O abraço a Mourinho, pontos de vista iguais e «pés no chão»: tudo o que disse Farioli
Menos de uma hora depois da conferência de Imprensa de José Mourinho, foi a vez de Francesco Farioli lançar o clássico deste domingo entre FC Porto e Benfica. O técnico dos dragões concordou com a visão do Special One sobre o favoritismo e revelou que também esteve doente nos últimos dias... incluindo este sábado!
O que espera deste Benfica? É uma equipa difícil de estudar?
— Tentámos preparar o jogo com muita atenção. Vimos os últimos quatro jogos, mas também estudámos com maior profundidade no período anterior, especialmente com alguma referência do tempo de Mourinho em Inglaterra, Temos de descodificar o que pode acontecer. Decerto que não sou o único que preparou o jogo da melhor forma. [risos]. Fizemos o nosso trabalho, vamos enfrentar uma equipa muito boa. Uma equipa de Champions, que vem cá competir ao mais alto nível Temos de estar prontos para este embate.
Por esta altura, Mourinho já sabe qual será o onze do FC Porto. Consegue fazer o mesmo em relação ao Benfica?
— Não, é diferente. Eles jogaram na terça-feira e tiveram uma semana quase limpa para preparar o jogo. Saímos de Arouca na segunda-feira à noite, jogámos mais uma vez, entretanto, com 108 minutos... Por isso, é um cenário diferente. É futebol, ter vários jogos não é uma desculpa, nem ter menos tempo para preparar o jogo. Tivemos uma sessão muito boa com a equipa. Estamos prontos para amanhã [domingo].
Mourinho enviou-lhe um abraço e elogiou o futebol do FC Porto, Rui Costa disse que o Benfica não pode perder no Dragão. O que é falado fora do campo tem peso?
— Sobre o abraço, devolvo-lhe com agrado. Amanhã vamos poder trocar um verdadeiramente. Sobre o resto, há muita coisa que afeta o desempenho, tudo tem a sua relevância. Claro que há questões técnicas, táticas, pessoais, dinâmicas de clube... Há muitos fatores no futebol que se misturam, mas a realidade é que o jogo de amanhã é muito importante para nós, temos de estar muito bem preparados. Fizemos reunião e sessão de treinos hoje, daqui a pouco teremos mais, amanhã teremos um dia para criar o espírito em redor do jogo da melhor forma possível. Amanhã, às 09h00, temos de estar aqui com o espírito e o desejo certo, que é o mais importante, porque qualquer plano, sem o desejo, não funciona. Rui Costa? Os três resultados são possíveis, vamos querer tirar o máximo que conseguirmos deste jogo, sabendo de onde viemos: no ano passado, os dois jogos frente ao Benfica custaram muito ao FC Porto, com oito golos sofridos e dois marcados. Essa é uma imagem que temos de ter presente na cabeça: respeitar o valor do adversário e dar um extra para deixar os nossos adeptos felizes outra vez.
Qual a sua visão sobre a virose que afetou o plantel do Benfica?
— Pode acontecer, não estou a brincar. Estou há três dias a tomar medicamentos, estive no jogo com 38 graus de febre. Acontece, é gripe sazonal.
Mourinho disse que teve pouco tempo para trabalhar com esta equipa...
— Estamos a falar de um dos mais treinadores mais bem sucedidos, com 26 troféus conquistados... Portanto, o palmarés é grande. É uma das pessoas que mais influenciou o futebol. Mencionei poucos dias antes de ser contratado que ele é uma referência para mim, tem todo o meu respeito. Nos últimos anos teve experiências em diferentes países, fez um grande trabalho na Roma, onde ganhou a Conference League, e teve uma experiência mista na Turquia. Sei bem o quão difícil é competir naquele ambiente. Agora, assumiu um desafio importante, mas a minha prioridade é o que podemos fazer amanhã. Creio que estamos a misturar um pouco a perspetiva: não vamos jogar contra Mourinho, vamos jogar contra o Benfica. Isso é a chave para nós e temos de estar bem preparados e ligados ao jogo. Ter quatro ou cinco cenários diferentes preparados. Principalmente com energia, gasolina nas pernas e nos pulmões.
José Mourinho elogiou o FC Porto, mas disse que a sua equipa não é necessariamente favorita. Qual a sua visão?
— Concordo com ele.
É um jogo decisivo para o campeonato?
— É um jogo importante, não podemos negar isso, mas não vai ser decisivo. Ainda faltam muitos jogos e muita coisa pode acontecer.
Está à espera de um Benfica expectante sem a bola?
— Se formos ao passado recente, o jogo com o Chelsea pode ser um bom exemplo dos diferentes cenários e estratégias que temos de preparar e podemos encontrar. Nos primeiros três ou quatro minutos, houve tudo o que pode acontecer. Uma das maiores características destas equipas é a capacidade de serem camaleónicas e lerem muito bem o momento do jogo para gerir com e sem bola, de forma a serem mais orientados a marcação individual ou zonal. Precisamos de estar atentos a algo inesperado que possa acontecer. A parte mais importante é como os jogadores vão estar preparados e quão rápido vão reagir para tomarem as decisões certas.
Os adeptos aplaudiram a equipa após o golo sofrido ante o Estrela Vermelha. Pode ser uma ajuda extra?
— Lembro-me do sentimento que havia há três meses no Olival, no Dragão e no FC Porto em geral. Senti muita confiança desde o primeiro dia, numa altura em que até nem a merecia, porque foi antes do primeiro treino. Senti algum tipo de entusiasmo, fé e crença no que fizemos. Temos essa responsabilidade extra. Depois, houve algo que cresceu de dia para dia, ainda tenho na cabeça o primeiro jogo de preparação com o Twente, a cerimónia de apresentação com o Atlético de Madrid, os jogos fora de casa, também na Europa... É algo que está a crescer. Os adeptos estão mesmo connosco, a puxar por nós. Não é algo que nos relaxa, mas sim que exige mais de nós, mais paixão e coragem no que fazemos. É o que querem ver e o que queremos dar, principalmente amanhã, contra um grande adversário. Não podemos tomar atalhos.
A vitória conquistada em cima da hora na quinta-feira dá ânimo extra à equipa?
— Sim e não, preferia ter fechado o jogo na primeira parte, pois tivemos uma série de momentos para colocá-lo na direção certa. Uma vitória no último minuto pode dar-te muito, mas também pode tirar os pés do chão. Amanhã precisamos de ter os dois pés bem assentes em cada centímetro da relva do Dragão. É um jogo grande, com exigências massivas e o que tentámos fazer estes dois dias foi refrescar corpo e mente. Especialmente para estar mentalmente preparados para um grande jogo. Nunca sabemos se vai ser suficiente, mas, pelo menos, queremos ter a alma limpa pela forma como preparámos o jogo. Quero encará-lo com ainda mais fome para explorar e atacar.
O clássico surge a fechar um ciclo de três jogos numa semana...
— O calendário não ajudou, é verdade. Fazer três jogos em seis dias é algo que não queremos, mas faz parte da realidade. O que fizemos foi gerir durante os três jogos e foi claro o envolvimento do grupo, muito bom e positivo. Conseguimos dois bons resultados, toda a gente jogou e teve a oportunidade de ser titular. Isso deu-me a possibilidade de chegar a esta noite e escolher o onze com base em 11 dos 23 disponíveis, mais os que vão entrar durante o jogo.
Em caso de vitória, torna-se no treinador do FC Porto com melhor arranque na Liga. É o melhor momento da sua carreira?
— Primeiro há um 'se'. Isso já me ajuda a travar a resposta, porque os recordes pessoais não são importantes. Tudo o que estamos a fazer e a colher vem do esforço de muitas pessoas. Já mencionei o trabalho de todos no clube, o departamento médico, a minha equipa técnica, especialmente nestes dias, em que tive menos uma hora no centro de treino porque estive doente e eles compensaram a minha ausência. Quando alguém não está disponível, a prioridade é teres alguém próximo ao teu lado para puxar e avançar. É uma boa imagem do que o Porto é: uma cidade de pessoas que vão trabalhar muito cedo de manhã e que chegam à noite a casa, cansadas. O que fazemos aqui não é mais do que representar a cidade. Por isso, tudo o resto não conta para nada. O que conta é o que vamos fazer na nossa viagem. No final da época veremos onde estamos
Sem Martim Fernandes, pode confirmar que Alberto Costa está pronto para fazer os 90 minutos?
—Há várias possibilidades, outras opções que estamos a avaliar. O Alberto está pronto, o Pablo [Rosario] recuperou totalmente dos 90 minutos da noite europeia. Veremos amanhã.
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