Arsène Wenger não quer limitações nas compensações de tempo de jogo
Arsène Wenger não treina qualquer equipa desde 2018, mas continua bem por dentro dos problemas do futebol atual e dificilmente se encontrá alguém de maior peso para avaliar uma das questões do momento: o tempo de compensação que os árbitros estão a dar na maioria dos jogos da maioria dos campeonatos.
O chefe de desenvolvimento global do futebol da FIFA acredita que os esforços para combater a perda de tempo estão a funcionar. Wenger insiste que as novas regras que impedem grandes desperdícios de tempo serão aprimoradas e melhoradas a médio/longo prazo e reduzirão a duração do tempo de compensação através, por exemplo, «do condicionamento do comportamento dos jogadores», acredita o francês de 73 anos.
Falando ao jornal inglês The Independent, Wenger disse que houve melhorias, por exemplo, nas maiores competições internacionais: «A medida já teve efeitos muito bons nos Mundiais masculino e feminino, no Catar e na Austrália/Nova Zelândia. Não acredito, por outro lado, que a medida afete, fisicamente, os jogadores. Se me perguntarem se sou contra as perdas de tempo, respondo logo que sim. Para que o jogo seja cada vez mais justo e imparcial, queremos que a equipa que queira jogar seja recompensada. Pelo respeito dos adeptos que ficam nas bancadas e das equipas que vão jogar, devemos incentivá-las a não perderem tempo. Parece-me lógico, pois, lutar contra a perda de tempo.»
O treinador reafirma que é contra a limitação do tempo de compensação: «A segunda questão é como fazê-lo. Temos, então, de encontrar alguma lógica nas medidas. A lógica deveria ser adicionarmos o tempo desperdiçado de propósito ou de forma acidental. Devemos limitar este tempo? Pessoalmente, não sou a favor de limitá-lo, porque é a mesma coisa no fora de jogo. As pessoas dizem para darmos 12 ou 15 centímetros de margem e depois começam a perguntar porque não apenas três centímetros. Uma vez que não há lógica nisto, é difícil defender a decisão de definir um limite. Assim sendo, vamos continuar a dar o tempo de compensação que os árbitros acharem necessário.»
Wenger avança com os estudos e conclusões feitos através dos últimos Campeonatos do Mundo masculino e femininos. «Quem assistiu a estas duas provas, reparará que as medidas desencorajam as Seleções a perder tempo. E há alguma lógica nisso. A média dos jogos teve 10 minutos de compensação. Alguns tiveram 18, talvez devido a ferimentos na cabeça de jogadores, por exemplo. Mais do que isso é prejudicial ao bem-estar dos jogadores? Não acredito. Cada treinador pode fazer cinco substituições…»
O francês deu ainda outro exemplo: «Se alguém torcer pelo Arsenal [clube treinado por Wenger entre 1996 e 2018], o adversário estiver a vencer por 1-0 e um jogador se deitar com dores a cada dois minutos, o adepto do Arsenal ficará chateado, claro. Se ainda por cima, se depois dos 90 minutos não houver acréscimo de tempo, o adepto do Arsenal ficará louco».