Dose de vacina europeia cura gripe dos guerreiros (crónica)
Já lá ia quase um mês desde a última vitória do SC Braga. A 28 de agosto, os arsenalistas receberam e golearam (5-1) o Lincoln Red Imps, na segunda mão do play-off de acesso a esta UEFA Europa League.
Depois disso, os minhotos entraram numa espiral negativa e somaram três encontros consecutivos sem qualquer triunfo: Rio Ave (2-2), Gil Vicente (0-1) e Vitória de Guimarães (1-1). As últimas três semanas de campeonato não deixaram, portanto, saudades...
Mas como não há mal que sempre dure, os guerreiros foram em busca do antídoto para esta fase e agarraram-se às ajudas externas para voltarem a sorrir. Se tinha sido nas provas internacionais que tinham vencido pela última vez, foi nas provas internacionais que se reencontraram com os bons resultados. Com o (não menos importante) acréscimo de moral que significa derrotar o Feyenoord, um clube de créditos firmados na Europa e que esta época tinha apenas um desaire em jogos oficiais - diante do Fenerbahçe (na altura orientado por... José Mourinho), por ocasião da segunda mão da 3.ª pré-eliminatória de acesso à Champions (2-5).
Previa-se uma tarefa complicada para os arsenalistas. Mas como as grandes batalhas são dadas aos grandes guerreiros, os comandados de Carlos Vicens sentiram que estava na hora de darem uma resposta à altura da exigência do clube e aproveitaram a excelência do contexto para combaterem o frio que já se vai sentindo e aqueceram a alma da Pedreira.
O técnico espanhol voltou a mudar o figurino da equipa - linha de três centrais (Lagerbielke, Niakaté e Bright Arrey-Mbi), com Víctor Gómez e Leonardo Lelo a darem profundidade (e de que maneira!) pelos corredores, Gabriel Moscardo e João Moutinho nos equilíbrios e Ricardo Horta nas costas de Rodrigo Zalazar e El Ouazzani - e a verdade é que a estratégia resultou em pleno. Não só pelo (excelente) resultado, mas também porque houve uma demonstração de processos que, num passado recente, tinha sido apenas uma miragem.
O SC Braga defendeu de forma compacta quando o Feyenoord esteve por cima do jogo, nomeadamente na primeira meia hora, mas depois disso veio ao de cima a personalidade dos minhotos. Especialmente na segunda parte. Período de enorme fulgor do conjunto português, com circulação rápida a toda a largura e várias aproximações perigosas à baliza neerlandesa.
Ricardo Horta tinha dado o mote mesmo em cima do intervalo, El Ouazzani, João Moutinho e Diego Rodrigues também quiseram ser felizes na etapa complementar. Nesta fase, os de Roterdão tentavam aguentar o nulo e a ameaça que ousaram estava ferida de... legalidade: Cyle Larin cabeceou ao poste, mas em posição de fora de jogo.
No ataque seguinte... golo do SC Braga: Leonardo Lelo (claro!) cruzou da esquerda e Fran Navarro (naturalmente!), à ponta de lança, rematou de pé esquerdo para o 1-0. A Pedreira delirou e os guerreiros curaram a gripe (nacional) com uma dose de vacina europeia.