Formou-se no Sporting e no Benfica e agora fez uma 'manita' na Taça
Há jogos que marcam carreiras e há jogadores que nunca esquecem determinadas partidas e, certamente, Diogo Lopes David — mais conhecido por Dida no mundo do futebol — nunca irá esquecer a segunda parte do jogo frente ao CD Lajense, da 1.ª eliminatória da Taça de Portugal, na qual o avançado de 29 anos marcou cinco golos pelo Lusitano de Évora. Cinco grandes motivos para sorrir.
Após a goleada (7-1) e a manita na prova rainha, Dida conversou com A BOLA sobre todos os sentimentos vividos no Campo Municipal das Lajes do Pico.
«Podemos considerar que foi jogo perfeito: passámos à eliminatória seguinte da Taça e consegui ajudar a equipa com cinco golos. Estou muito feliz por este momento», começou por afirmar.
Se concretizar cinco golos num jogo já é complicado, mais difícil é fazâ-lo em apenas 45 minutos, mas foi isso mesmo que o avançado do Lusitano de Évora conseguiu. Começou como titular, mas não marcou nenhum golo na primeira parte e as coisas não estavam fáceis, como explicou:«Foi uma primeira parte menos conseguida, não estávamos a conseguir chegar com sucesso à área adversária. Ainda tive uma oportunidade num ressalto, após um canto: tentei finalizar com um pontapé acrobático, mas a bola acabou por sair muito por cima.»
Ao intervalo, o Lusitano de Évora estava empatado (1-1). Edgar Mendes tinha marcado para o Lajense, enquanto Guilherme Sequeira fez o golo da equipa de Dida. Era difícil imaginar tudo o que se iria passar no segundo tempo. Apesar das dificuldades em ajudar a equipa na primeira parte, Dida mostrou-se focado no seu trabalho:«Não estava desmotivado; queria ajudar a equipa a dar a volta ao resultado, acreditava que ia marcar. Mas cinco golos... foi o trabalho coletivo da equipa que me proporcionou esse momento.»
No meio de tantos golos, e todos bastante diferentes, há sempre um que se destaca. Dida escolheu o seu quarto golo e explicou como tudo aconteceu.
«Foi jogada coletiva construída pelo lado esquerdo, onde surgiu um cruzamento rasteiro que finalizei de primeira para o lado contrário do guarda-redes, num bom gesto técnico», contou.
Na temporada passada, o Lusitano de Évora eliminou o Aves SAD da Taça de Portugal com um bis de Dida (19’ e 64’). O avançado recordou esse feito, frente a equipa primodivisionária.
«Eliminar equipa da Liga e contribuir com dois golos sensacionais é especial. Foi tarde mítica no Campo Estrela, onde mostrámos a força do Lusitano», recordou.
Depois de eliminar o Aves SAD, seguiu-se outra equipa da Liga — neste caso, o SC Braga, nos oitavos de final.
«Foi sensação muito boa, desde novos sonhamos em jogar em estádios como o do SC Braga e caímos de pé contra um grande. Fizemos bonito percurso na Taça de Portugal», avaliou.
Em relação aos grandes objetivos desta temporada do Lusitano de Évora, o avançado mostrou-se confiante numa boa campanha dos alentejanos. «O projeto do Lusitano é muito aliciante, o clube está a crescer e quer chegar o mais alto possível. Proporcionam todas as condições, acabámos de subir do CP e procuramos fazer uma boa época na Liga 3», vincou.
Dida vai para o terceiro ano em Évora e mostrou-se muito feliz com a cidade: «Gosto muito de cá estar. É uma cidade muito desenvolvida, mas aquilo que mais me fascina é a envolvência entre o clube e a cidade, eles vivem muito o futebol», explicou o avançado.
DESILUSÃO NA LITUÂNIA
Em 2017, teve a primeira e única experiência no estrangeiro. Na Lituânia, vestiu a camisola do Stumbras, mas acabou por fazer apenas um jogo. «Foi um projeto que apareceu na altura em que o objetivo era dar o salto para a Europa, o dono do clube era português e o Stumbras ia às pré-eliminatórias da Liga Europa. Vi com bons olhos e fui atrás do sonho», justificou. Mas nem tudo aconteceu como esperava e a aventura europeia durou pouco.
«Tive problema com os direitos de formação, não consegui assinar contrato profissional e só jogava pela equipa B, na segunda liga. Passaram quatro meses e não se resolvia a questão, por isso decidi voltar.»
Nascido em Lisboa, fez toda a formação na capital. Começou no Sp. Lourel, onde jogou duas temporadas, até dar o salto para a Academia de Alcochete, onde vestiu a camisola do Sporting durante três temporadas. Em 2007/08 ingressou nos sub-13 do Belenenses, onde ficou até aos sub-17, e seguiu para o Benfica, onde fez três temporadas. Dida dá muita importância ao facto de ter feito formação em clubes grandes.
«Passam-nos valores humanos e desportivos muito importantes, que nos preparam para o futuro no mundo do futebol, que nem sempre corre como esperamos ou sonhamos», defendeu.
COMO TUDO COMEÇOU
Foi no Sporting Lourel, equipa de Sintra, que começou a carreira de Dida. O avançado recordou o início do seu percurso no futebol.
«A melhor memória era jogar com o meu irmão, mais velho um ano. Era o mais novinho da equipa, mas entenderam que tinha capacidade para jogar com os mais velhos. Dei nas vistas e fui fazer uns treinos de captação ao Sporting e acabei por ficar; treinávamos e jogávamos no campo da Casa Pia, na altura», desfiou.
Na temporada passada, fez 13 golos e 10 assistências com a camisola do Lusitano de Évora, na que foi a melhor época da carreira como sénior. E quer mais em 2025/26, tendo por objetivo «marcar mais golos do que na temporada passada»
Formação ao lado de Rúben Dias, Gonçalo Guedes e Renato Sanches
A formação de Dida foi feita entre Sporting, Belenenses e Benfica e, nos encarnados, conquistou o título pelos sub-17 (juvenis), em 2012/13. O avançado falou sobre os jogadores com quem fez formação, sobretudo no Seixal: «Cruzei-me com muitos jogadores no Sporting e no Benfica. Do Sporting há alguns pela Europa, outros na Liga e até alguns que já deixaram de jogar há algum tempo. Em relação ao Benfica, partilhei o balneário, por exemplo, com Rúben Dias, Gonçalo Guedes, Renato Sanches, entre outros da geração de 1995. Fui treinado por Renato Paiva e Bruno Lage.»
Alcunha colocada por Bruno Lage
Diogo Lopes David no cartão de cidadão, mas no futebol é mais conhecido como... Dida. A alcunha remete para o tempo que passou pela formação do Benfica, como explica: «Foi o Bruno Lage que me deu a alcunha de Dida, na altura era juvenil B. A meio da época comecei a treinar com os juvenis A, estava a fazer uma grande época e subiram-me. Bruno Lage disse que Diogo David não podia ser, era muito grande, e que a partir daquela altura passava a ser apenas Dida.» A alcunha pegou e dura até aos dias de hoje.