Varandas falou aos jornalistas à partida para Nápoles - Foto: Miguel Nunes

FC Porto-Benfica-Varandas: maior clássico não há

Não há nada que grite mais ‘vem aí jogo grande’ do que comunicados com 'frames' de penáltis e presidentes feitos especialistas em arbitragem a enumerar lances no aeroporto

Se alguém de fora me perguntasse agora qual a melhor imagem para descrever o futebol português, talvez a de Frederico Varandas a falar ontem no aeroporto me surgisse no topo. Racionalmente, preferia que fosse Victor Froholdt a fazer um sprint nos descontos, ou José Mourinho abraçado a uma funcionária do Chelsea. Mas nada é mais representativo de uma semana intensa por cá do que um presidente a enumerar lances de arbitragem aos jornalistas.

Claro que podia questionar se surgiu primeiro o ovo ou a galinha, porque antes disso houve uma forte aposta do Benfica ao nível de comunicados e frames. Uma coisa é certa: o galinheiro está cheio a poucos dias de um clássico no Estádio do Dragão, que seria precisamente a altura ideal para não apimentar esta omelete.

Disse Varandas, com toda a razão, que o Benfica está a atravessar um período sensível, pela aproximação das eleições. Usa-o mais como forma de provocação do que de constatação, até porque somos todos testemunhas que estas quezílias infelizmente não surgem só de 4 em 4 anos. O presidente do Sporting, que já sobreviveu a uns quantos períodos sensíveis, prometeu repor a verdade 1000 vezes se assim for necessário. Feitas as contas, os leões vão mesmo ter de ir longe na Europa, para haver oportunidades suficientes de juntar microfones no aeroporto.

Não é penálti contra o Sporting, o golo foi bem validado e recordo este e aquele lance em que o Benfica foi beneficiado. A receita está mais do que gasta, faz parte da nossa tradição e não há promessas de «luta por um futebol íntegro» que nos livrem disto. Hoje Varandas, ontem Rui Costa, amanhã Villas-Boas. Quem perde barafusta, quem não sente não é filho de boa gente e só fica calado durante algum tempo quem pode dar-se a esse luxo.

Há limites, argumentou Varandas, mas quase tudo vale afinal. O importante é ser o «alvo a abater», que é como quem diz aquele que vai à frente (o que não é literalmente o caso, mas percebeu-se). Nesta altura vai o FC Porto, pelo que o presidente sportinguista atribui a isso o silêncio azul e branco nesta matéria, não que curiosamente esse fator o tenha impedido antes.

Vem aí um FC Porto-Benfica e o líder do Sporting quis marcar a agenda com outro clássico: nós não fomos beneficiados, vocês é que foram. Não tenho dúvidas que passou a mensagem com eficácia junto dos seus adeptos, e que a equipa está motivada para causar o «terramoto» do tricampeonato, mas dou-lhe apenas um 0.0 na escala de originalidade.