«A meta no Dakar é lutar sempre pela vitória!»
— Falando da preparação física e mental, as pessoas pensam que basta entrar no carro e seguir. Mas há muito trabalho por trás, não é?
— Muito. Quando chegamos ao nível nacional e mundial, todos têm carros bons e equipas profissionais. É preciso preparação física, mental e horas de treino com o carro. Não é só conduzir; é estar pronto para competir ao máximo todos os dias.
— Como é que treina?
— Vou ao ginásio todos os dias e complemento com bicicleta, estrada e terra. A estrada é mais parecida com o desporto. Também sigo uma dieta rigorosa, essencial para estar em forma física para aguentar longas horas ao volante.
🇸🇦 Historic Day for Yamaha as Ferreira & Palmeiro Claim Stage 8 Victory at Dakar
— Yamaha Racing (@yamaharacingcom) January 8, 2023
Yamaha become the first constructor to win in both the Car & Bike classes thanks to João Ferreira & Filipe Palmeiro🥇
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— Faz assim tanta diferença?
— Faz. Não tanto pelo tempo por volta, como na Fórmula 1, mas pelo facto de suportarmos o esforço físico intenso. No Dakar, conduzimos três, quatro, cinco horas por dia, durante 15 dias. O carro aguenta, mas o piloto é que sofre. É preciso estar em forma e concentrado todos os dias.
@dakar 2025 ends with pride for João Ferreira/Filipe Palmeiro (8th overall) & Ricardo Porém/Nuno Sousa, who showed true Dakar spirit.
— PRF - Gas Solutions (@prfgassolutions) January 17, 2025
Proud to sponsor such exceptional athletes! #Dakar2025 #JoaoFerreira #RicardoPorém #PRFGasSolutions pic.twitter.com/MmjRrrD8IM
— Quando entra em contagem decrescente para o Dakar? Logo quando acaba o último?
— Um pouco, sim [risos]. No Dakar, nos últimos dias, sentimos falta de família, amigos e conforto. E até tenho sorte: viajo com a equipa, tenho comodidades, como caravanas e banho quente. Ainda assim, nada se compara a estar em casa.
— No ano passado foi oitavo. E este ano, qual é a meta?
— A meta é sempre lutar pela vitória. A competição é muito alta, com várias marcas e pilotos experientes. Mas o meu objetivo é claro: ganhar. Tenho carro vencedor, equipa e copiloto experientes. Vamos ver o que consigo fazer.
— Tem outro objetivo intermédio, além de ganhar?
— O objetivo é ganhar. O Dakar muda todos os anos; mesmo que as etapas fossem iguais, o deserto e as condições são diferentes. Este ano não vamos à zona do Empty Quarter, mas haverá dunas e muitas pedras. Os furos serão um desafio novamente.
👇 The official route of Dakar 2026!
— DAKAR RALLY (@dakar) November 13, 2025
🚩 Yanbu - Yanbu 🏁
🏍 7,906 km (4,748 km of SS)
🚗 7,994 km (4,840 km of SS)
🔜 #Dakar2026 #DakarInSaudi pic.twitter.com/O7DtPDvtMK
— O que é mais assustador?
— As dunas são imponentes, mas gosto delas. O que me preocupa mais são as pedras. Temos dois pneus suplentes; três furos e estamos parados horas à espera de ajuda. Por isso, é um desafio físico e estratégico.
— E há solidariedade entre pilotos, como ajudar com um pneu?
— Sim, mas cada vez menos. O Dakar tornou-se um sprint de 14 dias, com diferenças mínimas entre carros e pilotos. A ajuda ainda existe, mas está mais limitada aos lugares atrás ou a colegas de equipa.
— Já sente que os outros pilotos o reconhecem como candidato sério?
🏜️ El próximo 3 de enero comienza el Rally Dakar 2026, la que será su 48ª edición, mientras que del Mundial de Rally-Raid será la quinta temporada.
— MotorTimeES (@MotorTimeES) November 13, 2025
Un total 4800 km cronometrados divididos en 14 etapas. Desaparece la etapa 48H, pero habrá 2 Maratón.#Dakar2026🇸🇦 #W2RC pic.twitter.com/3GY7KtOrlo
— Já conquistámos respeito. Fizemos resultados interessantes, como o quarto lugar em Marrocos este ano, e agora nos lugares de destaque contam comigo. O reconhecimento foi construído com trabalho consistente.
— E no Dakar do ano passado, qual foi o momento mais difícil?
— Teve uma meia etapa com roadbook errado. Éramos o primeiro carro na estrada e perdemos quase uma hora. Quando chegaram os outros, a poeira era tanta que não se via nada. Acabámos a etapa com apenas dois litros de gasóleo, foi um momento de grande tensão.
— E como é a relação com o copiloto, Filipe Palmeiro?
— É como um casamento dentro do carro. Começámos em 2023 e tivemos muita cumplicidade desde o início. Ele é profissional, competitivo e ajuda-me a evoluir. Aprendemos a gerir a adrenalina e os erros de navegação juntos, mantendo sempre o foco na vitória.
—Este ano o Dakar tem um traçado diferente e também vai competir com um carro novo
— Sim, vai ser o meu primeiro Dakar com a Toyota. Mas é o carro que já ganhou o Dakar inúmeras vezes, a equipa também já ganhou o Dakar inúmeras vezes, por isso, está tudo preparado.
Die 48. Rallye Dakar startet am 3. Januar 2026 in Saudi-Arabien. 8000 Kilometer gilt es in knapp zwei Wochen zu bewältigen. Favoriten für den Gesamtsieg gibts einige. Rückkehrer und Dakar-Rekordsieger Stéphane Peterhansel gehört freilich nicht dazu.... https://t.co/t9Eky6mtNB pic.twitter.com/DLhidzGURk
— Blick (@Blickch) December 21, 2025
— Mais confiante por causa disso?
— Mais confiante. Sim, mais confiante e com muita vontade de ir [risos]. Estou curioso, o Toyota tem-se mostrado um carro muito fácil de conduzir e de ir depressa, muito mais do que eu estava habituado. E, portanto, é bom sabermos que temos o carro vencedor, temos a equipa vencedora. Agora só depende de nós. Acarreta um bocadinho mais de pressão, obviamente, mas eu gosto dessa pressão e vai ser uma nova etapa da minha vida — está a ser uma nova etapa da minha vida — que estou a gostar imenso e espero continuar com a Toyota durante muitos anos.
— E acha que é o piloto que pode fazer a diferença neste momento no Dakar? Tendo um carro ao nível dos melhores, claro.
— Sim, mas no no Dakar, as pessoas dão muito crédito ao piloto e esquecem-se muitas vezes do navegador. O navegador que está lá ao lado e, sem ele, nós fazemos 100 metros e estamos perdidos. Esquecem-se que a equipa teve de desenvolver o carro durante muitos anos para aguentar aquelas pancadas e aquelas condições adversas todas sem se estragar nada. Esquecem-se dos fisioterapeutas que estão ao final de cada etapa para porem o nosso corpo na melhor forma possível... Dos responsáveis do catering, da alimentação, que é extremamente importante — as grandes equipas têm um catering próprio para assegurar que os pilotos têm sempre a comida a a que estão habituados, que não apanham intoxicações alimentares, não têm nada que possa atrapalhar a sua performance.
— Escolhe o menu?
— Não escolho porque não tenho nenhuma alergia, não tenho nada. Mas se tivesse alergia ou quisesse alguma coisa em específico, eles faziam. Eles já sabem, por exemplo, que não gosto de picantes nem muitas especiarias. Sabem quando chego da etapa gosto de comer massas e carne, fazem; sabem que à noite gosto de comer o peixe, mais leve, e fazem. Se a isto somarmos a equipa de logística, os patrocinadores, tudo o que está por trás, faz um grupo enorme que contribui para o resultado final. Se tudo correr bem, quem ganha é o João Ferreira, e o Filipe Palmeiro, mas há uma máquina enorme à volta, a trabalhar para tentar alcançar a vitória no Dakar. Na minha equipa podemos contar cerca de 20, 30 pessoas por carro, só para ter uma ideia.
— Tem uma equipa com 20, 30 pessoas dedicadas a si?
Ultimate champions! An amazing battle for the title awaits! ⚔️
— DAKAR RALLY (@dakar) December 26, 2025
Who’s your favorite? Let us know in the comments! 🫵
🔜 #Dakar2026 #DakarInSaudi pic.twitter.com/CJjLMmrlCz
— Não, não só para mim, mas também. Para o Dakar eu levo três mecânicos, ok? Depois tenho o meu engenheiro. Além disso, tenho um engenheiro dos motores, um engenheiro de chassis, outro engenheiro de motores. Depois ainda temos o rapaz das suspensões, que faz para todos, mas só assim de repente em termos de engenheiros, se juntarmos os dois pilotos, já somos oito. Mais, se juntarmos o fisioterapeuta… já vamos em nove. Depois há as pessoas da cozinha, o grupo dos mecânicos, a equipa da logística para montar os bivouacs, desmontar, transportar… Aquilo é toda uma máquina que tem de funcionar muito bem e que, depois, ao final do dia faz toda a diferença.