Sporting: um leão de coração que está pronto para a caça ao... rei
Nunca se renegam as origens. Dito popular que se aplica na plenitude a Filipe Cândido, treinador do Paços de Ferreira que amanhã recebe o seu Sporting na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal.
De leão ao peito foi quatro vezes campeão, mais concretamente nos infantis, iniciados e duas vezes nos juniores, e ainda hoje é um dos melhores marcadores de sempre da formação leonina, com 330 golos, numa era em que ainda não existia a Academia de Alcochete.
«Fiz-me jogador e homem no Sporting. Apanhei Simão Sabrosa, Caneira, Boa Morte, Miguel, Nuno Assis. Não havia equipas B, o Sporting tinha protocolo com o Lourinhanense, mas eu acabei por sair para Espanha, muito novo, fui um pouco cobaia, andei à frente no tempo, agora é bastante usual, mas tive experiências que acabaram por ser importantes para mim. Nunca neguei a minha condição [de sportinguista], todos temos a nossa história e ela fala por nós durante o nosso percurso», recordou em declarações exclusivas a A BOLA.
Perder? Nem a feijões...
Quando no próximo sábado for dado o apito inicial para o jogo entre Paços e Sporting, Filipe Cândido só tem uma coisa em mente: ganhar!
«Será especial vencer, foi o que sempre quis desde que comecei a ser treinador: vencer sempre o próximo jogo. E quero muito vencer. Já defrontei o Sporting com o Mafra, em 2020/2021, na Taça da Liga, em pleno Covid-19, com o estádio vazio [perdeu por 0-2]. O coração fica de lado quando a bola começar a rolar, não gosto de perder nem a feijões», realçou.
Filipe Cândido tem construído carreira de treinador a pulso. Soma três play-off de subida à Liga 2 (Sousense, Salgueiros e UD Leiria), uma boa caminhada na Taça da Liga, pelo Mafra, meias-finais da Taça de Portugal pelo Nacional. No último ano e meio esteve no Brasil, apurou o Boavista-RJ para a Série D e final da Taça Rio (venceu o Botafogo, que viria a ganhar o Brasileirão, e empatou com o Fluminense, vencedor da Libertadores), conseguiu manter o UD Leiria e salvar Paços da descida, ambos na Liga 2, cujo objetivo, agora, é estabilizar.
«Este jogo faz-nos viajar aos tempos áureos, em que o Paços conseguia ombrear com os grandes de Portugal. Agora a realidade do clube é diferente, temos consciência de que a missão é fazer o Paços sobreviver», sublinhou.