Capitão dos bracarenses desbravou o caminho para um triunfo épico na Escócia
Capitão dos bracarenses desbravou o caminho para um triunfo épico na Escócia

Guerreiros 'protestantes' em território de católicos (crónica)

Minhotos deram um pontapé na crise de resultados e venceram em Glasgow. Ricardo Horta voltou aos golos um mês e meio depois e Gabri Martínez, perto do fim, selou um triunfo histórico. Confiança para... Alvalade

Em terra de católicos sê... protestante. Não, caro leitor, não se tratava de mais um Old Firm — maior e eterno clássico do futebol escocês que é disputado por Celtic e Rangers —, mas a verdade é que o SC Braga quis protestar contra a própria crise de resultados a nível interno (cinco jogos consecutivos sem ganhar para o campeonato) e levou avante uma revolta que teve ainda mais sentido por ter sido liderada pelo emblemático capitão: Ricardo Horta, pois claro.

A exibição dos arsenalistas não foi de encher o olho, mas num duelo que se perspetivava extremamente difícil, diante de um adversário com um peso significativo na Europa e, acima de tudo, com um SC Braga a desconfiar de si próprio em virtude dos (já referidos) últimos resultados, o mais importante foi conseguido: trazer da igreja de Glasgow (o Celtic Park) os três pontos na bagagem.

E se tivermos em linha de conta que os bracarenses já haviam derrotado o Feyenoord (1-0), na ronda inaugural desta fase liga, então é caso para dizer que há no Minho um doce travo europeu. Seis pontos já estão carimbados.

Em pleno território de católicos — que já viveu melhores dias, uma vez que os adeptos estão de costas voltadas com os dirigentes do clube, razão pela qual não se sentiu (de todo) o habitual fervor dos estádios britânicos, o que até permitiu que os adeptos bracarenses se fizessem ouvir alto e bom som durante largos minutos —, os guerreiros fizeram prova de fé e depois de chegarem à vantagem souberam gerir, sofrer quando foi preciso, e ainda ousaram aumentar o score.

O primeiro sinal de perigo foi dado pelos da casa, mas Lukas Hornicek, bastante concentrado, negou os intentos Tounekti (13'). Responderam os arsenalistas, mas Vítor Carvalho, em boa posição, falhou um golo cantado (18'). Não marcou o brasileiro... marcou Ricardo Horta: o capitão encheu-se de fé e disparou forte, do meio da rua, para o fundo das redes da baliza contrária — «Thanks, Schmeichel», pode dizer Horta (que já não marcava há um mês e meio), tamanho foi o frango do filho do antigo guarda-redes do Sporting.

A vantagem fez muito bem aos comandados de Vicens e o controlo foi praticamente absoluto até ao intervalo. Que personalidade! Na etapa complementar esperava-se uma reação dos escoceses, mas a excelente postura dos arsenalistas (e Hornicek) impediu que o verde e branco emergisse.

Kelechi Iheanacho ainda empatou (51'), mas o VAR alertou o árbitro para uma mão do ponta de lança nigeriano e lance foi anulado — os bracarenses iam mesmo escrever história e vencer pela primeira vez na Escócia...

Depois disso, houve show de Lukas Hornicek, com o keeper dos minhotos a negar os golos a Kieran Tierney (63') e Tounekti (74'). Duas defesas absolutamente extraordinárias e verdadeiramente decisivas.

O selo no triunfo foi dado por Gabri Martínez... às três tabelas. Mas contou. E ainda bem. Grande SC Braga europeu e motivação em alta para... Alvalade, no domingo.