Theotónio pode fazer melhor do que Rui Costa no passivo do Benfica
José Theotónio, a escolha de João Noronha Lopes, candidato à presidência do Benfica, para a vice-presidência da área financeira, falou pela primeira vez nessa qualidade e revelou pontos de vista e estratégias. Benfica District tem os dias contados e a promessa de Rui Costa para o passivo, baixá-lo em €100 M, pode ser batida.
— Está preocupado com aquilo que vai encontrar? Está preocupado com o ordenado José Mourinho que nunca foi revelado?
— Não, o que nós estamos a ver é a figura global. As contas do Benfica foram apresentadas há pouco tempo e o que nós vimos é que há muita, muita, muita margem para baixar aqueles custos que não implicam com a equipa de futebol e até com as próprias modalidades. Mas quando vemos os nossos FSEs [Fornecimento e Serviços Externos] a crescerem 100 milhões de euros durante 4 anos, quando vemos custos como os serviços especializados a crescerem também de forma muito volumosa… há matérias para conseguirmos fazer essa parte da redução de custos. E a parte da redução de custos é que vai ser importante para podermos manter depois os tais ativos valiosos do clube dentro do clube mais anos e não os termos de vender assim que têm sucesso desportivo.
— A atual Direção apresentou um projeto chamado Benfica District. É, no seu entender, um projeto para ir para o lixo?
— Não sei, até porque do projeto conhece-se pouco. Se esta Direção for eleita, o nosso presidente já disse o que iria fazer. Já temos o estudo inicial feito sobre aquilo que é o aumentar o estádio para 83 mil lugares. Agora, para concretizar em termos de valor, quer em termos do custo, quer em termos das receitas que pode gerar, isto implica estar dentro do clube e ter mais informação. O grande projeto está feito, com empresas com muita credibilidade, mas preferíamos não estar já a mostrar, porque podíamos estar a errar bastante, quer nas receitas, quer nos custos.
— Em entrevista a A Bola, Rui Costa, presidente do Benfica e candidato às próximas eleições, prometeu diminuir o passivo do Benfica na ordem dos 100 milhões de euros. É possível fazer melhor?
— É, é, pois foi o que o passivo aumentou nos últimos quatro anos. Portanto, se fizermos uma melhor gestão, nomeadamente na gestão desportiva, porque muitas das receitas dependem da gestão desportiva, então aí vamos conseguir baixar desses 100 milhões de euros.
— A ideia de que os clubes grandes estão obrigados a fazer sempre uma grande transferência de jogador é um mito que se criou?
— Não, depende de como tem o seu equilíbrio financeiro. Não se comigo não irá acontecer, nomeadamente nestes primeiros anos. O Benfica tem um grande déficit entre passivos correntes e ativos correntes. Só para terem uma ideia, os passivos correntes entre o clube e a SAD, face aos ativos correntes, são cerca de 126 milhões de euros, que há que financiar. É preciso encontrar as tais receitas adicionais em termos de merchandising, através de novas tecnologias e de maior proximidade aos sócios e de poder vender outros conteúdos aos sócios e aumentar as tais receitas correntes. Se aumentarmos as receitas correntes e baixarmos os passivos correntes, então aí há espaço para não ter de vender jogadores.