Capitão da Seleção respondeu ao selecionador da Irlanda Heimir Hallgrímsson

«Ninguém é indiscutível na Seleção»: tudo o que disse Cristiano Ronaldo

Antevisão do capitão de Portugal à partida com a Irlanda em conferência de imprensa, no Estádio Aviva

— Acredita que Portugal vai conquistar aqui a qualificação para o Mundial?

— Espero que sim, sabemos que não é um jogo decisivo, mas é como se fosse. O que imporá perceber é que, se ganharmos, estamos qualificados. A equipa está bem, sabemos que vai ser um jogo complicado, um jogo difícil contra uma equipa bastante física, que vai para fazer um jogo praticamente igual ao que fez em Lisboa. Mas sabemos que é uma oportunidade única que temos e vamos estar preparados.

— Com Roberto Martínez a selecionador, Ronaldo marcou 25 golos em 28 jogos - devido ao seu estatuto e a este rendimento, acredita que pode chegar ao Mundial com o estatuto de indiscutível na Seleção?

— Ninguém é indiscutível na Seleção. Acho que há um aquecimento de cada jogador no momento que vive, no momento que está. Eu sou um deles. Tento retribuir de alguma maneira quando jogo é titular. Não só através dos golos, mas em tudo. Tento ser uma mais-valia no grupo também, porque isso é muito importante. Não só dentro do campo, mas também fora. Mas para mim é uma oportunidade dentro do campo. E esses números falam por si mesmo. Estou muito feliz, a viver um bom momento na era Martínez e quero continuar assim porque estou bem. E agora podemos fechar esta qualificação e estamos muito felizes por isso.

— Com Ronaldo, Portugal ganhou um Euro, duas Ligas das Nações e pode conquistar um Mundial. E se o golo mil da sua carreira fosse na final do Mundial?

— Anda a ver muitos filmes [risos] isso era demasiado perfeito. Voltando à realidade, todos esses dados deixam-me feliz. Uma seleção nunca depende de um jogador, mas gosto de poder fazer a diferença com golos. É sempre bom marcar golos, é essa a minha posição. Quero jogar este próximo Mundial, se não, não estava aqui, mas vamos passo a passo. Se isso acontecesse era bom sinal, acabava a carreira em grande.

— O selecionador da Irlanda disse que Portugal jogou muito para o Cristiano, peço-lhe um comentário a isso e o que esperam do jogo da Irlanda, que é decisivo para eles?

— O estádio vai-me assobiar, estou habituado, espero bem que o façam, talvez tiram a pressão a outros jogadores. O que mais quero é desfrutar. Não é decisivo, mas quase, sabemos que com uma vitória qualificamo-nos. Queremos fechar já. Sobre essas afirmações, concordo de alguma maneira. Se eu jogo, é sinal de que faço as coisas bem.

— Como é um jogo decisivo para a Irlanda, espera uma equipa com bloco baixo ou com uma postura diferente?

— Vai ser uma equipa em bloco baixo, não acredito que vão pressionar Portugal lá em cima, acredito que vai ser um jogo parecido ao de Alvalade. Vão estar mais entusiasmados, com os seus adeptos, vão estar mais entusiasmados, os lançamentos vão parecer cantos, mas temos de estar preparados física e mentalmente porque sabemos que vai ser uma batalha.

— O Cristiano vai jogar no próximo Europeu?

— O importante é o foco para este jogo. A Seleção está cá para jogar uma fase final. É mais uma competição muito importante para o país, para os jogadores, para mim também e tudo o resto, neste momento não é relevante. Agora é desfrutar do momento.

— Hoje é mais difícil marcar golos do que antigamente? E o que acha que ganhou e perdeu ao longo da sua carreira?

— Marcar golos é a coisa mais difícil do futebol. Acho que fui inteligente a adaptar-me ao futebol atual, física e mentalmente, a diferentes contextos de clubes, da Seleção, de diferentes ligas. Eu acho que o verdadeiro jogador inteligente adapta-se às circunstâncias do futebol e deveria ser assim. Vou pensar assim até acabar o futebol. Tens de te adaptar, o futebol não é o mesmo de há cinco anos. O que faz diferença nos grandes jogadores é o côco, é a cabeça.

— Espera ter mais espaço e oportunidades do que no último jogo com a Irlanda?

— Não espero isso, acho que taticamente vai ser semelhante, não vão pressionar muito, vão esperar por nós, defender de forma compacta, jogarem no contra-ataque. Mas nós estamos preparados. Sabemos que será difícil, porque fisicamente eles são muito fortes. Mas nós devemos fazer o nosso jogo e tentar ganhá-lo.

— Já jogou aqui na Irlanda há quatro anos, como descreve os adeptos irlandeses?

— Gosto muito dos adeptos aqui, apoiam muito a sua seleção, é maravilhoso. Para mim é um prazer jogar aqui novamente. Vai ser difícil, espero que não puxem muito por mim, prometo que vou tentar ser um bom rapaz. Mas tenho a certeza de que o jogo vai ser difícil.

— O selecionar irlandês disse que Ronaldo tentou condicionar o árbitro…

— A sério? Acho que estava a tentar pressionar o árbitro. De certeza que é inteligente, sabe o que fazer, onde tem de empurrar. Estou nisto há muitos anos, ele sabe como tirar alguma pressão dos jogadores, é um jogo decisivo para eles. Mas eles vão ter as suas oportunidades, têm uma boa equipa, mas acredito que Portugal vai fazer um bom jogo e ganhar.

— John O’Shea está no staff da seleção da Irlanda, costuma falar com o seu antigo colega no Manchester United?

— Se o vir falo com ele, joguei muitos anos com ele, criei uma boa relação com ele. É sempre bom voltar aqui, também conheço algumas pessoas irlandesas, as pessoas são sempre simpáticas comigo e espero que não me assobiem no jogo.

— Que desafios acha que a Irlanda vai apresentar?

— Vão dar tudo, tal como nós. Sabemos que se ganharmos, estaremos no Mundial. Eles precisam da vitória e de mais resultados, mas têm uma hipótese e temos de respeitar isso. Estes jogos na casa de seleções nacionais, é difícil jogar contra elas. Mas todos os nossos jogadores são experientes e estamos preparados.