José Fonte revela interesse de Mourinho e segredo de Fernando Santos no Euro
Aos 41 anos, José Fonte continua a ser futebolista, no Casa Pia, e a verdade é que conseguiu começar a brilhar numa fase mais adiantada da carreira e não no início, mas esse aspeto também foi importante para atingir o que atingiu na sua vida, segundo o próprio, lembrando duas dispensas do Sporting.
«Não foram tempos espetaculares, porque nunca fui um jogador que fosse visto como um possível jogador da primeira equipa do Sporting. Um jogador de qualidade. Sempre um jogador que havia algumas dúvidas. Faz parte. Acho que acima de tudo deixou em mim um fogo ainda maior para provar a mim mesmo que tinha a capacidade. Mas foi para provar mais a mim próprio e isso sempre me deu alguma força. Não foi a primeira vez, porque eu também fui dispensado quando tinha 12 anos para o Sacavenense. Fiz 2, 3 anos no Sporting e fui dispensado logo aos 13 anos para o Sacavenense. E já foi aí nessa altura que já me começou a dar alguma... revolta e de... tenho que fazer mais qualquer coisa. E o que é facto é que passado dois anos fui outra vez contratado pelo Sporting e foram quatro anos importantes no meu desenvolvimento. Aos 19 anos acabou a equipa B», começou por dizer o defesa, em entrevista ao podcast The Premier Pub da DAZN, contando essa grande aventura em Inglaterra, principalmente ao serviço do Southampton.
«Acho que eu tive a capacidade de me adaptar ao meio onde estava, ou seja, quando vou para a Inglaterra aos 23 anos, depois de fazer duas épocas na primeira divisão em Portugal, quando cheguei a Inglaterra tive que me adaptar rapidamente ao estilo de futebol direto. Só duelos, não havia meio-campo, a bola era sempre avançado, defesa, duelos, segundas bolas, jogo muito físico. Então tive que me adaptar a esse futebol, tive de ir para o ginásio, tive de ganhar peso. Tens de ser um super atleta, ou seja, o futebol evoluiu no sentido de te tornar um super atleta, muito físico. E depois foi o jogo mental... é um jogo mental na Premier. Tu não podes cometer erros contra Kun Agüero ou contra Luis Suárez, porque senão vais pagar. E o foco e a concentração, no Championship ou na 3ª divisão, tu descais de uma vez ou outra, eles não marcam, eles mandam ao lado, ou não estão na posição certa. Mas se na Premier tu te descuidas… golo», atirou, lembrando a saída dos saints.
«Só que a verdade é que eu gostava mesmo de estar no Southampton e nunca forcei muito a saída. Mas chegou a um ponto em que eu queria ganhar um bocadinho mais. Eu sabia que havia dois ou três jogadores na minha equipa que não jogavam. Eu era o capitão, tinha acabado de ganhar o Euro, estava com um bocadinho de moral. Comecei a olhar e a pensar: 'O guarda-redes ganha mais do que eu. O miúdo de 18 ou 19 anos ganha mais do que eu. Há aqui alguma coisa que está mal.' E fui pedir mais. Pedi um bocadinho mais. E aí a relação começou a mudar, porque eles tinham-me renovado o contrato há um ano, ou seis meses atrás. Mas eu fui, fui falar. Senti-me no direito de falar. E a relação começou a ser diferente a partir daí», explicou, afirmando que esteve muito perto de rumar ao Manchester United, de José Mourinho.
«Durante o verão, falou-se nessas possibilidades do Mourinho e do Manchester United, mas depois o Jorge Mendes disse-me que o Phil Jones não ia sair, que tudo dependia do Phil Jones, mas o Mourinho não tinha a certeza se o Phil Jones ia sair. Nunca foi nada de concreto, foram apenas conversas e boatos. E a única coisa que surgiu foram propostas da Premier League, mas de outros clubes: do West Ham e do West Bromwich. E no fim acabei por decidir pelo West Ham», disse, terminando com a conquista do Euro 2016, dando mérito a Fernando Santos.
«A seleção nunca jogou o futebol mais atraente do planeta, mas o que conta é ganhar e o mister Fernando Santos tem de crédito, porque encontrou uma forma de ganhar. E essa forma foi de ter toda a gente ligada, com ele não há brincadeira. Quando vais para um jogo com ele, já vais com aquela 'não posso facilitar um milímetro'. Impossível. Nem todos os líderes conseguem isso e todos os jogadores tinham esse sentimento. É o nós, não o eu. E foi esse espírito de equipa que nos levou à conquista. Desde o primeiro dia que começou com a conversa de ganhar o Euro e nós começámos a acreditar. Quando passas a Croácia, sabes que podemos ganhar à Polónia... País de Gales foi um jogo difícil e na final tudo pode acontecer, e aconteceu», finalizou.