Fenerbahçe e Benfica empataram (0-0) na primeira mão - Foto: IMAGO

Um empate simpático em Istambul... e arredores (crónica)

Benfica de Bruno Lage sai da Turquia de pé, mas com muita sorte e depois de alguns 'vícios' do passado

ISTAMBUL — O jogo ainda não tinha começado e parecia que o Benfica já estava a perder e não apenas por causa do ambiente apaixonante. Bruno Lage mexeu na equipa que tinha ganho três partidas consecutivas, deixando Ivanovic, Schjelderup e o 4x4x2 no banco, e recuperando para a titularidade o velho 4x3x3 da temporada passada. Florentino jogava entre Barrenechea e Richard Ríos e Akturkoglu estava na esquerda.

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Parecia que tinha tomado uma decisão política, Akturkoglu, e uma mais defensiva. Parecia que estava a introduzir cautela na equipa.

O turco, depois de falhado o entendimento para a transferência em plena Turquia, em plena Istambul, em pleno estádio do Fenerbahçe, aparecia para acertar contas, já Florentino, que fez 26 anos esta terça-feira, tinha como prenda a possibilidade de reeditar a estreia internacional de 2019, quando ajudou o Benfica a vencer pela primeira vez na Turquia, precisamente diante do Galatasaray, com Lage no banco.

Os adeptos do Benfica ainda matutavam nestas incertezas quando Richard Ríos meteu gelo nos turcos e confiança na cabeça dos benfiquistas, disparando de fora da área e obrigando Egribayat a sujar o equipamento. Aos 10 minutos, porém, o Benfica já defendia com linha de 5, pois Aursnes voltava ser lateral-direito.

Akturkoglu, porém, estava com ideias e começou a forçar a influência no jogo. Não começou bem, pois aos 14' um disparo torto até motivou gargalhadas na bancada, mas teve a vantagem de parar a assobiadela monstra que acompanhava cada posse de bola do Benfica.

As coisas estavam calmas, a equipa de José Mourinho queria mandar, mas não conseguia, o mais perigoso até era o Benfica, que aos 29', de livre direto, bem ensaiado entre Ríos e Akturkoglu, quase tinha sucesso. Remate do turco e bela defesa de Egribayat.

Os últimos 15 minutos da primeira parte foram turcos. Cresceram, começaram por ameaçar timidamente por Szymanski e En-Nesyri, mas o disparo de Oosterwolde nada teve de tímido. Trubin teve de voar para afastar a bola, a grande ocasião dos primeiros 45 minutos. O Benfica pedia intervalo e teve intervalo.

Início da segunda parte, mais do mesmo. O Benfica continuava a precisar de intervalo, mas o domínio turco não se traduzia em oportunidades. O Benfica acordou aos 61', Aursnes foi o despertador com cruzamento em zona perigosa, mas só ganhou um canto.

Akturkoglu e Pavlidis continuavam a ser pouco para tantas pernas turcas e Ivanovic saltou mesmo do banco. Ivanovic e o 4x4x2, deixando o relvado Barrenechea, já amarelado. Mourinho, sem hesitações, respondia com Talisca, esse mesmo. Quem não Talisca, não petisca.

Florentino, enganado facilmente pelo brasileiro, foi expulso aos 71', segundo amarelo, confirmando as debilidades do costume. Muitas faltas, por vezes alguma falta de discernimento. O primeiro amarelo ainda estava fresco.

O Benfica acusou a redução a 10 jogadores... jogando melhor, subindo no terreno, enervando o Fenerbahçe. Akturkoglu saía e era cumprimentado por Mourinho. A sorte batia à porta do Benfica, Talisca disparou, Trubin deixou escapar para a trave, En-Nesyri marcou de cabeça na recarga, mas havia fora de jogo. Depois de ter dito que José Mourinho era o melhor treinador de Setúbal «e arredores», o Benfica conseguia empate simpático em Istambul... e arredores. Muita sorte da águia, estrelinha de Champions?