Sporting marcou cedo mas foi recuando até acabar por consentir um comprometedor empate - Foto: MIGUEL NUNES
Sporting marcou cedo mas foi recuando até acabar por consentir um comprometedor empate - Foto: MIGUEL NUNES

Leão vestiu fato de gala mas ficou justo até sufocar... (crónica)

Rui Borges fez regressar as peças mais importantes, mudou de indumentária, mas nunca esteve confortável. Sempre amarrado por um SC Braga com vestimenta mais informal mas igualmente sedutora. E eficaz...

Um leão com novo estilo. Coco Chanel, fonte de inspiração do mundo da moda, ficou célebre com uma frase que se tornou num lema: ‘Vista-se mal e notarão o vestido. Vista-se bem e notarão a mulher’. Rui Borges não se terá inspirado nesta antiga costureira gaulesa, mas vestiu o seu leão com fato de gala. Para se fazer notar. Na sua versão original, com os seus principais intérpretes, após a gestão feita em Nápoles. Entraram Vagiannidis, Debast, Morita, Pedro Gonçalves e Luis Suárez para os lugares de Fresneda, Quaresma, João Simões, Geny Catamo e Ioannidis. Peça por peça. Faltava Diomande, sim, mas o costa-marfinense quase nem entrou nas contas esta época devido a uma lesão e quase ainda não se mostrou esta época.  

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Pois bem, um traje para ocasiões especiais (até porque foi estreado um equipamento em tons rosa em alusão a campanha de consciencialização da luta contra o cancro) para receber um convidado (também ele de roxo, de indumentária diferente) que foi incómodo. Deixando quase sempre esse fato de gala do leão demasiado justo e extremamente apertado. Do lado da equipa leonina nada de novo. Com Rui Borges a consolidar o seu 4x2x3x1 sem nuances diferentes do habitual.

O SC Braga, por sua vez, também deixou o fato de guerreiro do Minho. Apresentou-se num estilo mais informal, de maior simplicidade, mas possivelmente mais elegante e sedutor. Num 3x4x1x2 dinâmico, de muita posse e trocas constantes. Com intenção clara de ter bola o máximo tempo possível e bloquear o jogo interior do leão. No trio defensivo era Vitor Carvalho a cair na primeira linha de pressão a Suárez. Victor Gomez, pela direita, estava apenas preocupado em fechar linhas a Maxi Aráujo, Moutinho e Grillitsch iam criando uma barreira muito sólida no corredor central e embatiam de frente com Hjulmand e Morita. Uma zona do terreno muito povoada, de confrontos constantes, mas de poucos espaços. E com um cenário assim... tudo parece atabalhoado.  

Suárez ainda abriu o marcador mas leão acabaria por sucumbir perto do final - Foto: MIGUEL NUNES

O golo de Luis Suárez, pouco antes dos 20 minutos, concluindo excelente arrancada de Pedro Gonçalves na direita que expôs as dificuldades de Lagerbielke (ainda que a decisão do colombiano tenha tido alguma sorte no ressalto após desentendimento de Vítor Carvalho com Niakaté), prometia animar o jogo. Sobretudo com a expetativa, legítima aliás, de lhe oferecer maior dose de risco e objetividade. Até então tudo ia acontecendo distante das balizas (exceto a ameaça de Quenda logo aos 3’ de longa distância), com pouco rasgo e, sobretudo, assente num sem número de passes errados e más decisões.

Os gritos de Rui Borges, para a acordar a equipa, não se fizeram ouvir. O leão aperaltou-se para este jogo, mas passou sempre a ideia de não estar confortável. Nem com a dinâmica e a posse bracarense, nem com a magra vantagem. Era obrigatório mudar na segunda parte. O leão parecia não ter antídoto para se libertar das amarras bracarenses e estes, por sua vez, também pareciam não querer ferir o adversário. O primeiro remate enquadrado dos minhotos surgiu em cima do intervalo por Ricardo Horta. Que, juntamente com Zalazar (Pau Victor foi invisível...), eram quem tinham ordem para arriscar na linha ofensiva. 

Mais emoção, menos inspiração 

Na etapa final os treinadores procuraram terminar com os bocejos nas bancadas. Mudando peças e estratégias. Sobretudo do lado bracarense que viveu o seu melhor período no primeiro quarto de hora da segunda parte. Maior verticalidade, com Zalazar (que andava numa busca incessante pela bola no último terço) a recuar para dar maior critério na construção. Saiu também o desgastado Moutinho (sempre assobiado em Alvalade...) e entrou Gorby para se ganhar outra rotação acima. A entrada de uma referência como Navarro também foi importante. Ponto alto? Aos 54’ e para não se apreciar sempre o golo aconselhamos a puxar a fita atrás e ver a defesa monstruosa de Rui Silva a remate de Lelo. Uns minutos antes tinha sido Vítor Carvalho a ameaçar. E Zalazar também sempre com espaço e tempo para atirar.  

O Sporting foi obrigado a recuar e a... sofrer. Muito. O fato de gala parecia mais apertado a cada minuto. E Rui Borges tardava em mexer. As saídas de Trincão (noite muito apagada) e Morita foram naturais. Entrou Alisson, um novo espalha brasas em Alvalade, e Kochorashvili para dar maior fulgor e músculo ao miolo. Mas o Sporting não cresceu. Conseguiu conter de forma mais segura a liberdade territorial do SC Braga mas no ataque só o novato Alisson, pela irreverência e profundidade, criava problemas (que bomba aos 78’!). Sempre curto, aliás, para o que o SC Braga ameaçava. O fato de gala apertado, sem grande surpresa, acabou por... sufocar o leão. Já depois dos 90’. Penálti de Hjulmand sobre Lagerbielke e os minhotos voltaram a festejar em Alvalade em cima da hora, tal como na época passada. Alisson, no último suspiro, ainda esteve perto de voar e juntar uma capa de herói à nova veste do leão mas foi por cima...