Tadej Pogacar irresistível no Mundial do Ruanda

Tadej Pogacar imparável: bicampeão mundial

Esloveno atacou a 110 quilómetros da corrida de fundo em Kigali, Ruanda, e foi eliminando a concorrência para reconquistar a camisola arco-íris. Afonso Eulálio no top-10 (9.º)

Tadej Pogacar revalidou o título mundial de fundo ao vencer isolado uma extenuante e espetacular corrida de 267,5 quilómetros em Kigali, Ruanda, um dos percursos mais exigentes dos últimos anos em Campeonatos do Mundo.

O esloveno, que conquistara a camisola arco-íris em 2024, em Zurique, Suíça, mantém-na assim, após mais de 6 horas de mais uma cavalgada épica em solitário, confirmando o estatuto de corredor número um do mundo.

Pogacar torna-se o primeiro corredor a conquistar dois mundiais consecutivos e a Volta a França no mesmo ano.

Merecida recompensa para o bicampeão mundial...

Afonso Eulálio foi o melhor português, numa meritória 9.ª posição. O jovem, de 23 anos, na sua primeira temporada no WorldTour entre os dez melhores de um Mundial duríssimo. Esta é a quinta vez que Portugal consegue terminar entre os dez primeiros, depois do título Mundial de Rui Costa em 2013 e deste ter alcançado o 9.º lugar em 2015 e ainda dois décimos, em 2018 e 2019. 

O segundo classificado foi o seu apontado principal rival, o belga Remco Evenepoel, que teve uma corrida conturbada, com avaria na bicicleta, forçado-se a trocá-la... duas vezes, e de não se ter mostrado à altura do duelo quando Pogacar surpreendeu – ou talvez não - atacou ainda a 110 quilómetros da meta. Contudo, o tricampeão mundial de contrarrelógio recuperou e lutou estoicamente para garantir a segunda posição, igualmente isolado.  

Com o bronze ficou o irlandês Ben Healy, que bateu o dinamarquês Mattias Skjelmose nos últimos cinco quilómetros.

Tadej Pogacar fez a sua manobra decisiva ainda a 110 quilómetros da meta (!), no muito esperado Monte Kigali, a subida mais longa da corrida (6 km) em que os últimos 900 metros excediam os 15% de inclinação média.

O esloveno acelerou e desfez o pelotão em mil pedaços, e só o espanhol Juan Ayuso e o mexicano Isaac del Toro conseguiram segui-lo. Os três corredores de equipa na UAE Emirates, companheiros de Ivo Almeida, que esteve num septeto em fuga cerca de 150 quilómetros, alcançado precisamente nesta subida, ganharam rapidamente 30 segundos aos perseguidores, que tentavam organizar-se na peugada, mas Ayuso cedeu na subida seguinte, curta, mas íngreme (Muro de Kigali).

Na frente, Pogacar e Del Toro cooperavam na perfeição, contrastando com Remco Evenepoel, que se debatia atrás com problemas nas bicicletas (trocou-a duas vezes) e nas pernas.

A 66 quilómetros do final, Del Toro também não aguenta o ritmo de Pogacar e deixa-o isolado no comando da corrida, contra todos, como bem sabe desenvencilhar-se. No encalço do defensor do cetro, juntava-se um quinteto com o dinamarquês Mattias Skjelmose, o irlandês Ben Healy, o australiano Jay Hindley, o britânico Tom Pidcock e um restabelecido Remco Evenepoel, que tomou as rédeas da perseguição ao líder.

Com o acumular do esforço, o grupo, que se mantinha a cerca de 1 minuto de Pogacar,  reduziu-se a trio, com Evenepoel, Healy e Skjelmose. Estes eram seguidos, mas já mais de 5 minutos, por um grupo de onze corredores em que se integrava o português Afonso Eulálio, autor de um enorme desempenho, atingindo o top-10. Tanto Ivo Oliveira como António Morgado e Tiago Antunes não terminaram a prova.

A 20 km da meta, com a desvantagem para Tadej Pogacar a crescer para 1.15 minutos, Remco Evenepoel decide atacar, destacando-se dos parceiros de perseguição numa tentativa de ainda alcançar o esloveno na dianteira da prova – e desde logo garantir a medalha de prata. O belga foi corajoso e tenaz, mas não conseguiu chegar ao ouro.