Está a caminho da Luz o 'unicórnio' que já fez estragos no Dragão e marcou um 'hat-trick' na Liga
Sidny Cabral precisou de meia época para deixar marca no futebol português. A qualidade técnica acima da média e a polivalência do canivete nascido nos Países Baixos e internacional por Cabo Verde são cartão de visita do primeiro reforço de inverno do Benfica.
Sidny Cabral, nascido em Roterdão a 18 de setembro de 2002, até foi formado no Feyenoord e no Twente, classe alta do futebol neerlandês, mas o início da carreira como sénior foi trilhado nos escalões inferiores germânicos. Duas épocas e meia depois de ter representado o Erfurt na quinta e na quarta divisão, seguiu-se o Viktoria Koln, da 3.Liga, para onde se transferiu em janeiro de 2024.
A subida de patamar competitivo apenas potenciou o talento do lateral direito de origem que brilhou a grande altura na época transata com oito contribuições para golo em 32 jogos. Sidny precisou de apenas 16 jogos ao serviço do Estrela da Amadora para igualar tais números, à boleia de uma polivalência invulgar.
Sidny Cabral encabixou que nem uma luva num sistema de três centrais habitualmente utilizado pelos estrelistas. A rapidez e capacidade de aceleração são um autêntico pesadelo para os adversários, que o diga Samuel Dahl, que sofreu para conter a verticalidade do ala, a 16 de agosto.
Cabral assistiu Chernev para a melhor oportunidade do encontro para o Estrela, aos 23' e testou a atenção de Trubin na marcação de um livre direto, aos 55', ambos à boleia do pé esquerdo... o mais fraco. O conforto a jogar com ambos os pés permitem que o internacional cabo-verdiano caia nos dois corredores laterais com a mesma efetividade.
O primeiro golo ao serviço do Estrela não aconteceu diante do futuro clube, mas sim na jornada seguinte, diante do Alverca. Sidny Cabral foi o autor de um golaço inacreditável na marcação de um pontapé livre em zona pouco convidativa ao remate.
O monumento marcado diante dos ribatejanos foi o reflexo de uma capacidade exímia de execução de lances de bola parada, sejam livres, cantos, ou penáltis, que marca... com o pior pé. Sidny Cabral marcou três vezes de pé esquerdo na conversão de castigos máximos, incluindo dois em Rio Maior, num improvável hat-trick diante do Casa Pia (5-3), a 1 de novembro.
A explosão ofensiva contrasta com certas debilidades defensivas, mascaradas pelo apoio dos três centrais estrelistas. O segundo jogador mais utilizado pelo Estrela esta época (1358 minutos), titular em 15 das 16 partidas disputadas, jogou quase sempre como ala direito.
Foi a partir dessa posição que Sidny Cabral assistiu Abraham Marcus para o golo do empate do Estrela da Amadora no Estádio do Dragão, diante do FC Porto (1-3), a 15 de dezembro. O internacional cabo-verdiano, ainda assim, já jogou esta época como ala esquerdo e lateral, em ambos os corredores.
Apesar da polivalência indiscutível, a ocupação do corredor direito potencia as qualidades de um jogador cujo perfil escasseia na Luz: cruzamento eficaz, exploração da profundidade em velocidade e atrevimento ofensivo. Sidny Cabral oferece soluções tanto como extremo, mais veloz do que Aursnes ou Sudakov, como uma alternativa lateral a Dahl ou Amar Dedic.
Tem a palavra José Mourinho, que deve contar a partir de janeiro com um atleta com motor, créditos firmados na marcação de bolas paradas e muito polivalente. As águias chegaram a acordo com o Estrela da Amadora para garantir os serviços de um jogador indiscutível tanto para José Faria, que iniciou a época na Reboleia, como para João Nuno, que o substituiu no final de setembro, por cerca de seis milhões de euros.