Benfica: domínio no Google, não no campo
O Benfica foi a segunda equipa mais pesquisada no Google a nível mundial em 2025. Os encarnados foram apenas superados pelo PSG, em cujo top 10 figuram os encarnados e os franceses como representantes do futebol.
Este registo é surpreendente e simultaneamente notável e significa que os encarnados tiveram uma projeção internacional que foi muito além de picos de procura ao longo de 365 dias. Foi um fenómeno com consistência e não só circunstancial, mas que pode ser explicado por dois fenómenos: a presença no Mundial de Clubes (a expressão mais pesquisada em Portugal, mais ainda que apagão) e à contratação de Richard Ríos, o futebolista mais pesquisado no ano, à frente de Gyokeres e Rodrigo Mora – o mercado brasileiro pode ter dado um grande contributo para estes números.
De acordo com o Google Trends, estima-se que em termos de volume de tráfego digital em Portugal o Benfica manteve uma média de 4,5 vezes mais pesquisas do que o Sporting e cerca de 3 vezes mais do que o FC Porto ao longo de 2025.
Talvez isto ajude a explicar o permanente dilema em que vive a águia: vítima da sua dimensão, ainda mais contando agora com um dos treinadores mais mediáticos do mundo como é o caso de José Mourinho, cujos gestos, expressões ou palavras extravasam todas as fronteiras. O que corre mal no Benfica ganha proporções bíblicas, proporcionais às alegrias nos bons momentos. O problema (para adeptos e para quem dirige o clube) é que não tem conseguido, nos últimos anos, traduzir isso em resultados. Domina na internet, mas não em campo.
O ano civil termina assim com um retrato interessante: a equipa menos famosa (o Sporting, de acordo com os dados da Google) foi a que cantou vitória em 2025 e a que está bem posicionada para passar à fase seguinte da Champions; a segunda da lista (FC Porto) preparou-se muito bem no verão para sorrir lá para meados de maio de 2026; já o primeiro acaba o ano a produzir muito ruído, insistindo numa narrativa desfasada, que pode ser eficaz nas primeiras horas que se seguem a um jogo de futebol mas perde sentido depois de a poeira assentar.
Até porque já se percebeu que o Benfica não perdeu dois pontos em Braga por causa da arbitragem – ou os erros do juiz foram mais evidentes, por exemplo, que os muitos lapsos de Samuel Dahl, incluindo as constantes dificuldades em defender por dentro que levaram o sueco a fazer penálti? Talvez o Google explique.