Esloveno fez algumas revelações antes de ir para férias - Foto Imago

Pogacar revela que quase desistiu no Tour: «O meu corpo esteve em choque»

Bicampeão do mundo contou que a última semana da Volta a França desta época foi muito difícil física e psicologicamente e que não acreditou que conseguisse chegar a Paris

Com a vitória praticamente inquestionável da Volta a França em 2025, edição em que assumiu, definitivamente, a liderança a partir da 12.ª etapa até cortar a meta em Paris, mas já havia vestido a camisola amarela na 5.ª e entre a 7.ª e 9.ª etapas, Tadej Pogacar (2020, 2021, 2024, 2025) igualou o britânico Chris Froome (2013, 2015, 2016, 2017) no grupo dos ciclistas tetravencedores do Tour.

E está agora a uma vitória de chegar ao recorde de triunfos no Tour, cinco, apenas alcançado por: Jacques Anquetil (1957, 1961, 1962, 1963, 1964), Eddy Merckx (1969, 1970, 1971, 1972, 1974), Bernard Hinault (1978, 1979, 1981, 1982, 1985), último francês a ganhar a prova, e Miguel Induráin (1991, 1992, 1993, 1994, 1995).

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O que ninguém imaginava era que Pogacar, de 27 anos, esteve muito próximo de desistir do Tour este ano e chegou a acreditar que não iria aguentar até ao fim devido às dores que sentia no joelho e ao muito frio que sentiu na última semana. Factos que o levaram a travar uma dura batalha física e psicológica nos derradeiros dias.

«O Tour é um mal necessário para qualquer equipa. Todos chegam à linha de partida completamente em forma. Este ano foi o Tour mais rápido de todos os tempos. O percurso foi brutal, com muitas armadilhas e chegadas curtas e impactantes», contou o agora bicampeão mundial ao podcast Tour 202.

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«A segunda semana foi perfeita para mim, fiz um ótimo contrarrelógio», recorda sobre o período em que ganhou duas etapas seguidas (12.ª e 13.ª). «Mas depois veio a última semana. Queria uma grande vitória nos Alpes, principalmente uma vingança no Col de la Loze [18.ª]».

«Mas, para ser sincero, as coisas não saíram exatamente como havia planeado. No dia seguinte a [Mont] Ventoux (16.ª), tive problemas no joelho e comecei a duvidar se conseguiria continuar. O tempo estava horrível, um frio de rachar», vai revelando. «O meu corpo estava em choque, não me sentia bem. Uma corrida de três semanas nunca é fácil — todos os ciclistas sofrem. Já estamos cansados ​​depois da primeira semana, e ainda faltam duas», confessou Pogi.

O esloveno da UAE Emirates referiu ainda que, apesar do vasto currículo que vai crescendo e raramente encontra quem lhe impeça de ganhar, ganhou mais de 20 provas em 2025, sabe que o seu domínio e forma de correr está longe de agradar a todos. «Algumas pessoas acham minhas corridas emocionantes, outras dizem que a corrida acaba demasiado cedo. Mesmo no ano passado, no Mundial de Zurique, ninguém tinha certeza até o final se eu iria ganhar. Não posso culpar ninguém por sentir como se sente. Estar no topo não é fácil», refere antes de agradecer àqueles que têm-no ajudado no sucesso.

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«Tenho de fazer um enorme agradecimento à minha equipa. Conseguiram montar um ótimo programa para o ano inteiro. Tenho bastante liberdade durante os estágios, e a Urska também está lá, por isso é habitual sentir-me como se estivesse em casa. O calendário é exigente e não é fácil estar no meu melhor o tempo todo, mas descobrimos como fazer que funcione», acrescenta.

Nos planos, para além da conquista de, pelo menos, mais um Tour, Tadej Pogacar quer igualmente igualar Rik Van Looy (completou em 1963), Eddy Merckx (1972) e Roger De Vlaeminck (1977) como os únicos ciclistas a terem ganho os cinco Monumentos: Milão-Sanremo, Tour da Flandres, Liege-Bastogne-Liege, o Giro di Lombardia e Paris-Roubaix. Falta-lhe a primeira e a última.

«Já estive perto [de ganhar] a Milão-Sanremo algumas vezes. Participei da Paris-Roubaix pela primeira vez este ano e terminei em segundo. Vi que tenho potencial para vencer, mas será muito difícil. É um grande sonho que me irá impulsionar por muitos anos», garante.

«Paris-Roubaix é a corrida mais bonita que já participei. Até a curva em que caí, tive meus melhores números de potência de toda a temporada. Fiquei satisfeito com isso, porque o percurso não me convém perfeitamente. Van der Poel é 10 quilos mais pesado do que eu, mas ainda assim precisamos gastar a mesma potência. A atmosfera e a corrida foram inesquecíveis».

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Mas esses deverão ser objetivos para apontar na próxima temporada ou ainda mais tarde, por agora e depois do título Mundial e Europeu, o melhor ciclista da atualidade tem outros planos. «As férias de verdade chegam bem tarde — só em novembro. Sinceramente, prefiro ficar em casa, principalmente com a Urska e família. Esses dias livres juntos passam demasiado rápido», concluiu.