sobre estas coisas, trata-se de sugerir o que poderia melhorar. Vem do amor pelo clube, não para fazer manchetes nos jornais.»