Jogo diferente, Ronaldo e ambiente em Dublin: tudo o que disse Roberto Martínez
Roberto Martínez projetou a deslocação da Seleção nacional à República da Irlanda, a contar para a 5.ª jornada do Grupo F de qualificação para o Mundial 2026. Recorde o que disse o treinador na antecâmara da partida.
— Por que motivo não chamou substitutos para os lesionados Pedro Neto e Pedro Gonçalves?
— Acho que já falei do estágio em novembro. Preparámos o estágio em que normalmente um ou dois jogadores não conseguem chegar à convocatória. Não sei porquê, mas normalmente o estágio de novembro tem sempre esta situação. Um jogador, quando chega à Seleção, deve chegar no dia da convocatória.
— Que dificuldades espera encontrar nesta quinta-feira, frente à República da Irlanda, face ao encontro em Lisboa?
— A Irlanda vai ser igual, mas o jogo vai ser muito diferente. jogam muito bem sem bola, defendem bem, mas nós também fizemos um trabalho defensivo muito bom. Amanhã vamos ver uma Irlanda que vai chegar ao último terço, que vai correr mais riscos. Uma Irlanda sem bola como esteve em Lisboa, mas com bola não. Será um teste muito importante para nós. A Irlanda vai utilizar a força dos adeptos e as bolas paradas. Um jogo terá fases muito diferentes.
— Sente responsabilidade e pressão acrescida para vencer o Mundial, por ser o último de Cristiano Ronaldo?
— Já falámos sobre isso muitas vezes. Para as equipas técnicas, o foco é ganhar o próximo jogo para conseguirmos o apuramento. Não é olhar para o facto de ser o último Mundial de um jogador, mas sim para os cinco que ele [Ronaldo] já tem. Falei sobre isso no dia da convocatória. Ficou quase proibido falar do Mundial e de olhar para a frente. Estamos a falar agora da Irlanda e queremos ter um bom desempenho.
— Que comentário faz às palavras do selecionador da Irlanda, que afirmou que Portugal tem «algumas fraquezas»?
— Acho que todas as equipas no mundo têm pontos fortes e fraquezas. A equipa perfeita não existe. Temos de levar o jogo para os nossos pontos fortes. Acho que o onze inicial da Irlanda vai ser diferente do onze que utilizaram em Lisboa. Acho que amanhã vamos ver um jogador mais criativo no jogo entrelinhas. Ele falou sobre as suas escolhas e sobre aquilo que a Irlanda poderá fazer com bola.
— Que ambiente espera encontrar no estádio?
— É um estádio fantástico, a força dos adeptos é muito semelhante ao que nós temos, à força que os nossos adeptos dão à Seleção. Fizemos dois estágios muito bons. Amanhã, em Dublin, com um ambiente especial, podemos atingir o nosso objetivo. É importante que Portugal possa, em todos os estádios do mundo, mostrar toda a sua qualidade e paixão.
— Pode explicar a chamada de João Carvalho para substituir José Sá?
— O João Carvalho é um guarda-redes com um potencial incrível. Já trabalhámos com ele. Quando chegou ao treino tinha um sorriso incrível. Foi muito giro ver o seu nível no treino da Seleção A. É mais uma amostra de que temos jogadores preparados para a nossa Seleção. Acredito que será muito importante para a sua carreira.
— Que análise faz à seleção irlandesa?
— É uma equipa muito bem organizada e sincronizada defensivamente. Tem jogadores muito comprometidos. Espero um jogo tal como aconteceu em Lisboa, mas amanhã vamos ver um outro lado da Irlanda, que poderá criar mais perigo com bola e estará mais presente no último terço.
— Tem a qualificação iminente para o Mundial...
— Queremos estar muito focados no jogo de amanhã. Se jogarmos bem, teremos mais hipóteses de ganhar o jogo de amanhã. Queremos fazer seis pontos [nesta paragem]. O adversário tem jogadores muito experientes. Será um grande desafio e um teste interessante, até entusiasmante, para nós. É importante jogarmos bem amanhã, até porque poderá também ser determinante para o futuro da Seleção. Será um desafio real para Portugal. Já experienciei o ambiente deste estádio. Será preciso muita concentração, porque o jogo poderá mudar muito rápido. Será um tipo de jogo mais britânico, facilmente poderá partir. A equipa está preparada para o jogo.
— Como perspetiva o reencontro com Seamus Coleman, que orientou no Everton?
— Usa bem a experiência que tem, a forma como comunica com os outros jogadores, com os companheiros de equipa. É ainda um jogador muito importante para a equipa, sobretudo pelo que pode acrescentar no balneário, certamente.
— Considera que Portugal mostrou alguma frustração no jogo em Lisboa?
— Não creio que frustação seja a palavra. Rematámos ao poste [frente à Irlanda], tivemos 26 remates, o guarda-redes teve uma grande exibição, falhámos um penálti... Portanto, Portugal merecia mais desse jogo, mas acredito que amanhã será um jogo diferente nesse sentido. Não acredito que a equipa tenha mostrado frustração em algum momento. A equipa continuou a acreditar, a atacar e a ir atrás do resultado. No final fomos compensados [com o golo de Rúben Neves ao cair do pano]. Esperamos um jogo da Irlanda mais parecido ao que teve com a Arménia, mas estamos preparados.