William Gomes demonstrou muita sede de vitória (Foto Catarina Morais/Kapta+)

Na história dos clássicos há sempre espaço para um novo herói: Willliam Gomes (as notas do FC Porto)

Prodígio brasileiro marcou um grandíssimo golo, participou no outro e foi um diabo sobre a direita do ataque. Diogo Costa apareceu quando realmente tinha de aparecer para uma enormíssima defesa a segurar a vitória. Muitos dragões numa bitola alta
Melhor em campo: William Gomes (8)
A história dos jogos clássicos é como a dos livros clássicos e nelas há sempre espaço para o herói da história, que desta vez foi William Gomes. O golo apontado entra para os compêndios como, pelo menos, um dos melhores dos últimos anos, num movimento perfeito da direita para uma zona mais central e um remate colocadíssimo de pé esquerdo a fazer a bola entrar no ângulo superior direito da baliza de Rui Silva. Pouco antes, quando a equipa parecia entrar num marasmo, desequilibrou na mesma zona do terreno de jogo e desmarcou Alberto Costa para que este servisse De Jong para ativar o marcador. Na primeira parte, já tinha sido ele o principal agitador de jogo. O menino de 19 anos chegou na época passada, então só deixou laivos de qualidade mas esta começa a estar cada vez mais vincada. E bem vincada.

DIOGO COSTA (8) — Os guarda-redes de classe mundial, como ele, indiscutivelmente, é são assim: podem passar quase todo o jogo sem muito para fazer mas naquele momento crucial aparecem para salvar a equipa ou segurar a vitória. Neste caso, aplica-se a segunda parte da frase anterior. Já com o encontro a caminhar para a reta final (87'), Luis Suárez recebeu a bola dentro da área, trabalhou-a muito bem e desferiu um remate potentíssimo. A bola parecia ter como destino o golo mas Diogo Costa, com a mão esquerda, tirou-lhe o selo. Enormíssima parada, isto após se ter evidenciado pela primeira vez aos 56, a desviar um chuto venenoso de Trincão. No golo leonino, tal a confusão, nada mais poderia fazer.

ALBERTO COSTA (7) — Rui Borges quis levá-lo para o Sporting em janeiro e percebe-se porquê, mas os ditames do mercado desviaram-no para outras paragens. Dois momentos para mais tarde recordar. O primeiro a forma como se desmarcou muito bem no lance do primeiro golo portista e entregou em bandeja dourada a bola a De Jong para este inaugurar o marcador. Curiosamente, o marcador poderia ter sido inaugurado bem antes, logo aos 21 minutos, mas pelo Sporting. E não o foi por culpa sua. Sprintou e esticou-se até não mais poder para fazer um corte soberbo a um remate de Pedro Gonçalves à boca da baliza.

BEDNAREK (6) — O polaco tem voz de comando e um físico impressionante e estes aspetos foram notórios. Calhou-lhe a fava pois teve de marcar a serpente Luis Suárez. Perdeu uns duelos, ganhou outros mas fica a frieza de quem viu um cartão amarelo muito cedo (18') e se aguentou muito bem. Fica no entanto para memória futura as dificuldades evidenciadas na primeira fase de construção quando a pressão do adversário é mais assertiva. Louve-se, no entanto, a capacidade de liderança.

NEHUÉN PÉREZ (6) — Começa, aos poucos, a justificar o alto investimento que o FC Porto fez no seu passe e parece mais maduro. Ficou com o prémio limão por força do auto-golo, mas a confusão era imensa naquele lance e pouco poderia fazer para o evitar. No entanto, está a crescer.

FRANCISCO MOURA (5) — Não esteve particularmente bem no duelo que travou com Geny Catamo e percebeu-se o porquê de ter sido substituído, talvez penalizado pela recente paragem.

FROHOLDT (7) — Será um caso para a ciência estudar, pois não parece ter dois pulmões mas sim sete ou oito. Corre, corre, volta a correr e corre sempre mais um bocadinho, conferindo à equipa uma amplitude fantástica. Pode parecer estranho que os dragões tenham pago €20M por um menino de 19 anos. Porém, a qualidade é (quase) sempre cara e assume-se como uma das grandes figuras da Liga nesta fase inicial. Jogador tremendo.

ALAN VARELA (6) — Não jogou mal porque não o sabe fazer. Todavia, foi demasiado posicional. Mas com o andar do relógio da partida sobressaíram as suas qualidades quando foi necessário controlar os ritmos e indicar os caminhos para fechar as portas.

RODRIGO MORA (6) — Transborda classe da cabeça aos pés e continua a ser um regalo vê-lo com a bola nos pés, mas já não é o abono de família da equipa como aconteceu em 2024/25. A pressão constante que Farioli pede a todos os seus jogadores penaliza-o, pois pode cumprir, como o fez, na primeira parte. Mas na segunda já não consegue corresponder. Saiu e percebeu-se porquê.

DE JONG (7) — Rui Borges perdeu o mind game quando apostou que jogaria Samu de início e afinal foi o neerlandês a ser chamado ao onze portista. Marcou um golo pleno de oportunidade e não cingiu a sua ação a este momento. Primeiro, com a sua altura, atrapalhou muito a defesa sportinguista. Depois, fruto da sua inteligência, desceu muitas vezes no terreno de jogo para servir de pivô ofensivo e desenhar as jogadas. Pode ser alto, como é, mas desmente aquela versão de que os altos são toscos, porque não o é. Chegou a custo zero e foi jogada de mestre de André Villas-Boas e seus pares.

BORJA SAINZ (5) — Ainda nem toda a gente estava sentada no renovado Estádio José Alvalade e já o espanhol tinha acertado com uma bola no poste na sequência de um pontapé acrobático. Talvez se tenha deslumbrado com este lance e no resto do jogo esteve discretíssimo, demasiado envolto em quezílias e sem a propensão de outras partidas.

PABLO ROSARIO (6) — O dominicano entrou há dois dias no plantel portista. Farioli conhece-o muito bem porque o treinou no Nice e quando as cores da partida estavam a ficar mais escuras para a equipa portista não hesitou em chamá-lo. Em boa hora o fez, porque serviu como barra estabilizadora do meio-campo e, por consequência, da equipa. Deixou excelentes indícios. Mas, para já, só indícios.

ZAIDU (6) — Foi chamado à partida para fechar o flanco o esquerdo e travou duelos intensos com Geny Catamo e Quenda. Não se limitou a defender e, na fase final, esticou a equipa por essa faixa.

DENIZ GUL (5) — Deu mais peso ao ataque e com um raio de ação muito mais alargado do que é costume.

SAMU (6) — O espanhol pode ter estado em dúvida para o encontro mas deixou a certeza de que podem contar com ele para o futuro. Entrou muito bem e reativou uma frente ofensiva que se desvanecia. Nem sempre com muita arte, mas com enorme vontade, foi conseguindo voltar a empurrar o Sporting para trás.

PRPIC (6) — Quando o Sporting optou pelo tradicional chuveirinho, sentiu-se como peixe na água, não concedendo hipóteses aos adversários.

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