B SAD-Benfica, 2021: o escândalo que levou à alteração da regra dos adiamentos
O encontro entre a B SAD e o Benfica, a 27 de novembro de 2021, ficará para sempre na história como um dos episódios mais tristes e insólitos do desporto português. O jogo terminou aos 48 minutos porque os azuis ficaram sem o número mínimo de atletas em campo, reduzidos a apenas seis, depois de terem começado a partida com nove devido a um surto de covid-19.
O Benfica venceu por 7-0, num resultado que refletiu não apenas a diferença de forças entre as equipas, mas sobretudo a fragilidade de uma formação obrigada a recorrer à equipa sub-23 e até a utilizar um guarda-redes, João Monteiro, como avançado improvisado. Na primeira parte, as águias resolveram o encontro com facilidade: autogolo de Kau, bis de Seferovic, golos de Weigl e um hat-trick de Darwin. Ao intervalo, o marcador já mostrava um 7-0 e, quando a B SAD regressou com apenas sete jogadores, o inevitável aconteceu: João Monteiro caiu no relvado e o árbitro Manuel Mota deu por concluída a partida.
A imagem correu mundo e a polémica foi imediata. Rui Costa, presidente do Benfica, garantiu que o clube foi «obrigado a entrar em campo» para não perder pontos, enquanto a B SAD alegava ter sido vítima de um surto que deveria ter levado ao adiamento. Liga e Federação trocaram acusações com a Direção-Geral da Saúde sobre a ausência de um critério claro que evitasse situações semelhantes.
Dessa noite no Jamor nasceu uma alteração regulamentar com impacto direto no futebol português. Passou a estar definido que uma equipa só pode disputar um jogo se tiver um mínimo de 13 jogadores disponíveis, número que inclui obrigatoriamente um guarda-redes. Caso contrário, o encontro deve ser automaticamente adiado, desde que as baixas sejam devidamente comprovadas pelas autoridades sanitárias competentes.
A medida visou criar uma barreira de proteção contra episódios que colocam em causa a verdade desportiva e a integridade da competição. Com esse novo limiar, procura-se garantir que, mesmo em cenários de surto ou contingência extrema, existe sempre uma base mínima que assegura condições de disputa justa, evitando repetições de um espetáculo que, em novembro de 2021, deixou o futebol português em choque.