Ricardo Carvalho atento ao FC Porto: «Vê-se que Farioli tem muita capacidade»
— O Ricardo marcou uma era no FC Porto. Como foi ver um amigo, como é André Villas-Boas, assumir a presidência do clube?
— Trabalhei com ele diariamente durante quase dois anos. Aliás, fui jogador do André no Shanghai SIPG, na China. Foi daquelas coisas a que me fui habituando, porque estávamos no Marselha ele só dizia que, um dia, iria voltar ao clube do coração e não era como treinador. Seria como presidente. Era um objetivo, o sonho de querer ajudar o clube e continuar a fazer com que o FC Porto seja ainda maior e cresça além-fronteiras. Para isso, é importante começar a ganhar jogos internamente e dar uma grande imagem fora. Fui-me habituando ao discurso dele. É daquelas coisas que não surpreendem, porque já esperava que o André fosse candidato e que pudesse ganhar. É uma pessoa com grande capacidade para levar o clube para a frente.
— Que avaliação faz do trabalho de Francesco Farioli no FC Porto até ao momento?
— Olhando para alguns jogos, e o FC Porto tem defesas que nós seguimos, a verdade é que este princípio da época tem sido espetacular para o treinador, porque ganha e convence pela maneira como a equipa está a jogar, depois de uma época difícil. Todos sabemos que foi o ano da transição, o ano zero. Esta época, as coisas estão a correr bem no clube. O treinador entrou com o pé direito e vê-se que tem muita capacidade. Também tem melhores jogadores. Está a construir uma bela equipa.
— Os centrais que chegaram este verão ao FC Porto — Bednarek, Kiwior e Prpic — elevam o nível?
— Temos de ver a equipa como um todo. Quando não se marca, falamos dos avançados. Quando sofres mais golos e perdes, são os defesas que têm culpa… Mas a equipa é um todo. Digo sempre que defendemos todos e atacamos todos. Não podemos estar a culpar um defesa, os centrais ou os laterais, ou dizer que os defesas não eram tão bons. Penso que [no FC Porto] era um todo que não estava a funcionar. Quando a equipa não defende e não ataca como um bloco, é difícil. Mas fizeram contratações muito boas. Os centrais que foram buscar são bons, os médios que foram buscar também... Agora começamos a conhecê-los e a equipa está melhor.
— As transferências que conseguiram fazer são incríveis e vê-se que as equipas estão melhores. Principalmente o FC Porto, que está muito bem depois do ano que teve. Nota-se que não é só o treinador, os jogadores que contrataram são muito melhores. O Benfica também, assim como o Sporting. Penso que o SC Braga ainda está um passo atrás, não começou muito bem. Mas os três grandes são candidatos. Não acho que haverá a diferença pontual do ano passado, porque estão todos muito equilibrados.
— Sentiu de forma particular a perda de Jorge Costa?
— É daquelas coisas que nos deitam abaixo. Depois de voltar à Seleção, comecei a falar mais vezes com ele. E o Jorge tinha um coração enorme. Aprendi muito com ele, representava os valores do FC Porto como ninguém. Ultimamente, já estávamos a falar com mais frequência. Ninguém está preparado.