Casa Pia - Foto: Paulo Cunha/Lusa
Casa Pia - Foto: Paulo Cunha/Lusa

Queriam tanto ganhar que ninguém ficou satisfeito (crónica)

Merecia ter mais público nas bancadas um encontro muito bem jogado, com as duas equipas a procurarem o golo e a levarem emoção até ao minuto 90

É pecado um jogo com tanta qualidade ter as bancadas praticamente despidas de público. Um encontro com oportunidades numa e noutra baliza. Grandes golos. Defesas que pareciam impossíveis. Incerteza e Emoção. Ninguém merecia sair derrotado... o 2-2 é mais do que justo.

Casa Pia e Estoril entraram com sistema idêntico, em 3x4x3. Mas com dinâmicas bem diferentes: a formação da casa mais estendida no relvado e os visitantes obrigados a atuar com linhas mais próximas, mas sempre com capacidade para condicionar a primeira linha de construção adversária, com pressão muito alta.

A vantagem do Estoril acabou por surgir num lance feliz. O guarda-redes do Casa Pia, Daniel Azevedo tem má abordagem, João Carvalho procura rematar à baliza, mas a bola vai ter a Lominadze, que desvia para o fundo da baliza.

Desde que ficou em desvantagem, o Casa Pia ganhou agressividade e, com Livolant e Livramento a pegarem no jogo, foi levando perigo para junto da área do Estoril. Bacher evitou uma das oportunidades e Robles foi mostrando segurança.

Sentindo que o jogo mudara e que Rafik Guitane ficou um pouco limitado fisicamente, Ian Cathro lançou De Paula para dar equilíbrio à equipa, mas praticamente no lance seguinte Kaique Rocha marcou de cabeça o golo do empate (19’).

E tudo voltou à primeira fórmula. Duas equipas com facilidade em chegar a zonas de finalização, algumas oportunidades de um e de outro lado, mas haveria de aparecer um desequilibrador. Um rápido contra-ataque do Casa Pia a ser fechado com o grande momento do jogo, com um golo fantástico de Livolant.

Pelo que fez após sofrer o golo, o Casa Pia bem mereceu a reviravolta, mas tinha na segunda parte de continuar a ser seguro em missão defensiva.

Com o jogo a caminhar para o fim ainda houve crescimento do Estoril. Bacher esteve perto do empate, mas o cabeceamento saiu por cima. Acabou por ser João Carvalho a aparecer no sítio certo para empatar o encontro ao adivinhar erro raro de José Fonte.

Pouco depois, nova criação de João Carvalho só não deu o golo da vitória porque Lacximicant não aproveitou a oferta do criativo da equipa. 

Melhor em Campo do Casa Pia: Livolant (7)
O jogo estava a chegar ao intervalo quando teve momento de suprema inspiração. O Casa Pia até tinha vantagem numérica num rápido contra-ataque, mas o francês arriscou, rematou de longe. Tão forte como colocado. Ao ângulo! Um momento assim merecia que as bancadas não estivessem tão despidas. Aos 68’ só não marcou o segundo porque a defesa de Livolant é estrondosa.

Notas do Casa Pia: Daniel Azevedo (6); Geraldes (6), José Fonte (4) e Kaique (6); Larrazabal (5), Sebastián Perez (6), Nhaga (6), Sousa (5); Livolant (7), Livramento (6), Miguel Sousa, João Goulart (-) e Rafael Brito (-) 

Melhor em campo do Estoril: João Carvalho (7)
A bola ganha outra vida quando lhe chega aos pés. Ontem, mesmo nos períodos em que o Estoril mostrava alguma descrença, foi sempre o médio a empurrar os companheiros para a frente. O prémio surgiu aos 84 minutos, quando adivinhou o erro de José Fonte e rematou sem hipótese para Daniel Azevedo. Ofereceu pouco depois o golo a Lacsimicant, mas este não aproveitou.

Notas do Estoril: Joel Robles (6); Boma (5), Ferro (6) e Bacher (6); Pedro Carvalho (5), Lominadze (6), Holgrove (5), Pedro Amara (5)l; Guitane (5), Marquês (5) e João Carvalho (7),  De Paula (5), Begraoui (5), Lacximicant (6), Fabrício Garcia (5), Tiago Parente (5)

Reação de Alexandre Santana, treinador-adjunto do Casa Pia: «É injusto»

«É um sabor agridoce. É frustrante termos feito muito melhor do que nos jogos passados e sofrer um golo no fim que não nos deixou ganhar. É injusto. Não merecíamos. Trabalhámos muito bem e o futebol foi hoje muito injusto para nós.»

Reação de Ian Cathro, treinador do Estoril: «Temos razões para chorar»

«O nosso objetivo era primeiro fazer um bom jogo e depois ganhar. Não conseguimos nem uma coisa nem outra, mas o mais importante é que conseguimos mostrar agressividade na segunda parte. Crescemos nesse período, mas não foi suficiente. Estávamos a precisar desta paragem para as seleções para podermos encarar o que aí vem. O que fizemos no passado fez-nos ter expectativas mais altas e quando não conseguimos pontos ficamos com mais ansiedade e fristação. Temos razões para chorar...»