Noronha Lopes, candidato às eleições do Benfica, quer encerrar a polémica

«Sócios do Benfica não querem discutir declarações de rendimentos, querem discutir ideias»

Candidatura da Lista F, lideradada por João Noronha Lopes, revela intenções para o futuro do clube em 10 perguntas fundamentais

— Acredita que vai à frente da corrida para as eleições do dia 25 de outubro?

— Acredito, convictamente, que sim. Com todo o respeito que tenho pelos outros candidatos, sinto é um grande desejo de mudança por parte dos benfiquistas. Sinto-o nas casas do Benfica, sinto-o nos contactos que vou tendo todos os dias com os benfiquistas, sentem que é necessário uma nova equipa, uma nova ideia, um novo projeto e que essa mudança deve acontecer o mais rapidamente possível. O meu programa representa medidas para todas as áreas do Benfica. Já elenquei também medidas muito importantes para os primeiros 90 dias. Criar a nova estrutura do futebol, pensada com pessoas que sabem exatamente aquilo que vão fazer e que vão fazer com que Mourinho, que é um grande treinador, possa ganhar rapidamente. Um diretor-geral, um diretor da formação, um diretor desportivo, um diretor para o futebol feminino. E todos trabalham em conjunto para permitir que José Mourinho seja campeão este ano. A segunda medida é avançar com o processo do novo estádio. Eu tenho uma proposta, um estudo prévio feito por uma das maiores empresas de engenharia de estádios do mundo, a Dar. Elaborou um estudo prévio para aumentar a capacidade do Estádio da Luz para 83 mil lugares. Vai gerar receitas adicionais e resolver problema da lista de espera dos Red pass. E, primeiro, vamos apresentar isto aos sócios, não chamamos políticos e Comunicação Social. Terceiro ponto, apresentar um plano estratégico a 10 anos, de todo o grupo empresarial do Benfica. Quarta medida, a convocação de um congresso das casas do Benfica, há 10 anos que as casas do Benfica não são ouvidas. Criação, também, de um portal de transparência, onde conste a informação financeira de uma maneira fácil para explicar aos sócios, as remunerações dos órgãos sociais,as comissões de intermediação dos jogadores. E ainda as minhas promessas eleitorais. Para que daqui a quatro anos possam avaliar se o presidente cumpriu ou não cumpriu as peomessas. Também tenho como prioridade sentar-me e analisar as propostas que o Benfica tem na sua posse para a venda dos direitos televisivos dos próximos dois anos.

— As notícias recentes sobre a gestão das suas empresas abalaram a candidatura e a sua reputação ou, por outro lado, sente que conseguiu esclarecer os sócios do Benfica sobre os seus méritos de gestão?

— Olhe, eu fiz aquilo que nenhum candidato a presidente de nenhum clube em Portugal alguma vez fez, que foi, de uma forma totalmente transparente, divulgar as minhas declarações de rendimentos para que os benfiquistas não tivessem absolutamente dúvidas relativamente a quem é João Noronha Lopes. E, portanto, os esclarecimentos foram feitos, as dúvidas estão dissipadas, e a partir de agora aquilo que eu quero é que possamos discutir ideias e projetos para o Benfica. Os benfiquistas não querem estar a discutir declarações de rendimentos, querem estar a discutir ideias e projetos para o futuro do Benfica e é a isso que eu apelo, que todos os candidatos o façam a partir deste momento.

O Benfica precisa de resultados. E os resultados desportivos, financeiros e de defesa do Benfica neste mandato do Rui Costa foram um falhanço total. Estou perfeitamente de acordo com o meu vice-presidente. Como sabe, é um dos melhores gestores portugueses e acho que podemos fazer melhor

— Rui Costa, presidente do Benfica e recandidato nas próximas eleições, prometeu reduzir o passivo em €100 milhões de euros no próximo mandato, mas José Theotónio, o seu homem forte e escolha para vice-presidente da área financeira, prometeu fazer ainda melhor. Que número deixaria, afinal, João Noronha Lopes orgulhoso?

— Deixe-me, antes de mais, comentar as declarações que ouvi de Rui Costa, que disse que todos os benfiquistas sentiam que, para perder, que se perdesse assim. Ora, sou benfiquista e não sinto isso. O Benfica tem de ter uma cultura de exigência muito superior àquela cultura de exigência do Rui Costa presidente. Rui Costa é o presidente do quase. Quase fomos campeões, quase ganhámos a taça, quase temos boas contas, quase defendemos o Benfica. Ora, o Benfica não precisa de um presidente do quase. O Benfica precisa de resultados. E os resultados desportivos, financeiros e de defesa do Benfica neste mandato do Rui Costa foram um falhanço total. Estou perfeitamente de acordo com o meu vice-presidente. Como sabe, é um dos melhores gestores portugueses e acho que podemos fazer melhor.

— Vamos falar de remunerações. Os vice-presidentes de João Noronha Lopes trabalharão a tempo inteiro para o Benfica e serão remunerados?

— Aqueles que trabalharem o tempo inteiro serão remunerados por isso, aqueles que não trabalharem o tempo inteiro não serão remunerados. O meu vice-presidente para as modalidades, Felipe Gomes, não é só um ex-capitão da equipa de basquetebol, é também um gestor e foi responsável pelos patrocínios de grandes marcas. Será uma das pessoas que vão estar o tempo inteiro no Benfica, porque as modalidades são demasiado importantes para serem geridas em part-time. E, portanto, será uma das pessoas que estarão em regime de full-time no Benfica.

— Se ganhar as eleições do Benfica, vai manter funcionários de base do clube como por exemplo assessores, pessoal administrativo, equipas de segurança e motorista ou levará o seu próprio pessoal?

— O Benfica tem muitas pessoas boas a trabalhar no clube. E que não podem ser só lembradas em ano de eleições. E, portanto, vamos criar uma cultura de mérito no Benfica, para que todas as pessoas tenham planos de carreira, para que todas as pessoas saibam aquilo que podem esperar e que sejam devidamente recompensadas ao longo da sua carreira. Eu quero ter pessoas motivadas, orgulhosas de estarem no Benfica e que olhem para o futuro com otimismo. Farei, naturalmente, uma avaliação quando chegar ao Benfica, é isso que faço sempre, antes de tomar qualquer decisão. Mudarei aquilo que tiver de mudar, deixarei estar aquilo que funciona bem e há coisas que funcionam bem no Benfica.

O que é importante acontecer para defender os interesses do Benfica é que este seja um processo transparente, fiável e que não existam absolutamente dúvidas nenhumas relativamente ao resultado final. Para o interesse do Benfica, para que os benfiquistas, no dia seguinte às eleições, passem a pensar no Benfica e estejam unidos à volta do nosso clube

— Perdeu as eleições com Luís Filipe Vieira em 2020 e aceitou os resultados finais, mesmo com suspeitas em relação aos resultados finais. Se a situação em relação às suspeitas se repetir, irá aceitar novamente os resultados das eleições ou tomará uma decisão diferente em função das pessoas que votaram em si?

— Temos tido uma postura muito construtiva neste processo das eleições. Desde as primeiras reuniões que tivemos com o presidente da Assembleia Geral [José Pereira da Costa] que fizemos propostas construtivas e também sugestões. Brevemente, haverá uma nova reunião dos meus representantes com o presidente da Assembleia Geral do Benfica. O que é importante acontecer para defender os interesses do Benfica é que este seja um processo transparente, fiável e que não existam absolutamente dúvidas nenhumas relativamente ao resultado final. Para o interesse do Benfica, para que os benfiquistas, no dia seguinte às eleições, passem a pensar no Benfica e estejam unidos à volta do nosso clube, porque é isso que todos nós queremos. Preparei-me para isto a vida toda, já estou a trabalhar nisto há algum tempo, sei exatamente aquilo que vou fazer no dia 26, não preciso que me deem quatro anos para aprender. Sei exatamente aquilo que tenho de fazer e será um enorme orgulho ser presidente de todos os benfiquistas.