Grandes — pontos perdidos, até ver, só entre eles... FOTO MIGUEL NUNES
Grandes — pontos perdidos, até ver, só entre eles... FOTO MIGUEL NUNES

Os grandes e os outros: fosso que não pára de crescer

Os três grandes (sendo que o SC Braga também investiu forte) parecem cada vez mais distantes dos adversários na Liga. Ainda é cedo, claro, mas a tendência após quatro jornadas é essa

Esta segunda-feira é dia de fecho do mercado, em Portugal e vários países europeus, no que respeita a inscrições de novos futebolistas. Outros mercados há que ficam em aberto mais uns dias e de uma Turquia ou de uma Arábia Saudita pode sempre vir mais um corte a um plantel da Liga. Não parece, porém, que uma ou outra surpresa nas últimas horas ou um desfalque já depois das 23h59 alterem grandemente o paradigma do campeonato nacional.

O que parece, mesmo, é que o fosso que separa três clubes dos outros todos continua a aumentar de ano para ano. Em quatro jornadas, os três eternos candidatos ao título contam por vitórias (a maioria relativamente fáceis, exceção feita talvez à do Benfica ontem em Alverca) os jogos que realizaram frente a adversários do outro grupo de 15. Falta aos encarnados acertarem calendário, mas é com o Rio Ave em casa e, com todo o respeito pelo Rio Ave, sabemos todos quem é amplamente favorito. Contas feitas, só um dos tais grandes (o Sporting) perdeu pontos, e tal sucedeu frente ao homólogo FC Porto, no último sábado.

Longe de, com isto, querer dizer que as 30 jornadas que faltam serão passeios no parque para os três fidalgos — até porque em várias delas se defrontam entre si e depois há sempre aquelas deslocações mais assustadoras a Braga e Guimarães —, a verdade é que se a tendência prosseguir o campeonato pode mesmo ser decidido nos confrontos entre eles. Por outro lado, cada jogo teoricamente menos difícil terá de ser levado com extrema seriedade, pois a perda de pontos inesperada pode também significar a morte extemporânea de um dos artistas.

E valha a verdade que o SC Braga, há anos na peugada dos grandes, está com um arranque menos forte do que esperava mas vai perfeitamente a tempo de integrar o comboio dos ricos. Aliás já gastou, como eles, mais ainda do que é costume, contribuindo para a abundância de milhões a entrar e a sair do País futebolístico.

Vai Portugal beneficiar com tão fortes investimentos? Do ponto de vista da qualidade será seguramente bom ter melhores jogadores nos relvados nacionais. Do ponto de vista da competitividade... talvez torne mais premente a luta do topo, mas também pode transformar algumas jornadas em pró-formas que os adeptos dispensam. Sobretudo os que consomem o futebol como produto televisivo sem grandes laços afetivos, como os tais mercados internacionais que os clubes sonham poder atingir com a centralização. Bom, mas uma coisa é certa: sem ela não conseguirão de certeza.

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