Roderick Miranda e Ruben Amorim foram colegas de equipa no Benfica e também oponentes no campeonato português - Foto: A BOLA
Roderick Miranda e Ruben Amorim foram colegas de equipa no Benfica e também oponentes no campeonato português - Foto: A BOLA

Roderick Miranda: «Amorim tira um coelho da cartola nos jogos grandes»

Elogios do defesa-central do Melbourne Victory ao treinador do Manchester United, de quem foi colega de equipa no Benfica. Destino Aventura é a rubrica em que A BOLA dá a conhecer jogadores e treinadores espalhados pelos cantos mais remotos do mundo.

Roderick Miranda, capitão do Melbourne Victory, falou, em entrevista a A BOLA, sobre o impacto do futebol internacional no crescimento da modalidade na Austrália, onde, diz, toda a gente tem um clube da Premier League. O defesa-central deixou elogios a Ruben Amorim, treinador do Manchester United, de quem foi colega no Benfica, e comentou o momento do Wolverhampton, que, à data da entrevista, era ainda treinado por Vítor Pereira, que foi, entretanto, despedido.

— Tem Juan Mata no plantel, falou também da digressão do Manchester United. Existe esse crescimento dos clubes estrangeiros aí? Já se vê muita gente na rua com camisolas do Man. United, do Real Madrid ou do Barcelona, por exemplo?

— Aqui, por toda a influência inglesa que há na Austrália, por ter sido um antigo território inglês, vê-se muito o clubismo pela Premier League. Algumas vêm a A League [campeonato australiano], mas não muitas, em primeiro, porque os bilhetes são caros, e em segundo, porque acham que a emissão televisiva é um desastre. Então as pessoas acabam por escolher outros planos, como Premier League ou Serie A. Mas aqui, a qualquer pessoa que se pergunte, ela vai ter uma equipa da Premier League, seja o Chelsea, o Tottenham, o Arsenal, o Manchester, o Liverpool.

Há muito essa tendência e acho que também que tentam trazer, quando querem fazer crescer a A-League, fazer com que tenha algum impacto, algum jogador que tenha passado pela Premier League. Por isso houve todo o impacto com o Nani quando veio, agora a questão com o Juan Mata também. Também tinham trazido o Daniel Sturridge, não para o Melbourne Victory, mas para o Perth Glory, mais a norte, e também foi algo muito grande.

Toda a gente segue a Premier League e é um facto que muitas vezes o futebol aqui não é falado tanto na comunicação social, mas vou dar uma volta pelo rio e, em 100 pessoas, vou ver pelo menos cinco ou 10 com algum tipo de uma camisola de futebol, seja Premier League, seja La Liga, seja Serie A.

— Tem acompanhado também a Premier League? Assumo que seja um pouco difícil, até pela diferença horária.

— Sim, é um pouco complicado. Vemos os resumos de manhã. No balneário temos uma televisão, colocamos os resumos, vemos um bocadinho e depois começamos o nosso treino.

— O Roderick jogou no Benfica e, numa entrevista dada, há relativamente pouco tempo, afirmou que nunca esperou que Ruben Amorim fosse treinador, porque era, e cito, «o palhaço do balneário», uma entrevista em que também reconheceu a inteligência de Amorim enquanto jogador. Ficou surpreendido com este último Liverpool-Manchester United?

— Não fiquei surpreendido. O Amorim tem esta coisa para os jogos grandes e, quando ninguém está à espera, parece que é quando ele tira o coelho da cartola. O nosso roupeiro e o nosso secretário técnico são adeptos fervorosos do Liverpool. Eu disse-lhes: «Vocês vão em quatro derrotas, agora já vão para cinco sem ganhar. Eles disseram que era impossível. «Está bem, falamos amanhã.» No dia seguinte, apareci com um sorriso na cara. Nem sou fã do Manchester United, mas fiz questão de ser naquele dia, só para os irritar, a cantar e a celebrar! Mas não, não estou nada surpreendido.

— O Roderick jogou no Wolverhampton. Como tem acompanhado o clube [na altura da entrevista Vitor Pereira ainda era o treinador]?

— É um momento complicado. É sempre complicado quando saem jogadores, entram jogadores. Sei que tentaram manter ali um grupo base do ano passado, mas trouxeram aqui um ou outro jogador, e se calhar não estão a ambientar-se ao grupo. E a Premier League é cada vez mais competitiva, é cada vez mais pelos pequenos detalhes. Vi o resumo do último jogo [derrota por 0-2 frente ao Sunderland], jogaram muito bem, mas é aquela velha história: quem não marca, sofre. Depois, quando se está nesta maneira de azar, é sempre complicado. É preciso ainda remar com mais força contra a maré, parece que tudo vai contra eles. Mas espero, e acredito, que o Vitor Pereira consiga dar a volta à situação e conseguir manter o clube na Premier League, onde tem estado de forma estável.