Deschamps e a gestão de Dembélé: «O que se passa no PSG é problema deles»
Em conferência de imprensa para anunciar a convocatória da seleção francesa para os jogos de qualificação para o Mundial de 2026, contra a Ucrânia e o Azerbaijão, Didier Deschamps abordou os efeitos do calendário sobrecarregado na fadiga dos jogadores. O selecionador falou também sobre as lesões recentes, a comunicação com os clubes e a gestão clínica em torno de Ousmane Dembélé.
Questionado sobre as lesões recorrentes e o estado físico dos seus internacionais, Didier Deschamps revelou: «Serviria de alguma coisa (soar ainda mais o alarme)? A constatação já foi feita, tanto por parte dos jogadores, como dos selecionadores e dos treinadores. O calendário é o que é. Evidentemente que a acumulação de jogos, com viagens mais ou menos longas... A fadiga sempre existiu, mas agora há muitos jogos com períodos de recuperação muito mais curtos e fases de preparação quase inexistentes», começou por dizer.
O selecionador mostrou-se particularmente preocupado com a evolução do futebol moderno, onde o ritmo dos jogos é cada vez mais frenético e não parece dar sinais de abrandar. Por trás do seu discurso ponderado, desenha-se uma realidade inquietante: o desgaste tornou-se estrutural. Deschamps prosseguiu, lembrando que esta pressão desportiva afeta sobretudo os mais expostos.
«Os jogadores são funcionários dos clubes, os únicos que podem ter alguma influência são os próprios jogadores. Há 90% dos jogadores que jogam menos, mas os 10% que representam a elite e são internacionais jogam muito mais, e isso é problemático».
Apesar de alertar para os riscos físicos, o selecionador insistiu ainda mais na dimensão psicológica, frequentemente subestimada. «Existe a fadiga física, mas também a fadiga psicológica, que é muito mais significativa e difícil de avaliar. Há mais jogos, mais competições. Será que isso agrada a todos? O debate está em aberto, mas o facto é que os calendários estão muito sobrecarregados."
Questionado sobre o caso de Dembélé e sobre a comunicação com o departamento médico do PSG após a sua lesão na Liga dos Campeões, na derrota frente ao Bayern de Munique, Deschamps fez questão de esclarecer, com prudência mas com firmeza:
«Não dou lições a ninguém. O que se passa no PSG é problema deles, não tenho todos os dados. Não me atreveria a dizer o que quer que seja sobre qualquer clube; eles decidem, têm os elementos para decidir. Tal como nós. Sempre houve troca de informações, como também acontece agora com a lesão do Ousmane. Quando se fazem exames, os resultados são comunicados em ambos os sentidos».
Embora recuse qualquer polémica, o selecionador sublinha um inevitável desfasamento entre os interesses dos clubes e os das seleções. «Depois, que os interesses dos clubes e os das seleções não sejam os mesmos, é uma certeza. Mas sempre houve troca de informações sobre os exames e os diagnósticos. Não estou aqui para alterar o protocolo médico. A decisão de dar mais poder aos clubes do que às seleções não me compete a mim. (...) Não estou no lugar do Luis Enrique, tal como ele não está no meu. A partir do momento em que os jogadores estão em campo, há um risco. Hakimi e Mendes não eram considerados de risco, mas lesionaram-se», concluiu.
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