Pedro Gonçalves: «Gostaria de ficar 10 anos no Sporting»

Foi dos pés de Pedro Gonçalves que nasceu o primeiro golo do Sporting na vitória por 2-1 sobre o Marselha, em Alvalade, a contar para a 3.ª jornada da Liga dos Campeões. O passe para Geny Catamo teve, porém, um sabor duplamente especial: com essa assistência, Pote alcançou as 53 assistências de verde e branco, igualando Pedro Barbosa, até agora o único líder dessa estatística na história recente do clube. Para celebrar o momento, a Sporting TV juntou os dois camisolas 8 numa conversa entre gerações.

O antigo capitão dos leões começou por elogiar o avançado, que respondeu com juras de amor ao clube. «O Pedro tem feito a sua história. Tem feito uma história muito bonita. Renovou agora, por isso vai ficar mais alguns anos no Sporting, o que é bom para ele e para o clube. Portanto, o número [de assistências] vai ser largamente ultrapassado.»

«Sou um fã. Já o era quando ele estava no Famalicão. Eu era um médio que pisava outras zonas. Quando ele veio para o Sporting, veio para zonas mais avançadas e as coisas correram bem, foi o melhor marcador na primeira época. Mas lembro-me dele no Famalicão em zonas mais recuadas. [...] O Pedro é um jogador inteligente. Percebemos na maneira como aborda os lances, as ações que toma, o que faz dele um jogador com muita qualidade. Ele claramente sobressai-se. A forma como pisa várias zonas do terreno fazem com que ele tenha uma leitura muito boa sobre o jogo. Isso é importante para a equipa.» 

«A carreira do Pedro Barbosa é uma inspiração? Sim, principalmente os anos. Gostaria de ficar aqui também 10 anos. Vamos ver como corre. Temos personalidades diferentes. Ele é mais calmo, mais maduro, personalidade de capitão.»

Apesar da igualdade no número de assistências, Pedro Barbosa considera que existem muitas diferenças no estilo de jogo, confessando ainda que existe algo de «poético» na forma de jogar de Pedro Gonçalves: «Não somos jogadores iguais. O número 8 é igual, mas somos diferentes. Eu tinha mais o um contra um, ele é mais de aparecer no espaço. No remate, que parece meio displicente, mas faz golo, o que é extraordinário. Tem mais chegada à área. Eu joguei várias posições, mas nunca joguei tão avançado. Ele tem umas características próprias, que têm ajudado o Sporting.»

«Há algo poético, pela forma natural como as coisas acontecem. Não é um jogador de rematar forte, remata sempre em jeito. Parece que a bola vai com pouca força, mas vai para o sítio certo. Isso revela a sua inteligência. Em alturas de decisão, ele toma muitas vezes a melhor decisão. Por isso, tem as assistências que tem e marca os golos que marca.» 

Já Pedro Gonçalves, apontou as principais características de jogo do ex-jogador: «Visão de jogo, o entendimento do jogo, as movimentações, como passava a bola.... Tinha um bom remate. Não fez tantos golos como eu, mas se calhar tinha um remate melhor. E o um para um, que por vezes consigo fazer, outras não consigo, mas o Pedro Barbosa tinha um excelente um para um.» 

Com um recorde já igualado (e brevemente ultrapassado), Pedro Barbosa admitiu que ficará feliz se Pote ultrapassar também o seu número de jogos de leão ao peito - 342, enquanto Pedro Gonçalves vai nos 211 - e salientou a importância desta época para a turma de Alvalade. «A possibilidade deste ano poder ser tricampeão, é importante ter a noção do que é que isso representa para ele [Pedro Gonçalves], para a equipa, para o clube, para os adeptos. Todos eles têm de ter essa consciência, porque é realmente importante. Ser três vezes campeão é um registo importante. Se ele já está na história, ficará ainda mais.»

«Apesar de ainda estar a cento e pouco jogos do meu número, acredito que o vá passar. Fico feliz. Eu era o tipo de jogador e sou o tipo de adepto que gosta de ver os jogadores muitos anos nos clubes. Cada vez é menos usual, mas o caso do Pedro, e outros que temos no Sporting, é uma coisa que eu gosto.»  

«Sei bem a história do clube e o que pode ser para o clube ser tricampeão. O presidente, depois do jogo com o SC Braga, passou-nos uma mensagem forte que pode ser um ano histórico para o clube e é isso que vamos tentar fazer. A mensagem que eu e outros jogadores que estão cá há mais tempo tentamos passar é de que qualquer jogo pode fazer a diferença no campeonato. É disso que nos temos de mentalizar. A nossa Champions é ganhar o campeonato», salientou Pedro Gonçalves.

Protagonistas no fim dos dois maiores jejuns de títulos de campeão nacional da história do clube - Pedro Barbosa em 2000 e Pedro Gonçalves em 2021 -, os dois camisolas 8 recordaram com emoção esses momentos de glória leonina. «Percebi exatamente aquilo que viveram em 2021, porque tinha vivido muitos anos antes. Quando estás muito tempo sem ganhar, cria uma ansiedade nas pessoas, que querem que isso aconteça. Quer no meu ano, quer em 2021, percebia-se que as coisas podiam acontecer. Tive a oportunidade de estar na televisão a comentar essa noite em 2021 e foi extraordinário. Não há nada melhor do que ver a felicidade dos sportinguistas. Foi pena terem sido tantos anos seguidos sem ganhar», referiu o antigo capitão. 

«Éramos muito jovens e não sentíamos tanto o peso da responsabilidade e daquilo que podíamos conquistar. O que também era bom. Dávamos sempre o máximo. A maior parte de nós estava a representar o Sporting pela primeira vez e queríamos mostrar o nosso valor. As coisas acabaram por correr bem porque todos queríamos mostrar quem éramos enquanto jogadores», afirmou o avançado.

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