Alexander Bah e Manu Silva - Foto: SL Benfica
Alexander Bah e Manu Silva - Foto: SL Benfica

Benfica mostra Bah e Manu Silva à conversa: «Partilhamos a dor»

Lateral-direito dinamarquês e médio português revelaram sensações enquanto recuperam de lesão

O Benfica publicou esta quinta-feira um vídeo que mostra Alexander Bah e Manu Silva à conversa, numa altura em que recuperam de lesão — ambos sofreram uma rotura do ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo no jogo com o Moreirense, a 8 de fevereiro deste ano.

«Soube, um segundo depois, porque ouvi um estalo no joelho. Mesmo que não tenha sido um movimento muito brusco. Lembro-me quando o médico entrou. Examinou o joelho e disse imediatamente ao treinador que precisava de ser substituído. Então, percebi que era... era grave», contou o defesa dinamarquês, lembrando que três minutos depois apareceu o médio: «Vi-te entrar e fiquei totalmente em choque porque não sabia o que tinha acontecido...»

Manu Silva recordou o momento e atirou: «Para mim, foi uma mistura de emoções. Estava a concretizar um sonho de criança, obviamente, e a aperceber-me de que em 35/37 minutos... Foi um misto de emoções. Ainda assim, tinha um sentimento de realização, sentia-me orgulhoso de mim mesmo. Mas, ao mesmo tempo, pensava: 'Isto tinha de estar escrito', sabes? No primeiro dia, o dia com que sonhava há tanto tempo, e, naquele momento, levo a pancada... Agora é mais fácil de olhar para trás e separar as emoções.»

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«A melhor coisa, se é que existe uma melhor coisa, é o sentimento de ter alguém que passa pelas mesmas dificuldades, que partilha as mesmas conquistas, alguém com quem partilhar a dor. É como se fosse mais fácil passar pelos dias maus quando sabes que tens alguém que está a passar pelo mesmo. E o laço que criámos... Gostamos das mesmas coisas, por exemplo, gostamos de ouvir música, dar umas boas gargalhadas, aproveitar as pequenas coisas do dia a dia. E acho que tem sido bom, por isso, obrigado», juntou.

«É como se partilhássemos a dor, mas também o sucesso porque, neste momento, os outros jogadores estão ocupados com os jogos e focados em ganhar. E, para nós, vencer é a próxima meta na nossa recuperação, por isso, facilitou as coisas, se é que se pode dizer assim. E acho que também posso dizer que a nossa amizade ficou fortalecida», acrescentou o nórdico, juntando um pouco de ironia à conversa: «Isto está a ficar muito romântico [risos].»

O apoio dos adeptos foi também destacado por Manu Silva. «Há duas semanas, vim treinar durante a tarde. A equipa tinha treinado de manhã, e uma família ficou umas três horas à espera, só para me dizer: 'Vamos, vais melhorar. Vamos tirar uma foto'», contou, falando da família. «O meu pai e a minha mãe disseram 'Os jogadores da segunda e terceira divisões também se lesionam, com lesões graves como esta, e não têm o que tu tens'. Isso faz com que percebas e valorizes as coisas que tens, as pessoas que tens ao teu redor, e tem sido incrível. Tem-me dado... Quando era criança, é claro que já era um grande adepto, mas uma vez que estou a viver isto... percebe-se logo que escolhi o clube certo, sabes? É incrível sentir isto!»

E não esqueceu as expectativas para esta época: «A nível individual? Estar de volta. De uma forma segura, mas o mais cedo possível. Tentar chegar ao nível em que estava, ou até melhor. Penso, claro, em ser campeão, é um objetivo. Tenho de ganhar um título, um título nacional. Estrear-me também na Liga dos Campeões.»

Bah partilhou a mesma ambição e abordou o plano pessoal: «Foi muito difícil porque a gravidez foi um pouco mais complicada do que o normal, porque são gémeos. Sentia que já estava um bocado stressado e nervoso, para que tudo corresse bem. E, quando nasceram, ficou tudo bem, nasceram saudáveis. E depois esta lesão aconteceu... Acho que foi mais difícil para a minha namorada do que para mim, porque teve de cuidar deles enquanto amamentava, e estava acordada durante a noite. A minha noiva... Preciso de corrigir, a minha noiva (...) Os bebés gatinham, já estão a gatinhar e a sorrir. Estou muito feliz por tê-los e pelo processo, ajudaram-me muito.»