Um ano de Amorim no Man. United: recordes, drama e a «maior honra» da carreira
Faz este sábado um ano que o Manchester United anunciou o novo treinador. Ruben Amorim assinou a 1 de novembro de 2024 com os red devils e, no espaço de um ano, parece já ter vivido drama suficiente para três ou quatro. A tarefa era simples de enunciar, mas uma séria candidata a mais difícil trabalho do mundo do futebol: voltar a chamar casa ao Olimpo do futebol, de onde, após a saída de Sir Alex Ferguson, não regressou sem ser de passagem.
A 11 de novembro, 10 dias depois do anúncio oficial e um dia depois de comandar o Sporting pela última vez — uma reviravolta épica de 0-2 para 4-2 em casa do SC Braga — Amorim apresentou-se em Carrington para pôr mãos à obra com os jogadores que não haviam sido convocados para os compromissos de seleções. O primeiro jogo só viria 13 dias depois: Rashford marcou aos 2’ no empate a um golo frente ao Ipswich.
«A tempestade vai chegar», mas parece ter criado fundações
Após vitórias frente a Bodo/Glimt e Everton, o novo Manchester United havia somado três jogos sem perder sob o comando do técnico português. Amorim não se deixou iludir: «A tempestade vai chegar.» E chegou mesmo. Nos nove jogos seguintes, os red devils somaram apenas duas vitórias. As críticas foram constantes. Fosse pelo sistema de três centrais, que deixava o meio-campo muito desprotegido (um fator decisivo, por exemplo, na derrota por 0-2 frente ao Newcastle) ou pelo mau trabalho a defender bolas paradas (jogos com Arsenal, Nottingham Forest, Tottenham ou Bournemouth foram disso exemplo), muitos eram os reparos deixados ao conjunto de Ruben Amorim. A primeira grande vitória estava a chegar.
Foi com alguma surpresa que, no jogo em casa do rival Manchester City, o onze do Man. United não contava com Marcus Rashford e Alejandro Garnacho. Os rumores de tensão no balneário já não eram novos e a resposta do português não deu grande margem para dúvidas. «Avaliamos tudo. Toda a gente entende a minha decisão, é uma decisão simples», afirmou o técnico. Uma decisão que terá, certamente, dado resultado: o United saiu vitorioso com vitória por 2-1, graças a golos de Bruno Fernandes e Amad Diallo nos últimos minutos.
À primeira grande vitória de Amorim, a 15 de dezembro, somaram-se, no início de 2025, o empate a dois golos em casa do Liverpool e a vitória nos penáltis no Estádio Emirates, que eliminou o Arsenal da Taça de Inglaterra. A FA Cup não durou muito — os red devils caíram duas rondas depois, frente ao Fulham — e, no campeonato, apesar de empates contra Arsenal e Manchester City na segunda volta, as coisas não melhoraram. O clube terminou no 15.º lugar com 42 pontos, a marca mais negativa de sempre na história da Premier League.
Campanha local pobre, corrida europeia quase imaculada
Há, no entanto, que destacar um fator que terá certamente contribuído para esta pontuação na reta final do campeonato inglês. É que se, por um lado, a equipa não estava bem em termos nacionais, estava a brilhar na Liga Europa. O Manchester United eliminou a Real Sociedad nos oitavos de final, bateu o Lyon, de Paulo Fonseca, por 5-4 na segunda mão em jogo louco, depois de empate a dois em Lyon e, nas meias-finais, dominou por completo o Athletic Bilbao, com vitórias por 3-0 e 4-1.
Estava assim marcada a final com o Tottenham e o Manchester United chegava ao embate em Bilbau como invicto no futebol continental. Jogava-se um troféu europeu, o acesso à Liga dos Campeões e o reforço financeiro que daí adviria. Amorim promoveu alguma rotação nas jornadas finais da Premier League, mas não foi feliz na final: um golo de Brendan Johnson valeu ao Tottenham o primeiro título em quase 20 anos.
15.º lugar e saída de mãos a abanar da final europeia. Uma época «desastrosa», como afirmou o técnico em discurso aos adeptos após o último jogo da época, uma vitória por 2-0 frente ao Aston Villa. «Quero pedir desculpa por esta época. Sei que estão desapontados. Estamos muito agradecidos pelo vosso apoio», começou por dizer o técnico, que lembrou as palavras do início para antecipar melhores dias para os lados vermelhos de Manchester: «Há seis meses, depois de duas vitórias e um empate, disse que a tempestade aí vinha. Hoje, depois desta época desastrosa, digo-vos que os bons dias vêm aí.»
Melhores dias? Não logo a arrancar, mas agora…
Assim estava lançada a época 2025/26 do Manchester United. E a pré-época deixou… água na boca. Sete jogos, zero derrotas e, sobretudo, remodelação completa no ataque. Bryan Mbeumo, Benjamin Sesko e Matheus Cunha foram contratados por 75 milhões de euros cada um e muito prometeram.
Contudo, e após derrota por 0-1 com o Arsenal que deu boas indicações, o início de época… mostrou-se complicado. Sete jogos, duas vitórias, um empate com o Fulham e quatro derrotas, frente aos gunners, contra Manchester City, Brentford e… Grimsby Town, da quarta divisão, que eliminou o Manchester United da Taça da Liga com vitória nos penáltis. As críticas subiram de tom novamente, agora reforçadas pelo facto de, mesmo com uma pré-época e com muitos milhões investidos, a equipa ter tido o pior arranque num campeonato em 33 anos.
Em outubro… tudo parece ter mudado. A vitória por 2-0 contra o Sunderland, atual quarto classificado da Premier League, deixou bons sinais, sobretudo pela entrada do quarto reforço, Senne Lammens, para a baliza, e o triunfo por 4-2 em casa contra o Brighton não chegou sem sofrimento, mas os comandados de Ruben Amorim foram melhores, mais intensos e controladores que os adversários. Como no ano anterior, foi em casa do campeão em título, desta vez o Liverpool, que o Manchester United brilhou, com vitória por 2-1, graças a golos de Mbeumo e Maguire. Três vitórias em três jogos que levaram a que Ruben Amorim fosse nomeado para melhor treinador do mês da liga inglesa.
São já três vitórias consecutivas e, neste momento, o Manchester United é sexto classificado, a dois pontos do segundo e a seis da liderança. As exibições parecem ter estabilizado, os reforços começam a dar frutos e, de repente, o cenário parece mais risonho. Estarão os melhores dias a chegar para Ruben Amorim? É possível, mas só o futuro dirá. «Foi uma aventura — uma grande aventura. Foi muito difícil, com bons e maus momentos, aprendi muito e isso é importante. Percebi que, mesmo nos momentos mais baixos, consigo manter-me fiel às coisas em que acredito. E isso é bom para qualquer pessoa perceber. Hoje, a resposta é melhor do que há três semanas. É uma das maiores honras da minha vida, quero ficar aqui muitos anos», disse o técnico, sobre o primeiro ano.