Reforço elogiado... e avisado: «Para jogar no Benfica tens de ter muita personalidade»

A carreira de Sidny Cabral deu uma volta de 180 graus em menos de um ano. O internacional cabo-verdiano começou 2025 no Viktoria Koln, equipa que terminou a época transata no sexto lugar do terceiro escalão do futebol alemão. Seguiram-se seis meses de alto nível na Amadora que precipitaram nova mudança, desta feita para o Benfica, clube que vai representar a partir de janeiro de 2026.

A trajetória ascendente do defesa direito de origem orgulha um antigo dono da posição nos encarnados, também com raízes cabo-verdianas e que rumou ao Estádio da Luz numa fase precoce da da carreira. Nélson, em declarações a A BOLA, admitiu a «ansiedade» inerente à possibilidade de representar o Benfica, mas preferiu destacar a oportunidade de «desfrutar» e «viver um sonho» de águia ao peito.

«Independentemente da idade, a personalidade de cada um dita muito a forma como enfrentas uma situações dessas. Quando és muito novo só pensas em jogar futebol, não consegues ter a noção de tudo aquilo que representas e o grau de responsabilidade que tens em cima de ti», defendeu Nélson, que trocou o Boavista pelo Benfica em 2005.

O antigo lateral direito pegou de estaca no corredor direito encarnado e rubricou 107 partidas em três temporadas. Para Sidny deseja o mesmo sucesso de águia ao peito: «Quando cheguei [ao Benfica], parecia que estava lá há muito tempo. As coisas correram muito bem, entrei logo na equipa e espero que aconteça o mesmo ao Sidny.»

Nélson destaca a dificuldade de «jogar num clube como o Benfica com 22/23 anos, começando de baixo», mas acredita que Sidny Cabral está «preparado para assumir essa responsabilidade». O antigo jogador de 42 anos destacou a pressão inerente a representar os encarnados, antes de aconselhar o compatriota: «Para jogar no Benfica tens de ter muita personalidade. Não tens só o dever de cumprir, mas também de fazer com que os adeptos se sintam orgulhosos do jogador que representa o clube.»

«Se o Benfica aposta em ti é porque tens qualidade», reforçou Nélson, confesso adepto da polivalência e aptidão ofensiva de Sidny Cabral. O antigo jogador dos encarnados acredita que o internacional cabo-verdiano tem todas as condições para vingar na Luz: « Se és um jogador tecnicamente evoluído e consegues adaptar-te às exigências do clube, tens quase tudo para triunfar. O Sidny pode jogar à esquerda e à direita, tal como eu na altura. Ajuda sempre quando és um jogador polivalente.»

Para Nélson, a primeira chave para abrir a porta do sucesso no Benfica, ainda assim, prende-se com José Mourinho: «O mais importante é entender e perceber primeiro o que o treinador quer. Como lateral ofensivo, jogando numa equipa como o Benfica que está constantemente a atacar, tens mais probabilidades de desenvolver o teu futebol.»

Sidny Cabral pode tornar-se no quinto jogador internacional por Cabo Verde a somar minutos oficiais pelo Benfica, depois de Toy, David Tavares, Bebé e Bruno Varela. Nélson, natural da ilha do Sal, admite que seria «uma grande alegria» ver o ala direito representar as águias, na antecâmara do primeira participação cabo-verdiana numa fase final do Campeonato do Mundo.

«Sinto-me muito orgulhoso ao ver um cabo-verdiano chegar a uma equipa como o Benfica, é o sonho de muitas crianças. A maioria dos cabo-verdianos é do Benfica. Jogar lá é muito difícil», destacou.