«A atual equipa do FC Porto faz corar de embaraço aquela outra que há meia dúzia de meses se fazia arrastar pelos relvados nacionais». FOTO KAPTA +
«A atual equipa do FC Porto faz corar de embaraço aquela outra que há meia dúzia de meses se fazia arrastar pelos relvados nacionais». FOTO KAPTA +

Quatro jogos, quatro vitórias, 12 pontos

#Minuto 92 é o espaço de opinião quinzenal de Ricardo Gonçalves Cerqueira, jurista, gestor de empresas e sócio do FC Porto

Quatro jornadas apenas. Dir-me-ão alguns que, num período tão curto, numa competição tão longa como a Liga portuguesa, não é ainda o tempo de juízos concludentes, e estão certos. Se numa prova com 34 jornadas se pretender retirar ilações definitivas ao fim de quatro, estar-se-á provavelmente a incorrer no pecado da precipitação, exercício que se dispensa. Ainda assim, o que é que não estaria a ser dito, comentado e escrito sobre o projeto desportivo e as opções estratégicas do FC Porto se, ao invés, dos 12 pontos conquistados em resultado das quatro vitórias alcançadas, o FC Porto apresentasse um score de pontos modesto e uma posição envergonhada na tabela classificativa? Pois!

O período de competição está a iniciar-se, as equipas técnicas trabalham ainda para melhorar os índices físicos dos jogadores, aprimorar e consolidar os processos técnico-táticos, sendo que só agora, depois de concluído o mercado de transferências, as administrações e os respetivos staffs técnicos podem almejar alguma tranquilidade, ainda que na Arábia Saudita e na Turquia se possam estar a fazer contas de cabeça. É, pois, também tempo de balanço sobre o entra e sai de jogadores, sendo que as estruturas diretivas e as comissões técnicas sabem, finalmente, com que linhas se poderão coser até janeiro. Uns respiram de alívio e miram satisfeitos o cash entretanto realizado, outros, porventura, suspiram, desiludidos e/ou conformados com as agruras do mês de agosto. Business as usual, com o mercado de transferências a ditar as regras.

Ainda assim, volvidos os primeiros quatro jogos e a janela de negócios encerrada, aproveitaria, numa retrospetiva breve, o ensejo para sublinhar o magnífico jogo que Sporting e FC Porto proporcionaram. Intenso, vivo, bem jogado. Oportunidades de golo para ambos os lados, jogadores motivados a querer demonstrar argumentos num estádio José Alvalade repleto de adeptos. Todos os ingredientes imprescindíveis para uma extraordinária noite de futebol, que veio a confirmar-se.

E que bem jogou o FC Porto. Os sinais de pujança competitiva, de competência tática e de esforço solidário foram evidentes. Esta equipa azul e branca faz corar de embaraço aquela outra que há meia dúzia de meses se fazia arrastar pelos relvados nacionais. Sem acerto e sem chama!

Este FC Porto entusiasma, anima. Adeptos e adversários. É intenso, pressionante, desafiador. A pressão homem a homem, a ocupação dos espaços, a avidez em retirar a bola ao adversário, impedindo-o de assentar o seu jogo e progredir. A solidez defensiva, com Bednarek a liderar um quarteto onde até Nehuén Pérez parece ter renascido e reconciliado com a bola. Alberto Costa e o sprint de mais de 30 metros para recuperar a posição e impedir que Pedro Gonçalves conseguisse finalizar com sucesso. Esta gente, estes jogadores, demonstram respeito pelo emblema que envergam ao peito.

SINAL MAIS
A permanência de Diogo Costa no plantel do FC Porto é uma boa notícia depois de um mercado, mais um, onde a sua eventual saída foi amplamente aventada. O capitão é uma referência de portismo dentro e fora do campo e o compromisso que sempre demonstrou com a instituição é inquestionável. Soube-se, há dias, que o FC Porto pretende renovar o vínculo atual, que termina em 2027, apresentando ao jogador um prolongamento contratual até 2030, permitindo a Diogo Costa tornar-se o jogador mais bem remunerado do plantel. O merecido reconhecimento de tantos anos de FC Porto e a devida valorização de um ativo importante do clube! Decisão acertada!

E sobre aquele meio campo, que dizer? Froholdt e 90 minutos de consistência tática e disponibilidade física. Não se rende, não se esconde, não evita um duelo. Comprometido no processo defensivo e sempre presente no momento em que a equipa precisa de chegar com bola à grande área adversária. Que contratação é este menino de 19 anos! Alan Varela parece outro jogador, concentrado, cirúrgico na recuperação, assertivo a entregar. A chamada à seleção argentina vem confirmar este seu ressurgimento.

A verticalidade de Borja Sainz, jogador repentino sempre ativo no jogo. E William Gomes? Que golo magnífico, que toque na bola aprimorado. Luuk de Jong a usar toda a sua experiência para dificultar, e muito, a vida aos centrais do Sporting, de costas para a baliza a permitir triangulações e a dar linhas de passe no espaço a quem chega de trás. A estreia a marcar com um golo pleno de oportunidade num movimento típico de um ponta de lança que não desvia o olhar das redes do adversário.

Francesco Fariolli, já o escrevi, tem condições para se tornar um caso muito sério no futebol português. Trabalhador, meticuloso, exigente e preparado técnica e taticamente. Alia a uma comunicação eficaz e assertiva. É, pois, motivo de júbilo notar que o FC Porto conseguiu reunir um grupo de atletas que faz do respeito pelo emblema e o compromisso com o trabalho diário cartões de visita. O FC Porto está aí para a luta.

SINAL MENOS
Quatro adeptos identificados pela PSP, no jogo de Alvalade, por arremesso de objetos para dentro do terreno de jogo. Num primeiro momento, Zaidu necessitou inclusivamente de assistência médica e, posteriormente, William e Froholdt foram também atingidos. O regulamento de competições da Liga, nos seus artigos 179 e 180, é muito claro quanto às consequências que decorrem para os clubes cujos adeptos são perpetradores. Aguardemos.