João Almeida confiante à entrada da última semana da Vuelta 2025

João Almeida: «Vamos dar tudo para vencer esta Vuelta!»

O português da UAE Emirates reconhece que a tarefa é complicada, elogia Jonas Vingegaard, de que diz ainda não ter notado algum momento de fraqueza, mas afirma estar com «boas sensações, confiante e com as pernas prontas» para atacar a camisola vermelha

João Almeida afirma estar com «boas sensações, confiante e com as pernas prontas» para atacar a liderança de Jonas Vingegaard na derradeira semana da Volta a Espanha, a partir de terça-feira. O português da UAE Emirates reconhece que a tarefa é complicada, elogia o adversário dinamarquês, de que diz ainda não ter notado algum momento de fraqueza. São 48 segundos que garante vir a dar «tudo» e o seu «melhor» para superar pela conquista da ambicionada camisola vermelha.

O corredor luso falou aos jornalistas em conferência de imprensa no segundo dia de descanso da corrida, em Pontevedra.

-Como é se sente no arranque da semana decisiva da Vuelta?

-Sinto-me bem, com boas sensações, recuperado o melhor possível do esforço das duas primeiras semanas, que foram muito duras e intensas. Mas as pernas estão boas, prontas, e estou confiante para o que falta. Vamos dar tudo para alcançar o nosso objetivo, que é vencer esta Vuelta. O adversário é bastante forte, não será tarefa fácil. Queremos dar o melhor nas chegadas em alto e no contrarrelógio, procurar todos os segundos possíveis. Para ganhar tempo, é preciso ser-se superior, estar mais forte do que o adversário.

-O que é que espera das etapas que restam e quais serão as que considera fundamentais para assaltar a camisola vermelha?

- Esta semana, serão quase todas, desde a de amanhã [terça-feira], e todas as que têm chegada em alto e em subidas duras. E há também o contrarrelógio. Mas é como disse, vamos dar o nosso melhor e ver o que dá...

João Almeida e Juan Ayuso: aliança improvável que poderá vir a ser decisiva?

-Fala-se num eventual desgaste de Vingegaard, por ter disputado o Tour até ao fim, e o João apenas nove etapas. Considera que Vingegaard pode acusar fadiga durante a última semana?

- Pois, é sempre uma incógnita. Normalmente sim, mas creio que o desgaste afetará a todos nesta última semana. Acho que estamos todos um bocadinho em pé da igualdade, portanto, creio que talvez não... [Vingegaard acusar o esforço]. Vai ser complicado vencê-lo, mas o importante é darmos o nosso melhor e tentarmos. Corrermos para tentar ganhar, e é isso que vamos fazer.

- Houve vários comentários da imprensa sobre a atitude competitiva que mostrou na subida do Angliru, atacando, mantendo o ritmo, não olhando para trás. Como recorda, agora mais a frio, essa vitória?

- Foi definitivamente um dia muito especial. Tínhamos um plano, que executámos bem, e felizmente tive um dia com excelentes pernas. E pronto, já conhecia a subida e tentei fazê-la à minha maneira. Lá está, mais uma vez maximizar as minhas pernas. Digamos que foi - como poderei definir? - um bocadinho interminável, nunca mais acabava aquele último quilómetro, tornou-se muito longo, onde as pendentes são mais elevadas. Foi especial ganhar no Angliru, e talvez uma das vitórias mais especiais da minha carreira.

- Foi visto esta segunda-feira a chegar do treino de hoje um pouco mais tarde e apenas com Juan Ayuso. Fizeram algum treino especial, estão a preparar alguma tática?

- Não, calhou. Chegámos juntos apenas. Como já disse antes, damo-nos bem, não temos qualquer problema um com o outro. Tivemos o mesmo tempo de treino, e foi por causa disso...

- Notou fraqueza, em algum momento, em Jonas Vingegaard?

- Não, a verdade é que não. Tem-me parecido bastante forte todos os dias, bastante consistente. Mas também já é um bocadinho a sua imagem de marca, é um corredor muito forte, muito consistente.

- Como encara a possibilidade de igualar ou mesmo superar o melhor resultado de um português na Vuelta, o 2.º lugar de Joaquim Agostinho em 1974.

- Seria uma honra! Há sempre as comparações entre mim e Joaquim Agostinho. Obviamente são tempos diferentes, o ciclismo é diferente, se calhar na altura eram tempos mais difíceis. Acho que a maioria dos ciclistas que fazia essas corridas, muitos também trabalhavam noutras atividades, etc... Eram outros tempos. De qualquer modo, poder igualar o maior de sempre de Portugal seria uma honra, e dá-me mais motivação para dar o meu melhor. E esperamos que depois de mim venha outro para fazer ainda melhor.

- Que opinião tem sobre os protestos de manifestantes pró-Palestina nas estradas, que tem sido um tema forte desta Vuelta?

- Penso que toda a gente tem direito de protestar e de se manifestar, é correto. Só não concordo é que interfiram com a nossa corrida e nos ponham em perigo. Creio que fazer uma manifestação de forma em que se coloca uma corrida de bicicletas em perigo não faz muito sentido. É o que tenho a dizer.

- Alguma mensagem de Tadej Pogacar?

- Sim, tanto com ele como de vários colegas de equipa que não estão nesta Vuelta. Temos sempre grupos de conversação e falamos todos. Vamos motivando-nos uns aos outros em todas as corridas, não só nesta. Daí gostar tanto de estar nesta equipa, damos todos bem, temos todos um bom ambiente.

- Qual é a importância de ter Ivo Oliveira nesta longa caminhada?

- É importante. O Ivo não tem de provar nada a ninguém, já mostrou o ciclista que é, tanto é para ele como é para os colegas de equipa. É um corredor com muito valor, e o facto de ser português, ainda melhor, não é? Digamos que é o amigo que temos aqui e que faz sempre tudo, tornando as coisas um bocadinho mais fáceis. Passamos bons momentos que vamos recordar, certamente, para o resto da nossa vida. É um orgulho que ele faça parte da equipa e que estejamos a fazer esta corrida juntos.