Paga caro a Bundesliga que ganhou: «Fiz três transplantes, não sei quanto viverei»
Ivan Klasnic foi um dos protagonistas de um daqueles quase-milagres que por vezes acontece na Alemanha e que resulta na conquista da Bundesliga por um clube que não o Bayern Munique.
Nos últimos 25 anos, isso apenas aconteceu seis vezes, metade das quais com o Borussia Dortmund a bater o rival, tendo as outras três sido protagonizadas por três clubes diferentes: Bayer Leverkusen (2023/2024), Wolfsburgo (2008/2009) e Werder Bremen (2003/2004).
E foi precisamente nesse título celebrado em 2004 que o avançado croata Ivan Klasnic brilhou, ao ser o segundo melhor marcador da época do título – que valeu ainda a conquista da Taça - com 19 golos, apenas superado pelo brasileiro Aílton, com quem formava dupla atacante.
A questão que se impõe, contudo, é: a que custo? É que três anos depois, Klasnic teve de remover os rins, que foram afetados pela medicação que lhe era dada pelos médicos do clube para combater as dores.
Os primeiros dois transplantes foram realizados quando ainda jogava no clube alemão, ele que ainda representou os franceses do Nantes e os ingleses do Bolton após as operações, antes de terminar a carreira em 2013 ao serviço do Mainz.
O problema é que foram ignorados problemas renais do avançado, que representou o clube durante sete épocas e que é uma das suas grandes lendas.
Em 2020, após uma longa batalha judicial, o croata conseguiu provar em tribunal que os tratamentos repetidos feitos através da ingestão de Voltaren e Diclofenac, foram responsáveis pela deterioração do funcionamento dos rins até os levar à falência total. E que houve negligência dos médicos do clube, que tinham exames que mostravam a fragilidade do jogador.
Em resultado dessa sentença, recebeu 4,5 milhões de euros de indemnização no final de 2020, mas realça que isso não lhe paga a esperança de uma vida saudável.
«Nenhum dinheiro pode devolver-me a saúde. Não sei quanto tempo mais viverei. Só tenho de ser grato por ainda estar vivo, mesmo que tenha de tomar medicação para sobreviver», lamentou agora, num documentário de uma televisão alemã.
O antigo jogador, agora com 45 anos, reconhece que é difícil fazer uma carreira desportiva de alto nível sem recurso a medicamentos para as dores, mas garante que não o teria feito se tivesse consciência dos problemas que tinha.
«É difícil para de tomar medicação quando queres competir. Acredito que nenhum desporto profissional pode ser sustentado sem analgésicos. Mas se eu soubesse que tinha problemas, não teria tomado aquela medicação», realça.
Desde que foi sujeito ao primeiro transplante, Klasnic teve de se submeter a várias sessões de diálise para um tratamento que não lhe garante uma vida normal.
«Claro que fico furioso. Não desejo a ninguém aquilo que tenho passado», resume.
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