Quim Machado: «Chegavam a estar 3 a 4 mil adeptos nos treinos»
Quim Machado orienta, atualmente, o Al Hussein da Jordânia, mas continua bem atento à realidade do futebol nacional. Enquanto jogador representou o Vitória de Guimarães e também o SC Braga, tendo passado pelo castelo de 1991 a 1994 e pela cidade dos arcebispos de 1989 a 1991. Ou seja, na altura, a mudança de emblemas minhotos foi direta e ainda foi alvo de algumas injúrias.
«Terminei contrato e troquei, ainda ouvi alguns insultos num lado e do outro, aquando dos dérbis, mas é normal, é um jogo que se vive intensamente, mas que todos os jogadores querem jogar e dá um gozo especial», contou o técnico, de 58 anos, que foi titular em dois triunfos dos conquistadores, no Estádio D. Afonso Henriques (1991 e 1992).
«O Vitória era claramente favorito, tinha uma equipa mais forte e atravessava um momento melhor. Mas os dérbis são sempre complicados e, claro, o fator casa é sempre muito importante. Os tempos mudaram muito, o SC Braga é agora uma equipa totalmente diferente. São sempre jogos escaldantes que se vivem intensamente e volto a frisar que o fator casa continua a ser determinante. Neste momento, por jogar em casa, o Vitória terá algum favoritismo, pois vem de um triunfo seguro, enquanto os bracarenses estão a atravessar um momento menos bom.»
O dérbi do Minho é vivido com o fervor da paixão que os adeptos de ambas as equipas sentem na defesa das respectivas camisolas, mas em Guimarães era um pouco diferente.
«Durante a semana recordo-me que nos treinos chegavam a estar três a quatro mil adeptos a assistir, só para nos apoiarem. Os dias que antecediam o jogo eram de um ambiente de fogo, também com as habituais trocas de mensagens entre os adeptos. Alguns insultos que inflamam ainda mais a partida. É um dos dérbis que não passa ao lado de ninguém e para ambos, três pontos neste jogo correspondem a sete ou oito, tal é a moral que se ganha», partilhou Quim Machado com A BOLA, deixando a imagem de um futebol totalmente diferente, quando ainda havia aprontos abertos ao público.
O ex-lateral direito analisou os momentos das equipas e antecipou um encontro bem disputado, com os dois clubes à procura dos três pontos.
«A pressão que existe no lado do SC Braga é maior, nesta altura, do que do lado do Vitória. Tem de regressar aos triunfos, porque o patamar do clube assim o exige. O Vitória quer voltar a estar a lutar pelo 4.º e 5.º lugares, porque a equipa merece e os adeptos assim o exigem, também. Com ambas as equipas à procura de vencer e sendo que um triunfo dá um ânimo especial, pode ser um dérbi muito interessante.»
O técnico não quis arriscar num prognóstico ou no jogador que pode resolver este dérbi minhoto, mas referiu que é preciso dar atenção especial a um fator bastante específico.
«Há bons jogadores e bons treinadores que podem montar estratégias para vencerem o jogo. Ambos os conjuntos têm capacidade para ganhar, sendo que também têm de saber lidar com a ansiedade que pode ser um ponto fundamental, principalmente, para a entrada em campo, no sábado.»