Genialidade do camisola 10 da equipa das Quinas andou à solta em Barcelos (Foto: Hugo Delgado/LUSA)
Genialidade do camisola 10 da equipa das Quinas andou à solta em Barcelos (Foto: Hugo Delgado/LUSA)

Goleada é como a justiça: (de)Mora... mas não falha (crónica)

Nulo ao intervalo era profundamente enganador, tanto foi o caudal ofensivo nacional. Segunda parte foi o espelho fiel da qualidade destes jovens, com o criativo portista a brilhar. Luís Freire com estreia... de sonho

Muitas vezes diz-se, em bom português, que a justiça tarda mas não falha. Apliquemos o chavão da sociedade ao futebol e temos o retrato do que se passou neste duelo entre Portugal e Azerbaijão, da 1.ª jornada do Grupo B de apuramento para o Campeonato da Europa de sub-21 de 2027, que vai realizar-se na Albânia e na Sérvia.

Porque, na realidade, quem tivesse conhecimento do resultado ao intervalo (0-0), sem ter assistido aos primeiros 45 minutos, não teria noção, por certo, da injustiça que transparecia do nulo.

Afinal, Portugal confirmou, desde muito cedo, que era amplamente superior ao Azerbaijão, alugou o meio-campo ofensivo e criou situações de golo em catadupa. Por uma ou por outra razão a bola não quis entrar, mas estava escrito nas estrelas que a estreia oficial de Luís Freire como selecionador nacional do escalão seria para mais tarde recordar: de mão cheia!

As esperanças lusas tiveram a mentalidade correta no regresso dos balneários: continuar o jogo de paciência, manter o futebol a toda a largura para que a exploração dos corredores obrigasse o adversário a cansar-se e, por consequência, a abrir espaços (interiores e/ou exteriores), e, não menos importante, não desesperar pelo facto de a bola não entrar. Bingo! Portugal voltou a dominar por completo na etapa complementar - o único susto, aos 40 minutos, com um cabeceamento de Salyanskiy a rasar a barra, não passou disso mesmo, uma mera ameaça que não teve consequências - e os golos foram... aparecendo.

Rodrigo Mora, logo a abrir agradeceu a Mateus Fernandes e desatou o nó. Depois de tanto porfiar na primeira parte - até uma bola à barra tinha enviado -, o génio do FC Porto conseguiu, enfim, ser feliz. E com o nulo desfeito, acreditava-se que a goleada chegaria. E chegou. Pouco depois, Geovany Quenda (outro dos que tanto merecia) testou a potência do seu pé esquerdo e, contando com uma ligeira contribuição do guarda-redes contrário, fez o 2-0.

A equipa das Quinas continuava absolutamente avassaladora e não demorou muito até que o marcador voltasse a funcionar: Leonardo Barroso também rematou forte e, neste caso, teve uma contribuição ainda maior de Farzullayev. Em bom português diz-se... um frango.

O pé não saía da chapa e ainda haveria de aparecer outro criativo de alto nível: Gustavo Sá. O médio do Famalicão, com o seu habitual requinte, convidou Carlos Forbs a inscrever, também ele, o nome na lista de marcadores. O desvio num adversário deu uma ajuda e... 4-0. Mas a mão cheia (para abrilhantar a estreia de Luís Freire) estava prometida: Tiago Parente assistiu e Vivaldo Semedo não perdoou.

Por vezes, a goleada é como a justiça: (de)Mora... mas não falha. Rodrigo e companhia mereceram.