Rui Borges, treinador do Sporting - Foto: Miguel Nunes
Rui Borges, treinador do Sporting - Foto: Miguel Nunes

Rui Borges numa taberna chique

Sporting afastou uma «pseudo crise» com duas vitórias, Rui Borges não convence como Ruben Amorim mas será que é o treinador que estará algum problema?

O Sporting sacudiu a «pseudo crise». Uma reviravolta sobre o Marselha e uma vitória inequívoca em Tondela afastaram fantasmas vindouros do empate com o SC Braga e de um facto inegável: os leões ainda não ganharam um clássico. Seja ele um dérbi com o Benfica, um duelo com o FC Porto ou um clássico mais moderno, estes que os grandes jogam com o SC Braga. Mas o Sporting, entretanto, ganhou um jogo grande: o encontro com o Marselha. Ainda que a expulsão de um jogador dos gauleses tenha sido fator, culpa não tem treinador nem jogadores que conseguiram capitalizar. Nem sempre é assim e, por isso, a «pseudo crise» leonina começou por ser afastada com esse resultado, como um encolher de ombros a questionar: «Qual crise?»

Importa refletir sobre essa ideia. De onde vinha ela? De uma derrota em Nápoles, um empate em casa com o SC Braga e um prolongamento na Taça com o P. Ferreira.

O Nápoles é campeão de Itália e foi por erro individual que o leão caiu; dificuldades na 3.ª eliminatória da Taça não é incomum para um grande, muito menos para o Sporting que na época passada só se livrou de um tempo extra aos 90+4 em Portimão, ainda com Amorim. Pelo meio, a exibição com o SC Braga não foi boa e que o leão não capitalizou o FC Porto-Benfica dessa jornada é um facto.

Na mesma medida que tinha sido elogiado após a vitória sobre o Moreirense, alguns, muitos, começaram a duvidar do jogo da equipa e de Rui Borges. O treinador de Mirandela não é o comunicador que o antecessor é. Amorim resolvia muitas questões na sala de imprensa, por vezes dava sérios recados aos adeptos, mas num jeito que os convencia. Borges, por seu lado, tem uma fala humilde, dos que não têm muito para dizer talvez por desconforto e porque o trabalho, como é trabalho, deve falar por si mesmo.

Houve uma vez em que o técnico leonino foi acusado de ter um discurso de tasca, de taberneiro, porque dele não brotava um modo eloquente de dizer as coisas. Percebi a ideia por detrás disso, mas parece-me que, por vezes, é a taberna que é demasiado chique. Borges pode não convencer ninguém com o discurso, mas há por aí muitos treinadores que falam muito bem e não apresentam o que o leão de Borges apresentou nem no segundo tempo com o Marselha e muito menos em Tondela...

Segue-se a Taça da Liga, já hoje, com o Alverca, um adversário a ter em conta pelo talento que tem. Rui Borges estará alertado, não vai ser no pós-jogo que vai convencer quem quer que seja...