2025: o ano em revista
Chegou a altura do ano em que os resumos do ano acontecem. Por convicção, por desejo de estabelecer novas metas, por vontade de resolver pendências. Seja qual for a razão, no final do ano revisitamos tudo. Também no desporto o direito a tal recapitulação existe. Em 2025 o Sporting foi a estrela: venceu a Taça de Portugal e a Liga. Está de parabéns. Foi vencedor também no verão, com a novela inglesa chamada Gyokeres. O jogador faltava aos treinos dizendo-se doente, quando cenas secundárias mostravam que, na verdade, só queria trocar Lisboa por Londres. E trocou por €65 M, mais €10 M por objetivos. Muita coisa por um jogador de 26 anos que só nos dois anos de Sporting mostrou talento acima da média. E que está a ter dificuldades em impor-se no Arsenal.
Resumindo, 365 dias que dificilmente poderiam ter corrido melhor ao Sporting e ao seu presidente. Parece, desde a Liga 2020/2021, que o clube verde e branco entrou numa nova era, como um dos três grandes de pleno direito, em vez de ser considerado o mais pequeno dos três grandes, como foi o caso nos primeiros decénios deste século.
Já o Benfica continua sem conseguir traduzir em resultados a sua superioridade financeira. O clube gasta €48,5 M por ano em salários de jogadores. O Sporting €33 M e o FC Porto €31 M. Isto poderia indicar que o Benfica seria um dominador sem contemplações, como acontece com o Bayern na Alemanha. Mas o Sporting e o FC Porto, com muitíssimo mérito, não o permitem. O Benfica prepara-se para terminar o ano em terceiro lugar no campeonato. Em maio logo se verá. O clube foi a eleições, manteve o presidente, mas este ainda não parece capaz de o devolver à sua gloria histórica. Antes das eleições contratou José Mourinho, um trunfo eleitoral que ainda não se afirmou no Benfica, apesar da grande vitória diante do Nápoles e de não ter perdido nenhum jogo contra os grandes rivais. Precisa de tempo. Vamos ver se lho dão.
Logo no início do ano, em fevereiro, faleceu Jorge Nuno Pinto da Costa, o presidente dos presidentes, como era designado. Era polémico e truculento, mas o seu amor pelo clube não tinha limites. Dele pode afirmar-se que venceu tudo o que havia para vencer. Mas, além disso, criou o FC Porto moderno. Pouco antes de falecer tinha perdido as eleições para André Villas-Boas, um presidente que viu o FC Porto a fazer uma das suas piores épocas dos últimos 20 anos. Sim, Villas-Boas precisa afirmar-se e este ano a equipa está a ajudar. É, nesta fase, o mais sério candidato ao título nacional.
Por último, no mundo das leis, e com enorme impacto para as finanças dos clubes portugueses, o Tribunal das Comunidades Europeias decidiu no caso Diarra (em finais de 2024) que este podia rescindir o contrato quando quisesse. Ele e, por jurisprudência, qualquer outro jogador? É o adeus à clausula de rescisão? Mais, as restrições que a FIFA tinha imposto à inscrição do jogador noutro clube foram consideradas com uma violação às leis da concorrência da União Europeia e à liberdade de trabalhar. Depois de anos antes ter decidido no caso Bosman que a venda do passe dos jogadores era ilegal, os tribunais voltam a impactar fortemente o futebol. Veremos o que acontece no futuro.
Neste último texto de 2025, o Direito ao Golo vai para Manuel Kape: o lutador luso-angolano venceu o último combate do ano do UFC por KO. E para os árbitros. Sempre criticados, sempre atacados, sempre ameaçados, inúmeras vezes injustamente, os senhores do apito, bem como o VAR, são fundamentais para o espetáculo.
Feliz Natal e excelente Ano Novo para todos.