Pode não ser justo, mas é hora de Ruben Amorim 'entregar'
Rúben Amorim não passou o verão a carpir mágoas. Ainda que não tenha garantido todos os alvos que atacou, numa luta sempre desigual em argumentos com City, Arsenal, Liverpool ou mesmo Chelsea, conseguiu mesmo assim recrutar artilharia pesada para dotar a equipa de uma capacidade de ferir os adversários que antes não tinha. Ao mesmo tempo, foi assegurando que o balneário fique cada vez mais reativo às suas ideias e já avançou na questão de gerir expetativas, com aquele «é difícil a um treinador do Manchester United dizê-lo, mas…», antes de apontar à Europa como objetivo.
Benjamin Sesko, Bryan Mbeumo e Matheus Cunha são respostas à eventual questão que perseguia o português desde o primeiro dia em Old Trafford: como é que se ganha na Premier com um ataque tão irregular e pouco produtivo, mesmo após os milhões investidos em Hojlund e Zirkzee? A época passada, marcada por golos aos soluços e incapacidade crónica de matar jogos, não se pode repetir.
A lógica de Amorim foi clara: se a Premier League é um ringue, o United tem de ter mais punch. Sesko traz centímetros e instinto assassino, Mbeumo oferece diagonais e inteligência de posicionamento e Cunha dá aquela mobilidade que transforma movimentos com e sem bola em jogadas imprevisíveis. Os três acrescentam ainda dimensão física ao ataque, uma ideia cada vez mais sublimada nas principais equipas da liga.
Não se pode dizer que o puzzle esteja completo a poucas horas da estreia e logo com o candidato Arsenal, que cresceu em qualidade e profundidade, e até tem Gyokeres para ostentar. Precisa de mais um médio, que não será Baleba, por intransigência do Brighton, porque a Ugarte falta passe e Casemiro está no ocaso da carreira. Os alas escasseiam, embora haja juventude para trabalhar. E a defesa, onde se percebeu que Yoro é de outro quilate, ainda parece a meio da reestruturação, guarda-redes incluído.
O treinador plantou ideias e limpou o balneário, porém a matéria-prima ainda escasseia. E esta temporada será sobre resultados, bater de frente com os favoritos e provar pelo menos que se está mais perto de os derrubar. Amorim pediu poder de impacto e finalmente tem-no. Agora, Old Trafford aguarda triunfos. E paciência é algo que não costuma haver por aquelas bandas, sobretudo desde que Ferguson passou do banco para as bancadas. É que um gigante adormecido nunca desiste de procurar o remédio certo para tentar acordar.
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