Colega revela que Pogacar quase desistiu do Tour e destaca dupla portuguesa
Colega de Tadej Pogacar na UAE Emirates, Tim Wellens revelou que Tadej Pogacar esteve perto de abandonar a Volta a França de 2025, que viria a conquistar pela quarta vez na carreira, segunda consecutiva.
Em entrevista ao L'Équipe, Wellens contou que os problemas para o ciclista esloveno começaram na etapa 17 do Tour, a cinco dias da chegada a Paris.
«Acho que ele já falou sobre isso, por isso podemos contar agora. Na etapa de Valence, disse-me: 'Tim, temos um problema, dói-me imenso o joelho'. A dor era tal que ele teve de ir até ao carro do médico para ser observado», começou por contar.
«Encontraram-lhe uma inflamação ou algo do género, e ninguém soube! Estava convencido de que a notícia ia espalhar-se. Sofreu bastante e tínhamos dúvidas sobre a sua capacidade de chegar ao fim. Chegámos a ponderar o seu abandono. No autocarro, víamos que o corpo dele não estava bem, estava muito inchado, tinha ganho peso», continuou.
Para Wellens, era normal que Pogacar não conseguisse atacar para ganhar mais tempo a Jonas Vingegaard, o principal rival na luta pela geral.
«Foi um alívio que não tenha cedido na montanha. Toda a gente se perguntava por que é que ele não atacava, mas na verdade era compreensível. Depois, preocupámo-nos com ele fisicamente, mas mentalmente, fiquei surpreendido ao ler que ele estava ansioso por voltar para casa. Porque, entre nós, estávamos a divertir-nos muito.»
Depois de mais uma vez em que Pogacar dominou o ciclismo internacional, Pogi, como é conhecido, tem sido alvo de críticas. Wellens reconhece que se não fosse colega do esloveno, também já se teria fartado.
«Se eu não estivesse na equipa dele, talvez também já estivesse farto... Mas convivo com ele e vejo todo o seu trabalho. Para mim, ele é o mais profissional da equipa, a par do Juan Ayuso. Por exemplo, um dia, tínhamos acabado de regressar de Abu Dhabi. Estava toda a gente cansada, mas ele foi logo fazer uma sessão de treino debaixo de calor», contou.
«Mais do que as críticas, o que se nota é o apoio dos seus fãs: tornou-se uma verdadeira estrela. Se precisa de parar para uma pausa durante um treino, tem de se esconder, porque assim que para, as pessoas aproximam-se para tirar fotografias. É difícil ter noção, mas ele vive com esta pressão vinte e quatro horas por dia», prosseguiu.
Pogacar, de resto, já falou várias vezes sobre o final de carreira, mas Tim Wellens acredita que o corredor de 27 anos ainda vai estar em competição durante alguns anos.
«Às vezes, noto que ele está farto, mas no nível em que está, isso poderia acontecer com muito mais frequência e rapidez. É muito paciente. Aliás, acredito que o Tadej vai continuar a correr por muito tempo, porque ama verdadeiramente o que faz.»
Sobre a integração na equipa da UAE Emirates, Wellens destacou dois dos quatro portugueses que a integram: os gémeos Rui e Ivo Oliveira – os outros dois são João Almeida e António Morgado.
«Há ciclistas mais sociáveis do que eu que fazem isso muito bem. Lembro-me dos mais simpáticos quando cheguei, e nem sempre se fala deles: os irmãos Oliveira [Ivo e Rui]. Podem não ganhar dez corridas por ano, mas são fundamentais para a coesão da equipa», explicou.