FC Porto: depois da tempestade veio (mesmo) a bonança
Operado ao joelho esquerdo no dia 26 de fevereiro de 2024, Zaidu viveu uma época 2023/2024 negativa, contabilizando apenas 10 jogos pelos azuis e brancos. Esse registou contrastou, claramente, com o que o lateral-esquerdo tinha conseguido nas três temporadas anteriores - chegou ao FC Porto em 2020/2021 -, quando somou 112 partidas (seis golos e uma assistência).
O período de recuperação à cirurgia (rotura total do ligamento cruzado anterior e do ligamento lateral externo do joelho esquerdo) foi longo e em 2024/2025 o canhoto foi utilizado em dois encontros da equipa B e, depois, em seis na elite portista.
Durante este mercado de verão, Zaidu foi apontado à saída do emblema da Invicta, somando alguns interessados nos seus serviços. Mas a verdade é que o internacional nigeriano acabou por ficar no FC Porto e depois da tempestade veio mesmo a bonança: foi utilizado nos quatros jogos da Liga (tendo sido titular em dois) e em Barcelos, na 2.ª jornada, fez uma assistência para golos, oferecendo o 2-0 a Pepê diante do Gil Vicente - Victor Froholdt havia aberto o ativo.
A viver um bom momento, Zaidu é, agora, analisado em A BOLA por Luís Morgado, que era treinador-adjunto do Santa Clara quando os açorianos recrutaram o esquerdino ao Mirandela (2019/2020).
«Na altura, fez a pré-época connosco, adaptou-se muito bem ao contexto e ao grupo e ficou, por direito próprio, no plantel. Era lateral, mas também jogava muitas vezes como central, era polivalente. Mas era, e é, um jogador de corredor. O Zaidu tem na velocidade uma das suas principais qualidades e nos últimos anos tem vindo a melhorar alguns aspetos em que tinha lacunas. Não estou minimamente surpreendido pela afirmação que teve no FC Porto», salienta Luís Morgado, recordando um episódio curioso nos primeiros dias de Zaidu nos Açores: «Quando chegou ao Santa Clara, nas entrevistas individuais com a equipa técnica, dizia que queria ser o melhor lateral-esquerdo do mundo. Dissemos que teria de impor-se no Santa Clara para poder chegar à seleção da Nigéria. Tudo isso aconteceu e fico muito feliz.»
A atualidade diz que Zaidu está de regresso aos dias felizes e o técnico não se mostra minimamente surpreendido. «É um jogador muito útil ao FC Porto, até porque tem características diferentes do Francisco Moura. Está a agarrar a oportunidade e a ter bons desempenhos, sendo que o facto de já conhecer bem o clube também é importante», afiança, desfiando taticamente o seu antigo jogador nas dinâmicas implementadas por Francesco Farioli.
«O Zaidu está a encaixar perfeitamente neste sistema do mister Farioli, que atrai por dentro para depois explorar os corredores, algo que potencia a chegada dos laterais à frente. E, nesse aspeto, o Zaidu está como peixinho na água. Está a jogar, já tem uma assistência e até pode vir a ter golos. Tem qualidade para isso», assinala.
Zaidu tem aproveitado a lesão de Francisco Moura, mas daqui para a frente também contará com a concorrência de Jakub Kiwior, internacional polaco que é central de origem, mas que também pode atuar como lateral-esquerdo. Mas o nigeriano promete luta acérrima...
«Resiliência para subida a pulso»
Nesta conversa com Luís Morgado, tivemos também a curiosidade de perceber o lado emocional de Zaidu. Como lida, afinal, o africano com situações menos positivas, seja uma lesão ou uma utilização irregular por mera opção?
«Mentalmente é um miúdo muito forte e capaz de suportar algumas situações adversas com que se depare. Tem na resiliência a chave para a subida a pulso que tem vindo a alcançar ao longo da sua carreira», explica o técnico, acrescentando que Zaidu «não se deixa ir abaixo com facilidade e está sempre pronto para dar uma resposta a um momento menos bom». «Não me espanta que esteja novamente em grande forma», assume, antes de confidenciar a proximidade que Zaidu tinha com o malogrado Pinto da Costa.
«Quem lida com ele, facilmente gosta do Zaidu. É um excelente ser humano. O presidente Jorge Nuno Pinto da Costa era uma das pessoas que o apreciava e no final dos treinos tinham muitos momentos de amena cavaqueira», conta.