João Almeida igualou Agostinho, que foi 2.º na Vuelta em 1974 - Foto: IMAGO

João Almeida no duelo de gigantes, estratégias e 'mind games' do Europeu

Quatro dos melhores corredores do mundo vão amanhã, a partir das 10h45, para a estrada, atrás do título de campeão da Europa, que será entregue em França depois de 202, 5 quilómetros. Pogacar, Vingegaard, Evenepoel - que não se cruzavam numa corrida de um dia há 1262 dias! - e Almeida, claro, são candidatos de luxo!

António Morgado, João Almeida, Rui Costa e Tiago Antunes são os quatro portugueses que amanhã, a partir das 10h45, vão para a estrada para dar o melhor na corrida de fundo de elites no Europeu de França. Uma corrida de 202,5 quilómetros, na região de Ardèche, com um total de 3.306 metros de desnível acumulado que reúne as maiores estrelas do ciclismo do velho continente onde, não faltarão, além do português João Almeida, rivais como Tadej Pogacar, Jonas Vingegaard e Remco Evenepoel.  

Um duelo de luxo onde não faltarão outros adversários à altura.

Porém, é para o esloveno Tadej Pogacar, considerado unanimemente o melhor da atualidade, recém-consagrado bicampeão mundial em Kigali, Ruanda, e vencedor de quatro Tour de França (e os dois últimos), entre dezenas de conquistas de grande prestígio, que todos os olhos estarão virados. E com razão.

«Sinto-me muito bem, mesmo depois de uma longa viagem para casa e depois para cá. Estou feliz por estar aqui e poder testar minhas pernas neste domingo!», avisou Pogacar. «As subidas são realmente difíceis! Mas são mais curtas, então será mais explosivo, com muita força. Devemos ver mais corredores a lutar pela vitória do que no Campeonato Mundia», considerou o esloveno feliz com a concorrência.

«Espero que as pessoas fiquem felizes por nós estarmos aqui, para mim isso definitivamente acrescenta motivação», disse o corredor da UAE Emirates.

Como se não bastasse Pogi, a corrida conta com o seu arquirrival na Grande Boucle nos cinco anos mais recentes, Jonas Vingegaard, dinamarquês vencedor dois Tour (contra Pogacar) e da Vuelta em 2025.

Mais cauteloso, descartou o favoritismo para outros. «Tadej Pogacar e Remco Evenepoel são os principais favoritos para domingo», declarou o dinamarquês. «Este Campeonato Europeu de Estrada é um teste. Sempre tive dificuldades com corridas de um dia, então este Europeu é um teste. Não é um objetivo importante para a temporada; ganhar experiência é mais importante para mim do que vencer». argumentou.

Apesar disso, o ciclista destacou que poderá contar com companheiros de peso na seleção da Dinamarca. «Tenho a vantagem de ter Pedersen e Skjelmose na equipe dinamarquesa. Eles são fortes em corridas de um dia, então posso contar com a experiência e o conhecimento deles», contou.

Mas esta luta está longe de se fazer a dois e o belga Remco Evenepoel, campeão mundial, europeu e olímpico de contrarrelógio, medalha de ouro da corrida em linha em Paris-2024 e já ganhador da camisola arco-íris de fundo em 2022, além do monumento Bastogne-Liège duas vezes, garante que está pronto para a vingança. 

«Há muito tempo que não me sentia em tão boa forma, mas é um percurso difícil. Será especialmente duro quando chegarmos a Valence. As pernas falarão por si durante as voltas locais», explicou o corredor que conquistou a prata no Mundial.

«O percurso pode ser mais exigente, no geral, do que o do Mundial no Ruanda. Será uma corrida mais aberta. Portanto, o posicionamento será mais importante do que em Kigali. Faremos 3 subidas de 20 minutos cada. Ou seja, cerca de 1 hora no total. Quem tiver as melhores pernas vencerá, com certeza», avisou.

Remco não acredita que Pogacar ataque cedo. «A primeira parte é fácil demais para isso. Acho que só vai ficar perigoso a partir da segunda ou até da terceira volta. Mas é claro que temos que estar sempre vigilantes. Chegar ao final com um grupo de no máximo 10 ciclistas e, então, atacar no momento certo e chegar sozinho, esse seria o cenário ideal para mim», revelou.

Estratégias não faltam para a mais esperada das provas dos Europeus, onde todos querem ver como se vai apresentar o português João Almeida. Depois de não ter estado no Mundial, por opção, e ter falhado o contrarrelógio do meio da semana por não se sentir bem, amanhã terá novo teste frente a concorrência de peso.

O melhor corredor português do momento tem feito a sua afirmação na hierarquia mundial de forma discreta mas consistente e esta será a sua mais bem sucedida temporada, com com as vitórias em três corridas por etapas do WorldTour consecutivas - Voltas ao País Basco, Romandia e Suíça -, a segunda posição na Vuelta, igualando o melhor resultado de um português, Joaquim Agostinho, numa Grande Volta.  

João Almeida assumiu em A BOLA estar desgastado, física e mentalmente, após 69 dias de intensa competição, mas haverá sempre espaço para mais um esforço. «Mentalmente, tem sido um pouco difícil. Não me preparei muito para o Campeonato Europeu. Na verdade, não estou no meu melhor, mas vou dar o meu melhor», disse há dois.