Jovem lateral-direito tem sido um dos grandes destaques dos azuis e brancos do Minho (Foto: Famalicão)
Jovem lateral-direito tem sido um dos grandes destaques dos azuis e brancos do Minho (Foto: FC Famalicão)

«Qualificação para as provas europeias? Este pode ser o ano do Famalicão»

Rodrigo Pinheiro não tem dúvidas de que os minhotos estão no caminho certo e que o futuro do clube será cada vez mais risonho. Chegada às competições internacionais é sonho e... objetivo. Selo de qualidade

Rodrigo Pinheiro confessa, em entrevista exclusiva a A BOLA, que o Famalicão tem todas as condições para chegar aos grandes palcos internacionais. Elogios a rodos ao clube, às infraestruturas e, acima de tudo, às pessoas. A título individual, o orgulho pelo percurso que tem vindo a trilhar e o sonho de chegar à Seleção Nacional A. O jovem lateral-direito já há muito que deixou de ser promessa para passar a ser uma certeza do futebol português.

— Teve um percurso de formação em duas grandes escolas, como as do Vitória de Guimarães e do FC Porto. Como foram esses anos?

— Sim, é verdade. Estive sete anos no Vitória, onde fui feliz e ganhei ainda mais gosto pelo futebol. No FC Porto foi mais a nível profissional e nessa fase acabei mesmo por sentir verdadeiramente esse impacto. Tinha o sonho de chegar à equipa principal, mas infelizmente não houve essa oportunidade. Agora estou aqui [no Famalicão] e estou muito bem.

— Começou desde muito cedo a ser chamado às seleções jovens de Portugal, tendo sido internacional sub-15, sub-18, sub-20 e sub-21. Qualquer que seja o escalão, deverá ser sempre um motivo de orgulho jogar de Quinas ao peito.

— Sem sombra de dúvida. Todo o jogador tem o sonho de representar a sua seleção, independentemente do escalão que seja. Estar no Campeonato da Europa [de sub-21, este ano, na Eslováquia] foi o concretizar de um objetivo e de um sonho. Aspiro agora a chegar à Seleção A. Sei que é difícil, há muita qualidade, mas tenho essa meta no horizonte para o decorrer da minha carreira.

Pinheiro esteve este ano no Campeonato da Europa de sub-21 (Foto: Famalicão)

— O trajeto sénior iniciou-se na equipa B do FC Porto, onde esteve várias épocas e com uma regularidade acima da média, jogando muito, marcando golos e fazendo assistências. Foram anos importantes?

— Foram, claramente. A transição para os seniores através de uma equipa B é mais fácil, uma vez que já estamos inseridos num contexto de grande exigência, mas foi importante, sim. A Liga 2 é extremamente competitiva e fez-me crescer muito. Tanto em jogo, como a nível pessoal. Foi uma transição muito boa.

— Acabou, porém, por não conseguir chegar à equipa principal dos dragões. Quais foram as razões?

— Foi opção do treinador, na altura, o Sérgio Conceição. Claro que a qualidade no plantel principal era muito elevada, tenho noção disso. No último ano ainda fiz o jogo de apresentação e treinei na semana da Supertaça e, nessa altura, senti que poderia ter tido a minha oportunidade. Infelizmente isso não aconteceu e foi seguir em frente.

— Foi um sonho que ficou por cumprir, ou, por outro lado, ainda tem a ambição de vir a jogar na elite portista?

— Foi um sonho que ficou por cumprir, sim. Mas neste momento estou completamente focado no Famalicão e só penso nisso.

— Seguiu-se, então, o Famalicão, clube que lhe abriu as portas dos principais palcos nacionais. Foi fácil aceitar o desafio, no início da época passada?

— Foi muito fácil aceitar a vinda para o Famalicão. É tudo muito bom no clube, as infraestruturas são excelentes e as pessoas são incríveis. Chegar à Liga era um sonho meu e o Famalicão abriu-me essas portas e deu-me essa oportunidade. Como tal, só tenho de agradecer ao Famalicão por ter permitido que eu esteja a usufruir desta experiência ao mais alto nível.

— Vários jogadores têm elogiado a realidade do clube, a vários níveis. O mais o surpreendeu?

— Sinceramente, e tal como já disse, o Famalicão tem quase tudo de grande nível. As infraestruturas, por exemplo, são espetaculares. Mas toda a envolvência do Famalicão tem mesmo muita qualidade. Só quem passa por este clube é que tem esta noção. E as pessoas também são incríveis, lá está.

— O Famalicão tem tido um crescimento altamente sustentado e nos últimos anos, além de solidificar-se na elite do futebol português e continuar a olhar cada vez mais para cima, também tem projeto jogadores para grandes patamares europeus. Sente o clube como uma referência da atualidade em Portugal?

— Sem dúvida nenhuma. O facto de o Famalicão meter, de forma constante, tantos jogadores nas seleções, tanto portuguesas como estrangeiras, já é um dado bastante relevante e que quer dizer muita coisa. Depois, as equipas que jogam contra o Famalicão notam claramente que o clube está a crescer. Tudo isso faz com que os frutos estejam sempre a aparecer e assim continuará a ser no futuro.

— Nas épocas anteriores o emblema minhoto tem andado a bater às portas da Europa. Essa meta poderá ser alcançada esta temporada?

— Acho que sim. Sabemos que é um objetivo do clube, mas não é necessariamente uma obrigação. A consistência vai ser sempre a chave. Na época passada começámos muito bem, mas depois houve uma fase em que trememos um bocado. Agora estamos mais preparados e saberemos lidar melhor com as situações. Temos essa noção, sabemos disso, pelo que penso que este pode ser o nosso ano.

— Hugo Oliveira vive a primeira experiência enquanto treinador principal, mas já deu provas de que tem uma ideia de jogo bastante apelativa, como demonstram os resultados. Que opinião tem do mister?

— Pegou no grupo, sem dúvida. Faz com que a equipa jogue mesmo em equipa. O avançado é o primeiro a defender e o guarda-redes é o primeiro a jogar. A comunicação também é um dos pontos fortes que tem e julgo que esta relação do mister com o clube tem tudo para ser um bom casamento.

— O Famalicão está atualmente no segundo lugar do campeonato e é a única equipa que ainda não sofreu qualquer golo na presente edição da Liga. Fale-nos um pouco sobre este arranque de época.

— Um dos grandes fatores para isto estar a acontecer é a união do grupo. Jogamos como um todo e todos sabemos o que temos de fazer em campo. É uma equipa comprometida com o processo. Vamos marcar em grande parte dos jogos, pelo que manter a baliza a zeros é meio caminho andado para ganharmos jogos.

— Até onde pode ir a equipa esta temporada? A qualificação europeia é mesmo um objetivo ou apenas um sonho?

— É um objetivo. Mas, lá está, não necessariamente esta época. Podemos dizer que é um objetivo gradual. Não é obrigatório enquanto fator de pressão, mas é uma meta que temos no horizonte. Se for este ano tanto melhor, mas a própria estrutura do Famalicão leva-nos a crer que, se não for esta época, será num futuro próximo.

— Voltemos ao Rodrigo. Está novamente a jogar com regularidade e a destacar-se. Se fosse analista, como definiria o Rodrigo Pinheiro enquanto jogador?

— Talvez como sendo um jogador que defensivamente é muito bom e que ofensivamente gosta de participar no processo, de conduzir a bola e ter ações no último terço. Julgo que o cruzamento também é uma das armas.

— Tem contrato com o Famalicão até 2027. Se a SAD lhe apresentasse agora a renovação assinaria de cruz?

— Sim. Estou muito feliz no Famalicão e quero acompanhar essa ambição de crescimento do clube.

— Quais são os seus objetivos de carreira? Tem algum clube em particular que gostava de representar? Qual o campeonato na Europa que mais o seduz?

— Para ser sincero, não tenho um clube específico que gostasse mais de representar. Claro que tenho sonhos e não escondo que gostaria de jogar na Premier League e na Liga dos Campeões. Mas também assumo que ficaria muito feliz se tivesse a oportunidade de jogar competições europeias pelo Famalicão.

— Representar a Seleção Nacional é um dos objetivos de carreira?

— Claramente. É um sonho e um objetivo. Sei que vai ser difícil, porque há muita qualidade, mas acredito muito em mim e trabalho para que possa vir a alcançar essa meta.

Amigo no futebol, colega no Famalicão e história de carreira

Melhor amigo no futebol: «Tenho mais do que um. O João Miguel Mendes, do Vitória do Guimarães, e o Daniel Silva, um antigo colega meu na formação do Vitória, mas que atualmente não joga a nível formação profissional.»

Colega do Famalicão com quem se dá melhor: «Dou-me bem com todos, muito sinceramente. Sem dúvida que será um dos grupos que ficará para sempre marcado na minha carreira.»

História mais engraçada que viveu na carreira: «O que fizemos este ano aqui no Famalicão. Rapámos o cabelo a todos os jogadores que chegaram esta época e vestimos um miúdo da formação de menina para se apresentar à equipa, na sala de refeições. Foi um momento que promoveu muito boa disposição e que faz parte da integração dos novos jogadores. No Famalicão temos muita união e diariamente há situações entre nós que ajudam a reforçar cada vez mais a ligação entre todos os jogadores.»