Ruben Amorim e Bruno Fernandes
Ruben Amorim e Bruno Fernandes - Foto: IMAGO

Bruno abre o livro: os milhões sauditas, a conversa com Amorim e o Sporting

Médio do Manchester United deu uma longa entrevista ao 'The Athletic', na semana em que se prepara para atingir os 300 jogos pelos 'red devils'

Na semana em que estás prestes a atingir a marca redonda dos 300 jogos pelo Manchester United, Bruno Fernandes abriu o livro numa longa entrevista ao The Athletic, na qual abordou vários temas.

Desde logo, o internacional português abordou a proposta astronómica que recebeu do Al Hilal no verão passado, e que o fez balançar. As palavras da esposa, Ana, foram decisivas para a permanência em Manchester.

«A primeira coisa que ela me disse foi: 'Já conquistaste tudo o que querias no clube?'. Porque ela sabe que não», começou por dizer.

«O dinheiro é importante para todos, mas não estou numa posição em que precise de contar o dinheiro ou ter problemas no futuro se fizer as coisas bem. Eu e a minha família não somos pessoas que gastam muito. Gostamos de ter os nossos luxos, mas estamos muito cientes do futuro que ainda temos pela frente e do que queremos dar aos nossos filhos», explicou o antigo jogador do Sporting, sobre os milhões da proposta saudita.

«Ambos viemos de famílias que não eram ricas. Nunca nos faltou comida na mesa, mas temos essa consciência porque ainda temos família em Portugal. A minha mãe tem nove irmãos. Estou muito ciente das dificuldades da vida. Sinceramente, quando terminar a carreira, só quero uma vida tranquila em casa, ir ao café de vez em quando com o meu pai.»

A conversa com Amorim e... Ronaldo

Mas Bruno também falou com Cristiano Ronaldo, o homem que abriu as portas da Europa para o futebol saudita, quando assinou pelo Al Nassr em 2022.

«Falei com ele sobre a situação, sobre a Arábia Saudita e tudo o mais. Não vou dizer o que ele me disse, mas falámos sobre o assunto. O Cristiano deu a sua opinião sobre o que eu deveria fazer. Com toda a experiência que ele tem, foi importante para mim ouvir o que pensava. Mas, obviamente, a decisão final será sempre minha e do clube.»

O Al Hilal, revela, não foi o único clube a procurar Bruno Fernandes. Também houve sondagens do futebol europeu.

«Houve outros clubes que tentaram depois do Al Hilal, mas a minha resposta não mudaria. Da Arábia Saudita também. Da Europa, tive algumas pessoas a falar comigo, mas nunca chegámos ao ponto de haver uma oferta em cima da mesa. É muito bom que as pessoas te queiram, mas precisam de pôr o dinheiro na mesa para o clube. Caso contrário, o clube não me deixará sair», disse.

«Penso que, com os clubes europeus, como não mostrei interesse em sair, eles pensaram: 'Vamos estar a perder o nosso tempo'», acrescentou.

Decisivo na opção por continuar em Inglaterra foi Ruben Amorim, treinador do jogador de 30 anos em Old Trafford. Depois de o clube abrir a porta a uma eventual saída, Bruno falou com o técnico português.

«A partir daí, falei com o treinador [Ruben Amorim]. Disse-lhe: 'Olha, esta é a oferta que tenho. Tenho de pensar se o clube disser que quer que eu saia para contratar mais jogadores ou o que for'. Não foi o caso. O clube sempre me disse que iria reforçar a equipa.»

«O treinador disse-me: 'Não, queremos mais jogadores para te ajudar e para nos tornarmos uma equipa melhor, por isso não queremos que saias'», revelou.

No futuro próximo, no entanto, o futebolista não garante a permanência em Manchester, mas deixa uma certeza: propostas no próximo verão, só depois do Mundial 2026.

«Tenho visto muitas notícias. Vi muita gente a dizer que eu já tinha um acordo para sair na próxima época. Se o clube fez esse acordo, não foi comigo. Não falei com ninguém. «Posso dizer que ainda há pessoas a falar comigo e a dizer que gostariam muito de me ter no próximo ano, claro. Mas, da minha parte, isso não é discutido. O meu agente sabe como eu trabalho, por isso, se ele quiser falar comigo, será depois do Mundial. Até lá, não falarei com ninguém.»

A voltar a Portugal, Sporting tem prioridade

Na mesma entrevista, Bruno Fernandes também falou sobre o Sporting, com uma certeza: a voltar a Portugal, a prioridade é para os leões.

«(...) Temos saudades de casa, mas o meu objetivo não é voltar a jogar em Portugal. Mas se tivesse a oportunidade de voltar a jogar em Portugal, colocaria sempre o Sporting à frente de todos», referiu.

Capitão no Manchester United e no Sporting, Bruno Fernandes é um líder de campo. Pondera passar isso para o banco de suplentes?

«Gosto muito desse lado do futebol. É algo que sempre falei com o Juan Mata [antigo colega no Manchester United. Acho que ele se inclina mais para o lado de diretor desportivo, mas treinar é algo que eu gostaria de fazer. Tive a sorte de crescer em equipas onde os jogadores mais velhos cuidaram de mim. E o meu pai também sempre tentou ajudar toda a gente, tal como a minha mãe.»

«No futuro, talvez olhe para trás e diga: ‘Tive uma pequena influência nisto, fico muito feliz por ver que eles cresceram e chegaram onde queriam’», refletiu.