Já se sabe que os dérbis do Minho entre SC Braga e Vitória Sport Clube são escaldantes - Foto: A BOLA

O Dérbi além do relvado

'Ecos da Pedreira' é o espaço de opinião de Diogo Costa, médico interno de Psiquiatria e associado do SC Braga

Primeiramente, e como não poderia deixar de ser, gostaria de saudar o antigo autor deste espaço, Pedro Sousa, parabenizando-o também pela recente eleição como Presidente da Associação de Futebol de Braga e desejando-lhe as maiores felicidades e muito sucesso no cargo.

No seguimento, agradeço a todos os responsáveis pela oportunidade que me é dada. Aproveito ainda para cumprimentar aqueles que são, e serão, leitores desta coluna, com um cumprimento especial dirigido aos que, tal como eu, apoiam o Sporting Clube de Braga.

Ironias do destino fizeram com que o meu primeiro texto fosse publicado em semana de Dérbi do Minho. E digo semana de Dérbi, porque, para os envolvidos, trata-se de um jogo que dura mais do que 90' e que se estende para lá do relvado. Uma rivalidade com origens geográficas, que remonta à Idade Média, personificada agora por dois clubes seculares e históricos no panorama nacional. O confronto tem data e hora marcadas — sábado, 20h30 —, mas o Dérbi tem uma duração superior. Entre picardias, nervosismo, preparação, celebrações e desilusões, este jogo de futebol assume um caráter místico, capaz de mover emoções durante vários dias, de tal forma que possa ser de difícil compreensão para quem lhe é alheio. Parece haver razões para crer que este é também um jogo isolado e alheado de fatores contextuais, como momentos de forma, ausências, entre outros. Para isso basta comparar a regularidade classificativa e pontual do Braga, com os resultados obtidos em Guimarães nas últimas quatro temporadas, onde apenas por uma vez (épico golo de Rony Lopes, bem para lá dos 90 minutos) os três pontos ficaram escritos a vermelho. Um contraste claro com as cinco vitórias braguistas nas seis épocas antecedentes, uma das quais por uns históricos 0-5.

Por Braga, existe uma crescente exigência competitiva nos últimos anos, simbolizada neste mercado no investimento efetuado e na nomeação de Carlos Vicens como treinador. O arranque de época foi agitado. Entre entradas e saídas de jogadores, jogos europeus e o início do campeonato, o balanço feito resulta num objetivo europeu cumprido, um arranque de Liga no mínimo periclitante e a construção de um plantel atípico (talvez seja tema de conversa futura). Sentimentos de dúvida pairam no ar, adensam o ambiente e trazem consigo uma crescente urgência de resultados. Só exibições afirmativas e a soma de pontos poderão esbater esta incerteza. Avizinha-se, indubitavelmente, o período de maior importância da era Carlos Vicens, com sucessivos desafios de elevado grau de dificuldade a afastarem qualquer possibilidade de hesitação ou falta de convicção nas suas ideias.

Posto isto, que os nossos jogadores sejam capazes de se superar em cada momento, de batalhar e de respeitar condignamente o símbolo que todos carregamos ao peito. Que a Legião se sinta representada e que o Minho se volte a pintar de vermelho. Venha daí o melhor Dérbi de Portugal, dentro e fora do relvado.