David Moreira: «O Sporting B é uma equipa muito forte»
David Moreira, 21 anos, é um dos esteios do Sporting B que de momento lidera a Liga 2. O cabo-verdiano explica porque a equipa tem estado tão forte e revela o que o pode levar ao conjunto principal.
— O Sporting B está a surpreender na Liga 2 e está na liderança da prova, até onde é que pode chegar?
— Acredito que a equipa B pode chegar muito longe. Somos uma equipa muito forte. Neste momento estamos em primeiro, com a melhor defesa, um dos melhores ataques. Temos uma equipa muito unida, muito consistente e que dá o máximo a cada jogo.
— O facto de não poderem subir de divisão pode causar algum relaxamento entre os jogadores?
— Penso que não. Acredito que não porque é uma equipa que, independentemente de tudo, vai dar sempre o máximo, é um conjunto que se esforça ao máximo e em todos os treinos damos sempre o máximo. E é muito por isso que estamos onde estamos agora no campeonato; estamos muito bem.
— Se tivesse que apostar em que lugar pensa que o Sporting B pode ficar nesta Liga 2? Nos cinco primeiros, no top-10…
— Acredito é possível ficarmos nos cinco primeiros. Tudo é possível porque, lá está o que eu digo, a nossa equipa é uma muito forte, é uma muito unida, luta por cada jogo até ao último minuto e isso faz-nos acreditar.
— Já trabalhou por diversas várias com o Rui Borges e trabalha diariamente com João Gião. Há semelhanças no método?
— Sim, há semelhanças. Cada treinador tem a sua maneira de lidar com os jogadores, tem a sua forma de dar os treinos, mas são muito parecidos no que toca ao rigor, à exigência, à disciplina. Isso também é muito a imagem do Sporting no geral.
— João Gião era praticamente desconhecido quando chegou à equipa B. Porém, na época passada subiu da Liga 3 à Liga 2 e esta temporada estão a ser sensação. Acha que ele pode alcançar outros patamares, mais acima?
— Acredito que sim. É um bom treinador, gosto muito dele e a nossa equipa gosta muito dele, principalmente da forma como trabalha e da forma como lida connosco.
— O facto de haver mais espaço para jogar na Liga 2 do que na 3 favorece-vos?
— Sim, por um lado sim. Na Liga 2 há um bocadinho mais espaço para jogar, mais tempo para pensar, mas a nossa equipa baseia-se muito nisso, de ter bola. Porém, neste ano estamos muito fortes no que toca na agressividade, crescemos muito na maturidade, na forma como sabemos acelerar e ao mesmo tempo pausar um jogo.
— Identifica muitos jogadores na vossa equipa com potencial suficiente para chegar ao plantel principal?
— Acredito que todos têm essa possibilidade, todos têm essa qualidade. Claro que não vai dar para todos, é assim o futebol. A vida funciona assim, todavia, acredito que todos têm a qualidade e a possibilidade de chegarem lá acima.
— Mas do atual grupo da B, se tivesse que apostar num ou em dois ou em três, em quem apostava mais?
— É difícil dizer porque o futebol muda do dia para a noite. Posso dizer aqui um jogador que hoje está muito bem, mas amanhã já não está muito bem. No meu caso, a época passada, ninguém diria que me podia ter estreado pela equipa A e depois isso aconteceu.
— Estreou-se no prolongamento da final da Taça de Portugal na última época. Como viveu esses momentos?
— Foi uma felicidade enorme, foi uma coisa por que sempre lutei desde 2008, um sonho tornado realidade.
— Depois desse episódio, acalentou alguma esperança de ficar na plantel principal ou pensou que só poderia ser uma coisa boa para o seu crescimento?
— Esperança, temos sempre esperança e trabalhar para isso, trabalhamos todos os dias, certo? E depois, não depende muito de nós. É o que eu digo, isso depende mais, não está no nosso controlo, está fora do nosso controlo e eu tento-me sempre preocupar com aquilo que eu controlo, que é o trabalho diário.
— Como recebeu a renovação de contrato até 2028? Como uma prova de confiança?
— Sim, é uma prova de confiança por parte do Sporting, é um sinal que confiam em mim e eu também gosto muito de estar aqui, como já disse, é a minha segunda casa, sempre cresci aqui, não tive outro clube para além do Sporting e então vou continuar a dar tudo por este clube.
— Tem jogado a lateral esquerdo e a central. Onde se sente melhor?
— Sinto-me bem nas duas posições, sinceramente. São dois posições que conheço muito bem e que esforço-me ao máximo para fazê-los bem, mas se me quiserem meter a jogar noutra posição, estou disposto, também já o fiz, já joguei em vários sítios. Mas estas são duas posições que conheço muito bem e estou confortável a jogar nelas.
— De facto, joga mais a lateral esquerdo. Como vê a concorrência para este posto específico no plantel principal?
— É uma concorrência saudável. Na equipa A agora existem jogadores para os quais olho muito.
— Na realidade, são quatro os 'concorrentes: : Maxi Araújo, Mangas, Nuno Santos e Matheus Reis …
— São jogadores muito fortes e tento aprender ao máximo quando vou treinar com eles, retirar tudo o melhor possível que eles têm para aprender e crescer.
— Como é define Maxi Araújo, por exemplo?
— Gosto muito da agressividade dele e do andamento que tem.
— E Ricardo Mangas?
— Gosto muito também. Sobretudo da velocidade e do rigor.
— Nuno Santos...
— Não treinei com ele porque tem estado lesionado, mas é um jogador muito agressivo, muito rigoroso e leva todos os treinos e jogos muito a sério.
— Matheus Reis é o mais velho dos quatro.
— É um futebolista de quem gosto muito, pois é muito rigoroso e nos treinos ele dá sempre o máximo e esforça-se sempre, nunca dá um lance por perdido.
— E o David, o que poderia acrescentar aos principais?
— As minhas qualidades.
— E quais são?
— Acho não, tenho a certeza [risos] de que sou um jogador calmo com bola, que sei ler o jogo e que dá sempre tudo pela equipa até ao último minuto. Gosto de ajudar a equipa e os companheiros e esforço-me ao máximo.
— Qual o objetivo de carreira?
— É chegar o mais longe possível, esforçar-me ao máximo todos os dias, é conseguir criar uma família boa com a minha namorada, é conseguir ajudar os meus pais, o meu irmão, os meus primos, a minha família inteira em tudo o que for possível e conseguir fazer uma grande carreira no mundo do futebol.
— Sempre viveu em Setúbal e jogava no Sporting, em Lisboa? Como recorda esses tempos e as viagens entre as duas cidades?
— Eram tempos engraçados, porque não fazia as viagens sozinho. Tenho de agradecer muito ao meu pai e à minha mãe que ajudavam-me a levar para os treinos, mas também aos pais dos meus amigos. Éramos uns quatro ou cinco e os revezavam-se. Era engraçado. Mas não era fácil porque chegava tarde a casa, principalmente quando apanhava trânsito na 25 de Abril, e levantava-me cedo por ir para a escola, mas era uma coisa de que gostava muito, a minha paixão.