«Estou no barbeiro e liga-me o Mourinho: 'Quero-te na minha equipa'»
Ledley King nunca conheceu outro clube enquanto futebolista profissional que não o Tottenham, e depois de terminar a carreira ao serviço dos spurs, em 2011/12, começou a trabalhar nas relações institucionais do clube londrino.
No entanto, entre 2019 e 2021, teve oportunidade de trabalhar mais na área do treino, e logo na equipa principal. Agora revela que tudo isso se deveu a José Mourinho.
No podcast In The Mixer, o antigo defesa elogiou o atual treinador do Benfica e recordou o processo que o levou a integrar a equipa técnica do Special One.
«Sempre admirei o José. Tinha inveja dos meus colegas da seleção que jogavam no Chelsea por o terem como treinador», começou por dizer.
«Obviamente, joguei contra as equipas dele. Mas quando ele chegou ao Tottenham, cruzei-me com ele um dia nos corredores e ele disse-me: "Quero-te no campo de treinos"», recordou. «Eu respondi: "Mas eu não sou treinador". Ele retorquiu: "Não interessa. Quero-te no campo de treinos". Então, comecei a ir, a observar os treinos e, eventualmente, a falar com os jogadores, especialmente os mais novos», continuou.
O convite formal, no entanto, só surgiu mais tarde, e apanhou King desprevenido.
«De repente, estava a trabalhar com alguém, a analisar vídeos, a discutir ideias. E tudo isto de graça! Depois, veio a pandemia de COVID-19 e a época parou. Todos foram para casa. Quando regressaram para terminar a temporada, eu fiquei de fora, pois apenas a equipa técnica principal podia estar presente.»
«No verão, recebo videochamada. Estou no barbeiro a cortar o pouco cabelo que me resta e vejo que é o José. Saltei da cadeira, procurei um sítio sossegado e ele disse: "Quero-te na minha equipa na próxima época, a tempo inteiro". Não podia recusar, pois não?», lembrou.
Ledley King diz que gostou da experiência e elogia Mourinho: «Gostei muito da experiência. Ele [Mourinho] é uma ótima pessoa, muito divertido e extremamente inteligente. Tem histórias para contar durante dias e gosta de as partilhar, não apenas com o seu círculo mais próximo.»
«Na primeira parte da época, estávamos em grande forma. Infelizmente, não tínhamos adeptos, o que foi uma pena. Alguém como o José precisa dos adeptos, precisa dessa energia. «Lembro-me de vencermos o Arsenal e o Manchester City em casa. Ganhámos por 6-1 em Old Trafford contra o Manchester United. Chegámos a dezembro no primeiro lugar e eu pensei: "Vamos ganhar o campeonato". Na minha primeira época como treinador, pensei: "Vou ser campeão, porque tenho o mágico José comigo"», referiu.
«Depois, a equipa quebrou um pouco. Mas adorei o tempo que passei com ele, é um tipo fantástico. Tem uma paixão enorme pelo futebol. As pessoas olham para ele e podem pensar: "Porque não te reformas e aproveitas a vida?". Mas ele vive para isto. Ele ama verdadeiramente o jogo», concluiu.